Capítulo 2

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(Mia)

Finalmente avisto sinal de vida alguns metros em frente na estrada, e respiro aliviada. A gasolina acabou no meio do nada, e só tive tempo de encostar o carro antes dele morrer. Então fiz a única coisa que podia fazer, peguei a minha bolsa, tranquei o carro e segui a pé esperando encontrar um posto. Não tive a sorte de encontrar nada em mais de uma hora de caminhada, mas como uma miragem no deserto, vejo uma construção enorme no fim da estrada.

Quando estou ainda mais próxima, posso ver que o lugar é todo murado, e o portão enorme está aberto com alguns homens conversando e fumando na porta do lugar. Eles vestem coletes de couro e parecem mal encarados, mas na minha atual situação, qualquer ajuda que eu possa achar é bem vinda. Olho para baixo para o meu vestido branco e me encolho por dentro. Eu deveria ter atrasado cinco minutos a minha fuga e trocado de roupa. Não foi o mais inteligente sair com uma única peça de vestuário, ainda mais sendo um vestido de noiva de trinta mil dólares.

Um dos homens me vê primeiro, e ele parece tão chocado por um momento que quero rir. Ele balança a cabeça como se para ter certeza, e quando entende que há mesmo uma mulher vestida de noiva andando sozinha pela estrada, ele cutuca os outros dois caras e aponta para mim. Os três me encaram atônitos até que estou na frente deles.

- Olá! - dou o meu melhor sorriso e espio por cima deles vendo que há um bar atrás dos portões - O bar está aberto?

Ninguém diz nada por alguns segundos, os três em uma mistura de choque e curiosidade. Assim de perto consigo observá-los melhor, e posso ver que os coletes que vestem tem o mesmo desenho bordado. No lado esquerdo do peito de cada um, há um nome e o que parece uma posição de hierarquia. Em dois deles está escrito membro original embaixo dos nomes Little e Horse respectivamente. O terceiro está escrito tesoureiro embaixo do nome Death. Olhando ao redor posso ver inúmeras Harleys estacionadas e agora entendo melhor. É claro que de todos os lugares que eu poderia ter topado, eu fui logo parar em um bar de motoqueiros. Isso é tão a minha cara que tenho que reprimir uma risada.

O maior entre eles, que tem o nome Death bordado no colete, é um loiro bonito, que me olha com claro interesse. Seu sorriso simpático parece sincero e isso me deixa um pouco mais calma. Não é porque eles são motoqueiros que eu preciso ter medo. Tudo bem que o seu nome seja "morte", pode ser só uma metáfora inteligente.

Se eu for pensar bem, nas festas de caridade que eu frequentava com a nata da sociedade, eu devia estar correndo muito mais risco do que aqui. Lá sempre havia suspeitos de crimes horríveis que só não eram presos por terem os bolsos cheios. Aqui eu ainda não conheço ninguém, então não há motivos para desesperar e pensar o pior.

- Está, - ele faz um show me olhando de cima abaixo antes de continuar - mas não sei se vai estar a sua altura.

- Aposto que vai. - sorrio brilhantemente e aponto para o prédio atrás deles - Posso entrar?

Eles se olham e é tudo tão louco que fico com pena dos três. Eles devem estar até com medo de deixar uma louca vestida de noiva, toda suada e desgrenhada passar.

- Está precisando de ajuda, querida? - o homem que parece se chamar Little, e ironicamente é gigante, me pergunta com um sorriso gentil.

- Na verdade, só preciso de algo para beber e descansar um pouco enquanto chamo um reboque para o meu carro. - começo explicando com meias verdades - A gasolina acabou no meio do caminho.

Ele assente, mas não diz nada. Death que continua passando os seus olhos pelo o meu vestido, franze o cenho quando volta a falar.

- Precisa de uma carona para a igreja? - ele pergunta com dúvida genuína.

VINTE E UMOnde histórias criam vida. Descubra agora