CAPÍTULO 01

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"Eu poderia fazer essa merda tipo, todas as noites"

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"Eu poderia fazer essa merda tipo, todas as noites"

The Walls | Chase Atlantic

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Florença, Itália.
2019.

O barulho da porta se abrindo, não me atrapalhava. O que me incomodava mesmo, era o cheiro podre no ar, que vinha de dentro do armário que eu estava abrindo. Havia um animal morto ali, totalmente pleno, mas morto. Sangue se espalhava por todo aquele canto vazio do amario e, ao lado da ave, uma rosa, com vários espinhos. Virei meu rosto, olhando por cima de meu ombro e verificando se ninguém havia adentrado meu quarto. Puxando com calma o bilhete que estava junto a rosa e a pequena ave morta.

"Todos esses meses me matam. Seus lábios estão em meus delírios mais intensos. Seus lábios são como a porra do fruto proibido que Eva comeu para nos dar a liberdade de viver no inferno, rainha do submundo. Costumo me tocar todas as fodidas noites e todos os malditos dias pensando em sua boca e em sua bunda, que meus dedos tocaram tão bem."

Unindo minhas mãos, escutando o barulho do papel entre ambas se amassar. Jogando em seguida aquela carta diretamente na lixeira pequena de ferro, que estava em cima da mesa arredondada que ficava em cima aquele enorme armário. Coloquei uma luva em minha mão esquerda, puxando a ave, junto da rosa. Pelas pétalas, para que eu não me espetasse com todos aqueles malditos espinhos.

Aqueles presentes sempre estiveram na minha vida, desde que eu tinha cerca de quatro anos. As flores, também. No início, sentia medo de suas intenções. Porém, após meu amadurecimento e a chegada dos dezoito anos, algo mudou. Comecei a receber cartas anônimas, acompanhadas de bichos mortos e flores apodrecidas, exalando um doce cheiro de morte. O que antes era apenas uma sombra, se tornou uma presença constante, como se algo sinistro estivesse se aproximando, me observando de longe. A cada nova manhã a tensão aumenta, e a pergunta que se fixava na minha mente era: quem estava por trás de tudo isso?

Não sabia se aquilo tudo era um aviso ou uma ameaça disfarçada. As cartas eram declarações anônimas, nas quais a pessoa por trás delas, afirmava que me observava, tocando-se enquanto contemplava meu rosto. A cada novos presentes, sentia o gelo se espalhar pela espinha. Era como se essa presença estivesse sempre à espreita, em cada canto da escola ou da faculdade, até mesmo em meu trabalho como modelo. Era como um predador camuflado no meio do breu do lado de fora, em ma noite de lua cheia e nevoa. O que eu havia despertado? E quem era realmente essa pessoa que se escondia nas sombras, aguardando o momento certo para se revelar?

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⏰ Última atualização: Oct 14 ⏰

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