Le Destin
Depois de longos pensamentos na madrugada, adormeci e mais um dia começou, levantei-me e fiz minha rotina de toda santa manhã. Fui para cozinha pegar uma xícara com café para despertar um pouco, eu não vivia sem café, era praticamente uma viciada, um dia sem cafeína e eu surtaria. Minha avó estava na janela olhando para o nosso pequeno grande jardim.
- Hey, Dona Maria, tudo bem? - Perguntei dando-lhe um abraço e um beijo na bochecha.
- Estou bem passarinho, acordei indiferente essa manhã - Ela respondeu sorrindo tentando esconder o olhar triste.
- Indiferente?
- Sim, como se eu estivesse perdida, nem bem, nem mal, apenas indiferente.
"Indiferente" era um pseudo nome para "doente". Minha avó tinha 90 anos, apesar de não aparentar a idade, ela já estava bem velhinha, a cada ano e a cada minuto que passava, sua saúde estava desgastando, assim como seu corpo. No final de 2012 ela sofreu um ataque cardíaco, foi tão repentina como dormir, ela estava sentada na cama e eu ao lado dela.
- Passarinho, pegue, por favor, aquela fita vermelha. Ela estava fazendo um embrulho do presente que compramos para sua bisneta. Levantei- me e peguei uma caixinha de madeira, bem pequena onde parecia caber todo tipo de coisa, havia alfinetes, fitas, lenços, medalhões e outras coisas.
- Está aqui, Vó. - sentei- me novamente ao lado dela e entreguei a caixa.
Nesse momento ela pegou a caixa rapidamente e pôs ao lado dela, abaixou a cabeça como se estivesse procurando algo e desmaiou, nunca fiquei tão desesperada na minha vida, fui preenchida pelo pavor em todo meu corpo. A levamos para o hospital e eu soube que nesse dia, eu poderia perdê-la a qualquer momento. Desde então, era como se eu me preparasse para o pior todos os dias.
- Filha? No que está pensando? - minha avó me encarava
- Ah! Nada, apenas lembrando-me de algumas coisas, nada demais - retruquei. - Vó, preciso sair, tenho que resolver algumas coisas essa manhã, okay?
- Oh! Tudo bem...
Dei um beijo em sua testa e saí.
Eu não ia muito longe, na verdade havia um lugar bem perto da minha casa, era como um refúgio. Gostava de ir até lá por que era calmo. Havia um banco em cima dele um pequeno telhadinho de flores, era um bom lugar pra passar o tempo. Eu gostava de passar meu tempo fora de casa e aquele lugar era perfeito. Eu gostava de desenhar, apesar de eu não desenhar bem, não significava que eu ia deixar de fazer, me agradava. Eu havia um pequeno caderno onde eu escrevia o que me vinha à mente, e o enchia de desenhos. Pus meus fones de ouvido e escolhi uma de minhas musicas favoritas, All Yours do Metric.
Enquanto eu passava o tempo, senti alguém aproximar-se de mim, era Sam, ou melhor Samuel, mas para mim, Sam.
- Hey gatinha! - Ele disse sorrindo.
Sam era negro, um pouco mais alto que eu e tinha um sorriso lindo com um piercing no smile, o que o deixava mais charmoso. Era meu vizinho e, apesar de nos conhecemos pouquíssimo, ele já havia um lugar no meu coração.
- Oi lindinho, o que te traz tão cedo da manhã pelas ruas hein? Pensei que o Sir. das Trevas só vagava pela noite - brinquei, e ele riu.
- Às vezes o Sir. das Trevas vai a panificadora.
- É triste, poderia ter uma panificadora 24h né?
- Então! As pessoas não sabem que existem bruxos nessa cidade.
- Ou "pequenas Elfinhas Fadas meio Ciganas" - nós rimos.
Sam era pagão, eu o achava extremamente interessante, nós conversávamos sobre coisas místicas, criaturas mágicas, e outros seres, além de moda, o que tínhamos em comum.
- Então Elfinha, vais para nosso vinho essa noite? - Ele perguntou.
- Claro, quem mais vai? - perguntei.
- Alem de você e eu, apenas Arthur, Gabriel, Vero e Amy.
- Oh sim! Aguardem-me, estou estudando próximo à nossa "pracinha de dor e sofrimento". - Nós rimos.
- Tenho que ir. - ele disse levantando para me abraçar. - O dia está claro demais para um Sir. das Trevas está fora de sua caverna.
- Claro, meu Lorde. - Respondi rindo. - O vejo mais tarde.
Sam foi embora e eu continuei naquele banco, observando as pessoas, era engraçado, eu morava à uns nove anos naquele bairro, mas tudo parecia estranho todos os dias, era como se nove anos fossem horas para eu me acostumar naquele lugar.
Voltei para casa e na volta avistei um cachorro que parecia o meu, pra minha surpresa, era o meu cachorro mesmo.
- Merda! - pensei. - Vou matar o Dave!
Dave era meu irmão mais novo, tinha 12 anos e tinha o costume chato de sair de casa sem trancar o portão.
- Dog! - Gritei. - Vem, garoto!
Dog me avistou e veio até mim.
- Bom garoto. - falei.
Lembro-me quando o encontrei ainda filhote, pêlos brancos, com um olho verde e outro azul. O Dog era uma gracinha, não pensei duas vezes em leva-lo para casa, era vira-lata, um lindo vira-lata. Minha avó pôs o nome de Dog, o incrível é que ela não sabia que "Dog" era "cachorro" em inglês. Mas tudo bem, ele parecia feliz com o nome.
Chegando em casa, levei o Dog até a casinha, quando ouvi uns gritos. Meus vizinhos viviam brigando, era insuportável, o pior era que, o marido da minha vizinha batia nela, e ela não fazia nada. Aquilo me enchia de raiva, como poderia um homem ter coragem de bater em uma mulher? Eu tinha pena dela, não sei se ela tinha medo de denuncia-lo ou algo do tipo, mas como podia aquela pobre mulher viver daquele jeito?
Fui para meu quarto ainda pensando naquilo, pequei meu celular para distrair um pouco e quantas mensagens. Eu não tinha muita paciência para grupos em mensagens, telei mais uma vez e havia uma mensagem de Gustavo.
Gustavo era um amigo que morava em outro estado, talvez uma das amizades mais verdadeiras que eu tinha, contávamos tudo um para o outro, era uma amizade de uns cinco anos, cinco anos e eu nunca nem cheguei a vê-lo pessoalmente, em outras palavras, era uma amizade virtual. Ou melhor, virtualmente verdadeira.
"- Dona Soph parece que vive se esquecendo de mim, não me disse como foi o primeiro dia na faculdade, ou como está sendo o dia, estou anotando tudo no meu caderninho essas suas mancadas mocinha. Estou com saudades!"
Respondi a mensagem dramática de Gus e continuei mexendo no celular, entrei em algumas redes sociais para falar algumas bobagens, adorava principalmente o Twitter, era como um diário online, poderia falar tudo, sem medo de me queimar, afinal, todos se queimavam naquele site.
Já estava anoitecendo e eu tinha que ir pra faculdade, eram seis e meia da noite, e estava acontecendo um lindo pôr-do-sol, nossa, era a melhor parte de sair aquele horário, eu amava observar o sol se pondo, as cores que se fundiam em amarelo e laranja, para o mais tarde num azul marinho e enfim um tom quase cinza.
Cheguei na faculdade para mais um dia, entrei na sala e sentei-me no mesmo lugar, fiquei observado as pessoas, umas já se dando bem, se conhecendo, outras trocando sorrisos, eu já estava vendo as futuras panelinhas se formando ali. A faculdade não era tão diferente do ensino médio, a diferença era que a palavra "faculdade" tornavam as coisas mais "sérias", mas no geral, sempre tinha o brincalhão da turma, ou aquele que sempre queria se sobressair.
As horas foram passando e enfim o intervalo, saí da sala com a esperança de ver alguém conhecido, mas ninguém, nem mesmo a garota do dia anterior. Comprei meu lanche e sentei-me numa mesa quase no centro do salão, olhava as pessoas passeando, umas pareciam zumbis, acho que eram as pessoas dos semestres mais avançados. Havia muito mais gente velha do que nova, e bem, eu só tinha dezessete anos, e só faria dezoito no fim do ano, sem contar da minha cara de quatorze, imagino o que as pessoas pensavam ao meu respeito "O que essa criança está fazendo aqui?" presumo.
Voltei para a sala pra assistir a ultima aula, foi uma aula bem dinâmica, com brincadeiras para nos conhecermos melhor, como eu disse, não era muito diferente da escola. A hora passou tão rápido que quando me dei conta, já havia terminado, recolhi minhas coisas e fui ao encontro de meus amigos na praça que ficava à umas quadras dali.
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Le Destin
LosoweLe Destin é uma história baseada nas visões de Sophia, uma típica adolescente que está prestes a ingressar no mundo adulto. A história é narrada na visão de Sophia, situações que ela observa ao seu redor e o que o maravilhoso destino lhe causa.