12 - something's gotta give

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Pov Mon

O caminho para a casa de Sam é silencioso. Não costumo dirigir em silêncio, ouço música em todas as ocasiões que consigo. Vivo e respiro música, é como consigo me concentrar. Mas agora... Agora só consigo achar a concentração necessária para chegar ao meu destino com o silêncio. Minha cabeça parece vazia, não consigo acreditar que vou mesmo fazer isso. Não consigo imaginar minha vida sem a presença dessa mulher, não sei o que farei a seguir.

Terminar com Sam é o caminho que eu nunca imaginei tomar, mas sei que é preciso. É o que precisamos. Minha terapeuta não deu opinião alguma sobre isso, apenas disse para seguir meu coração. O problema é que meu coração implora por essa mulher, mas uma parte dele também quer que eu a deixe. E é isso que farei. Farei por nós, por nosso bem estar. Farei por saber que precisamos de mais que essa relação quebrada.

Eu a amo com todas as minhas forças, sei que ela também me ama. Estou seguindo a razão pela primeira vez desde que nos tornamos quebradas. Espero que ela entenda. Espero que não seja uma decisão ruim. Eu só espero que tudo melhore.

Olhar para a entrada dessa casa e tentar não lembrar do que já vivemos nela é difícil. É difícil não pensar em voltar atrás, é difícil não querer largar tudo e simplesmente pular nos braços dela, dizer que a amo e que vou esperar o tempo que for necessário por ela. Mas sei que não aguentaria. Esperar o tempo para ela nos assumir é fácil. Difícil é esperar o tempo em que ela vai levar para largar aquele infeliz, largar os caprichos da avó e viver a própria vida.

Não podemos viver assim. Não podemos viver com medo do que a avó dela pode fazer com nossa relação. Não podemos viver com a sombra de um marido falso nas nossas vidas. Não podemos viver apenas de amor e esquecer que um relacionamento precisa de diálogo. Simplesmente não dá. Posso estar sendo egoísta, me sinto a maior das egoístas, mas não posso voltar. Não posso.

Tocar a campainha e querer fugir antes que ela abra a porta me trava por alguns segundos, mas ao ouvir a porta sendo aberta e olhar em seus olhos cansados me faz perceber que essa é a decisão certa. Sam não parece surpresa ao notar que estou da mesma forma. Perdida e cansada. Da espaço para que eu entre sem dizer nada. Entro devagar, respirando com dificuldade. Ela fecha a porta e ainda não diz nada.

Sabemos que estou aqui para acabar com isso. Parece ter medo de dizer alguma coisa. Eu também estou com medo. Tudo o que sinto agora é medo. Medo de não conseguir seguir com esse plano. Medo de não conseguir sobreviver a isso. Medo. Tento respirar com mais calma para controlar meus batimentos cardíacos. Sinto que meu coração vai pular do peito a qualquer segundo. Me desculpa, meu amor.

– Precisamos conversar. – Minha voz parece decidida. Quase consigo acreditar que estou bem com essa decisão.

– Veio para terminar comigo? – Ela tem um tom tão calmo, mas parece tão quebrada.

Eu me odeio por isso.

– Sim, Sam.

Seus olhos encontram os meus e tudo em mim se quebra mais uma vez. O olhar que antes era tão vivo, tão cheio de amor e carinho, tão quente e feliz, agora me encara com medo e mágoa. Ela se mostra tão quebrada quanto aparenta estar. Eu sinto muito, querida. Sinto tanto.

– Você não pode. – Sam rebate, a voz quase sumindo.

Consigo notar quando seus olhos começam a ficar marejados. Me causa o mesmo. Não queria chorar, mas é impossível não fazer quando ela me olha assim. Quando ela está chorando também. Sei que não é fácil, mas nunca imaginei que seria tão difícil. É tão difícil que dói. E dói tanto, tanto que mal consigo respirar.

Moth To a FlameOnde histórias criam vida. Descubra agora