Capítulo 1 - Thiago

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Depois de andar 9km sem comer absolutamente nada, todos estavam sedentos de fome e cansaço, nossos corpos exauridos pelo caminhar, mas chegamos ao Distrito Coles, ou podemos chamar de "Um lugar silencioso", as casas todas fechadas, ninguém andando na rua, não se ouvia crianças; andamos vagamente pela pequena vila, chegamos ao que deveria ser o centro, onde se encontrava uma grande catedral e as possíveis lojas todas fechadas, a única coisa que vimos foram alguns gatinhos fuçando lixo. Acredito que Distrito Coles deveria ser conhecido como Distrito Fantasma. Fico no transe analisando aquela pequena vila extremamente suspeita até que Caio pergunta:

—Alguém tem horas?

—Eu não – respondi Larissa.

—Por qual motivo você queria saber as horas Caio? – indago.

— Lembra que tinha uma placa dizendo que passava um ônibus para Passos as 21h? – ele questiona, eu balanço a cabeça positivamente – Então, talvez pudéssemos pegar esse transporte para essa tal cidade – Concordo com a cabeça.

—Tinha uma placa na rua da frente que indicava parada de ônibus, podemos voltar nela e procurar alguma informação – diz o senhor X.

Seguimos em direção a placa, nela informava parada de ônibus com destino a Passos que sairia toda terça e quinta-feira as 21h, e tinha um pequeno relógio de ponteiro que indicava que era quinta-feira; 19h, ou seja, o ônibus para Passos, deveria chegar a qualquer momento. Entretanto, diversas dúvidas surgiam na minha mente, enquanto eles reclamavam sobre estar com fome, resolvi perguntar:

—Vocês já ouviram falar sobre o Distrito Coles e a cidade de Passos? – todos balançaram a cabeça negativamente, então Caio falou:

—Na verdade, Passos, eu me recordo vagamente de visitar com meus pais quanto era criança, eles diziam que era nossa capital da tecnologia, mas eu era criança, não sei ao certo até que ponto pode ser verdade – realmente ele tinha um ponto justo, então continuei:

—Vocês não acharam estranho esse lugar terrivelmente vazio? Vocês acreditam que virá algum ônibus? – todos deram de ombros.

—Na pior das hipóteses podemos roubar esses lugares, comer comida vencida é melhor que o laboratório do SINISTRO – comentou Larissa. Todos tivemos que concordar com ela, afinal, sem tortura física ou mental, já estava ótimo.

—Ficamos esperando? – perguntei.

—Que escolha temos? – indagou senhor X. Andressa dormia calmamente no banco do ponto de ônibus juntamente com a criança que veio conosco que descobri tardiamente que se chamava Melissa.

Sentei na calçada, juntamente com Larissa e Caio que pareciam um casal apaixonado. Então comentei:

—Quanto tempo o namoro? – Eles riram da pergunta e Larissa respondeu:

—Enquanto o tesão durar! – Eu ri, eles riram; nem parecia que estávamos com a barriga comendo nossos pulmões de fome.

—Mudando de assunto, será que não achamos algo para comer? Tipo, resto de padaria, pizzaria ou coisa assim? – perguntei.

—No lugar que a gente se encontra? Eu duvido, mas não custa tentar né? – respondeu Larissa.

—Vocês estão pensando em revirar lixo para comer? Que nojo! – Acrescentou Caio – Eu e Larissa nos olhamos revirando os olhos, acho que ele não percebeu a situação que a gente se encontrava. Então um silêncio de cinco minutos reinou pelo local, até ouvirmos um estrondo, como se fosse uma explosão, seguido de diversos disparos de tiros.

—Que merda foi essa? – Indagou Caio.

— Tiroteio! – respondeu Larissa.

— O que a gente faz? – ele perguntou novamente.

—Corre? – respondi surpreso.

Então os tiros cessaram, e uma sombra virou a esquina, os pelinhos da minha nuca arrepiaram rapidamente indicando que aquilo era uma situação de perigo e que eu devia sair o mais rápido possível daquele local. A sombra vem caminhando em nossa direção em passos lentos, como se contasse vagarosamente cada passo, aos poucos ela ia se aproximando do ponto de ônibus. Todos nós estávamos em alertas, prontos para correr, peguei Melissa no colo, pois não ia deixar a criança para trás. Quanto mais a sombra se aproximava da área iluminada, meus instintos gritavam para eu fugir, a sombra soltou um grunhido, e ficou totalmente visível sobre a luz que iluminava o ponto de ônibus, a imagem era devastadora, um homem de cabelo preto, tinha sido feito de peneira de tantos tiros que atravessaram seu corpo, sua coluna torna e seu maxilar quebrado, indicava que tinha sido brutalmente agredido, sangue escorria por todo lado, mas ele continua a caminhar. Quando seu grunhido quis dizer alguma coisa, já preparei para a corrida; então aquele corpo cai no chão na nossa frente e escuto um alarme muito familiar, do qual sai uma voz:

—Contagem regressiva; 10 – era uma bomba. Nesse momento o folego surgiu no meu corpo, eu corri como se nunca tivesse corrido, somente escutando a explosão e vendo pedaços de coisas voando do meu lado, eu não sabia para onde ir ou que caminho seguir, até que escuto uma voz:

—Por aqui, rápido – Uma mulher vestida de preto, com uma espécie de óculos, uma arma na mão e seus cabelos pretos esvoaçados davam a impressão de uma pessoa elegante e extremamente séria. Apenas segui na direção dela, ela começou correr na frente como se indicasse o caminho, passamos por diversos becos e eu não parei de correr; uma coisa era certa, essa mulher tem um físico poderoso. Então ela parou num lugar sem saído, bateu sobre uma pequena lona, onde tinha uma entrada, ela disse:

—Entrem – eu entrei junto com a Melissa no meu colo, era um abrigo, tinha mais pessoas no local, elas ficaram recuadas conforme a gente entrou, no sentido de considerar a gente pessoas suspeitas, dada a situação, eu compreendo. Me virei e vi todos os outros comigo, sem nenhuma morte dessa vez, que alívio. A moça entrou por último e fechou o abrigo e disse:

—Vocês são loucos, o que vocês estavam fazendo? Por que não estavam no abrigo de vocês? Qual o problema de vocês?

—Abrigo? – perguntei.

— Abrigo? – ela disse com desdém – onde é o abrigo de vocês que eu levo vocês para lá amanhã cedo! – ela respondeu – E cadê a arma de vocês? Vocês queriam morrer? – ela estava totalmente indignada com a situação – Meu nome é Fernanda e vocês são?

— Thiago – respondi – Melissa no meu colo – e cada um disse seu nome.

—Agora forasteiros – Fernando se referiu a gente como forasteiros, onde é o abrigo de vocês?

Eu ia dizer que não tínhamos abrigos e estávamos perdido e precisávamos de informação, mas Caio foi mais rápido e omitiu toda a verdade.

—Somos de Coles – ela riu como se dissesse, óbvio que vocês são de lá.

—Então nobres, o que fizeram para serem expulsos de Coles? – ela perguntou, eu ainda sem entender nada, Caio olhou para mim pedindo súplica, eu apenas disse:

—Sinistro.

—Como sempre essa merda, tinha que ser! Então bem-vindos a nossa tribo de sobrevivência!

—Obrigado – respondi.

—Peguem água e alguns pães velhos e deem para os nossos forasteiros – disse Fernanda – Vocês parecem estar morrendo de fome!

—Agradeço – respondi.



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⏰ Última atualização: Sep 26 ⏰

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