Acordou!

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DEPOIS DE DESMAIAR...

Aria acordou com um sobressalto, sentindo a cabeça pesada, como se tivesse passado uma noite inteira de insônia (ou talvez fosse só o fato de ter literalmente desmaiado após descobrir que havia entrado num templo místico... e que um cara estranho já a chamava de idiota).

"Eu morri?" murmurou ela, sem nem abrir os olhos direito.

"Já falei que não!" A mesma voz masculina respondeu, impaciente. "Pelo visto, humanos são mais teimosos do que pensei."

"Humana?!" Ela finalmente abriu os olhos, só para ver um homem à sua frente com um olhar de puro desprezo. Seu cabelo escuro estava puxado para trás, e seus olhos brilhavam com um misto de irritação e... bem, provavelmente raiva pura. "Você fala como se isso fosse algo ruim!"

"Porque é." Lucian murmurou baixinho cruzando os braços e virando de costas, como se a visão de Aria estivesse ferindo sua alma de guardião.

"Ei Ei Ei! Eu ouvi isso!" Aria se levantou, com a mesma atitude defensiva de sempre. "Você acha que pode me insultar só porque é um... seja lá o que você for? Porque claramente você não é normal, ninguém normal me chama de ‘humana’ assim... com tanto... desgosto!

Lucian se virou, um sorriso sarcástico surgindo em seus lábios.

"Se eu sou o anormal, então você, humana, é o erro."

Aria arregalou os olhos, surpresa com a resposta direta e ácida. Ela já estava acostumada a pessoas sendo grossas, mas Lucian parecia ter se especializado nisso, como se fosse parte de sua essência.

"Ah, então você me odeia!" Aria cruzou os braços também, decidida a não baixar a guarda." "Já posso sentir que seremos grandes amigos!"

"Amigos?!" Lucian revirou os olhos, claramente exasperado. "Eu preferiria ser destituído do meu cargo de guardião e jogado ao esquecimento eterno do que ter qualquer ligação com uma humana."

Antes que Aria pudesse responder (provavelmente com algum insulto ou uma nova explosão), uma voz feminina, doce e amável, surgiu por trás de Lucian:

"Ah, ela acordou! Oh, ela é tão adorável, não acha, Lucian?" A mulher, que parecia ter uns 70 anos, sorria calorosamente, sem se importar com o olhar mortal que Lucian lançava para Aria. "Ela é nossa Deusa, afinal."

"Sim, de fato, uma deusa!" A outra serva, com cerca de 60 anos, concordou, ajustando o véu sobre sua cabeça e oferecendo um sorriso ainda mais acolhedor.

"Deusa?" Aria perguntou, confusa, olhando de uma serva para outra. "Eu?! Deusa? Ah, claro, porque essa é a palavra que melhor me define no momento... uma sem-teto e pobre sendo insultada por um cara metido!"

"Que ingrata..." Lucian resmungou, claramente arrependido de cada segundo que passava no mesmo ambiente que Aria.

"Ora, Lucian," a serva mais velha interviu, batendo de leve no braço dele. "Ela acabou de acordar de um susto enorme. Dê um tempo para a nossa deusa se adaptar. Ela não tem culpa de ser... bem... humana."

"É, Lucian, ouça sua vózinha aí!" Aria zombou, achando divertida a ideia de Lucian sendo educado por uma senhorinha. "E, por favor, me chame de Aria. Se é para me insultar, ao menos use meu nome direito."

Lucian fechou os olhos, claramente tentando se controlar.

"A única razão pela qual ainda não a expulsei daqui, Aria," ele disse, cuspindo seu nome com uma frieza impressionante, "é porque o destino decidiu, por algum motivo trágico, que você tem algum papel importante para desempenhar. Caso contrário, eu já teria... Ele parou de falar e apertou o punho. ...não importa."

Aria ergueu uma sobrancelha, claramente interessada.

"Já teria o quê?"

"Nada que você precise saber, chatinha."

Antes que a tensão entre os dois pudesse se intensificar ainda mais, a voz do além que Aria tinha ouvido antes reapareceu, soando incrivelmente frustrada:

"Que recepção!"

"Ela nem sabe ser deusa!" Lucian retrucou. "Ela é só uma... humana!

"Esse cara! Aria cruzou os braços, mas antes que pudesse responder, a voz continuou:

"Aria, por favor, colabore um pouco. Este é um templo sagrado! Você não está aqui para brigar com seu guardião, está aqui para cumprir um propósito maior."

"E que propósito seria esse, exatamente?" Aria perguntou, revirando os olhos. "Além de ser maltratada por esse... ser que se acha superior a todos."

"Ah, nossa jovem deusa," a serva mais velha riu, seus olhos brilhando com uma sabedoria tranquila. "Com o tempo, você vai entender. Agora, por que não descansa um pouco? Ainda temos muito o que explicar."

Lucian bufou e começou a se afastar, deixando claro que preferia estar em qualquer outro lugar. Aria, por sua vez, olhou ao redor, confusa e irritada.

"Ótimo. Eu definitivamente fiz algo de errado em outra vida para merecer isso."

E assim, ali, no Templo da Passagem da Vida, começava a jornada de Aria – que de deusa não tinha nada, e do tal guardião não queria saber nem a pau...

De repente, Deusa! Onde histórias criam vida. Descubra agora