Depois da árdua sessão de treino, Aria estava exausta, tanto física quanto mentalmente. Sentada na beirada da cama de seu quarto, ela suspirou pesadamente, observando as paredes imponentes do templo. Tudo aquilo parecia tão distante de sua vida anterior. Ela esfregou o rosto, tentando conter as lágrimas, mas a saudade de sua antiga vida começava a pesar cada vez mais.
Enquanto isso, as servas conversavam discretamente com Lucian no Hall do templo, preocupadas com o estado emocional de Aria.
"Você precisa ser mais paciente com ela, Lucian," uma delas disse suavemente.
"Ela é uma deusa agora, não uma criança," ele retrucou, com a impaciência típica, cruzando os braços e olhando de soslaio para a porta do quarto.
"Ela está confusa, foi arrancada de sua vida sem aviso. Ela pode ser quem é agora, mas ainda é uma jovem com medo."
Lucian bufou, mas, no fundo, sabia que a serva tinha razão. Ele não era insensível, só que lidava com suas emoções de forma diferente. E Aria... bom, ela era complicada. Muito complicada.
De repente, o som abafado de um choro o fez virar a cabeça. A deusa que ele deveria proteger e guiar estava encolhida, com lágrimas escorrendo pelo rosto, perdida em sua solidão.
"Por que estou aqui? Só queria estar me divertindo, vivendo minha vida, indo à faculdade, saindo com os meus amigos..." A voz de Aria estava entrecortada pelo choro. "Não tenho mais ninguém. Minha vida acabou!"
Lucian ficou em silêncio, e então algo clicou em sua mente. Ele nunca havia perguntado nada sobre o passado de Aria. A verdade era que ela não tinha família. Nenhum lar para onde voltar. E agora, além disso, ela nem tinha mais uma faculdade, sua única esperança de uma vida estável no mundo humano. Ele se aproximou das servas e sussurrou:
"Ela não tem ninguém?"
As servas balançaram a cabeça. "Ela não tem família. Está completamente sozinha."
Lucian franziu o cenho, incomodado com a descoberta. Ele sempre foi direto e indiferente, mas algo na fragilidade de Aria mexeu com ele. Contra seu instinto, ele decidiu tomar uma atitude.
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No quarto, as servas tentavam acalmar Aria. "Você vai se ajustar, jovenzinha. Sua nova vida é muito mais do que imagina."
"Não me importo!" Aria soluçou. "Só queria voltar para minha vida normal, minha casa, minha faculdade..."
As servas trocaram olhares confusos e uma delas, finalmente, perguntou: "O que é... faculdade?"
Aria deu um riso melancólico entre as lágrimas, como se fosse ridículo explicar algo tão óbvio. "É onde você estuda, faz um curso para ter uma profissão. Para conseguir um emprego, ganhar dinheiro, sabe?"
Lucian, que estava ouvindo da porta, cruzou os braços e arqueou uma sobrancelha. "Dinheiro? Isso realmente importa? No seu mundo, talvez. Mas aqui, o papel que você assume é um trabalho muito mais importante do que qualquer coisa que você fazia na... 'faculdade'."
Aria se levantou de súbito, ainda com os olhos inchados de chorar. "Ah, claro, agora sou uma deusa, me esqueci! E o que isso significa para mim? Que perdi tudo o que eu conhecia? Me poupe!" Ela começou a andar pelo quarto, frustrada. "Eu só quero... um pouco de normalidade, sabe?" "E QUE VOCÊS PAREM DE FICAR ATRÁS DE MIM!!" "JÁ SOU BEM GRANDINHA PRA FICAR SENDO MONITORADA O DIA TODO!"
Lucian respirou fundo, relutante, mas algo o incomodava ao ver Aria tão abatida, estressada e nervosa. "Escuta, eu não sou bom em lidar com emoções humanas, mas talvez você precise de um tempo para se ajustar. Vamos ver o que podemos fazer para te ajudar."
Aria olhou para ele com surpresa. Lucian? Tentando ajudar? Isso era novo.
"Vamos sair por um tempo. Respire um pouco de ar fresco. Talvez você se sinta melhor," ele disse, revirando os olhos como se não quisesse admitir que estava tentando ser... gentil.
Aria enxugou as lágrimas, ainda desconfiada, mas assentiu. "Tá bom, eu... aceito. Melhor do que ficar trancada aqui."
Lucian olhou para as servas, que acenaram com um sorriso, felizes que ele estava, aos poucos, cedendo...
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De repente, Deusa!
RomanceUma jovem descobre que é a reencarnação de uma antiga deusa, e um guardião do templo que inicialmente a detesta deve protegê-la de inimigos que querem capturá-la. No início, ele a vê como uma ameaça à sua vida tranquila, mas à medida que eles enfren...