BRUTO (Guerreiros de Kaizon #5)

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EILEEN

Estou tão emocionada que mal consigo enxergar direito. Desmorono em um monte de lágrimas, sentindo tantas coisas ao mesmo tempo que acho que vou vomitar.

Como Ibalen pôde fazer isso?

Todo esse tempo, pensei que tínhamos uma conexão, que tínhamos algo real, algo que importava, e no final...

No final, eu fui tola. Eu fui aquela garota estúpida e apaixonada que sempre prometi a mim mesma que nunca seria. Eu nunca deixaria um homem me machucar. Eu nunca deixaria um homem me mudar.

Então por que dei a Ibalen a oportunidade de me machucar até o âmago?! Ele me avisou várias vezes que era uma fera, mas eu... eu era convencido. Eu achava que sabia mais do que ele.

E agora estou pagando o preço por isso.

Não acredito, mas ações falam mais alto que palavras. O homem que eu pensava ser meu companheiro fez sua escolha, e agora tenho que viver com isso. Ele roubou o companheiro da minha melhor amiga, e isso eu simplesmente não consigo perdoar.

Um gemido distante me acorda da minha festa de piedade. Febakur ! Corro para o buraco no chão, de onde o guerreiro está saindo, sangrando profusamente.

“Achei que você estivesse morto,” gaguejo enquanto agarro seu braço e o ajudo a sair. “Sinto muito!”

“Está tudo bem”, ele estremece. “Vai precisar de mais do que algumas perfurações para me parar.”

Apesar de suas grandes palavras, Febakur deita-se de costas e respira pesadamente. Sangue escorre de sua armadura, e a visão me revira o estômago.

"Tem certeza?"

“Acho que uma estaca perfurou meu pulmão, mas tenho algumas sobrando. Estúpido. Eu deveria ter percebido que Ibalen estava tramando, mas eu estava com muita raiva, e isso o deixou me controlar. E agora ele se foi.”

Febakur se vira para mim. “ Você está bem, Eileen? Ele te machucou?”

“Estou bem”, minto. Tenho uma ferida emocional grande e aberta, mas não há nada que Febakur possa fazer sobre isso. Ela terá que se curar naturalmente. Talvez em algumas décadas não doa tanto.

“Estávamos todos muito preocupados com você”, ele diz. “Belinda principalmente. Ela se sentiu péssima por deixar você para trás. Ela estava em tanto pânico que se perdeu no caminho para casa, e é por isso que estou aqui tão tarde. Minhas desculpas.”

“Não, eu sou o único que está arrependido. Eu pensei que se Ibalen me conhecesse, ele mudaria de ideia, mas… Eu não sei o que eu estava pensando.”

“Ibalen é um manipulador,” Febakur rosna. “Não se culpe. Usar pessoas é o que ele faz.”

Eu sei que Febakur tem boas intenções, mas suas palavras ainda me irritam do mesmo jeito. Ainda é do meu companheiro que ele está falando!

“Onde estão os outros?”, pergunto. “Surlok, Kerax?”

“Todos nós nos espalhamos para procurar por você”, responde Febakur. “Uma escolha arriscada, mas queríamos encontrá-lo o mais rápido possível.”

“Então não há ninguém de volta na cabana?”

“Só Vuka.”

Febakur se senta ereto. O sangramento parou, para minha surpresa. O guerreiro percebe que estou olhando e puxa sua armadura para o lado para me mostrar que seu ferimento já está se curando. "Nós, Kaizon, somos feitos para a batalha, afinal", ele diz. "Não seríamos muito bons nisso se um único ferimento nos tirasse de ação, certo?"

Os guerreiros alienígenas continuam me surpreendendo. Mesmo quando você acha que sabe tudo sobre eles, algo novo ainda aparece que te lembra o quão estranhos, alienígenas e perigosos esses guerreiros realmente são.

“Devemos voltar para as cabanas”, diz Febakur. “E rezar para os ancestrais para que cheguemos lá a tempo…”

* * *

IBALEN

A cada passo que dou, minha consciência me corrói. Eileen me deu amor. E eu joguei tudo fora.

Mesmo depois de eu ter atraído Febakur para aquela armadilha, mesmo depois de tê-lo deixado lá para morrer, ela ainda estava disposta a me mostrar gentileza.

Gentileza que não mereço.

Eu já provei a ela uma dúzia de vezes que sou um monstro. Por que ela não entende a indireta?! É tudo o que eu sou. Tudo o que sempre se esperava de mim, e então é tudo o que eu tenho sido.

Por que agora seria diferente?

Tenho que esquecê-la.

Antes que a dor me deixe louco.