1 - Trem bala.

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Kauê Viturino

'Cê é louco, esse troço mudou mesmo.
Antes era horrível, hoje é terrível.

Brincadeiras á parte, eu sinceramente espero todo final de semana pra isso.

Pro dia da pista de moto.

Mesmo Mauricinho brigando comigo toda vez que eu vou, já que é proibida, mas isso não muda nada não é?

Pista é pista.

Desde criança sempre tive um fascino por automobilismo, especialmente, motos.

Agora 'tô eu aqui.

Esperando todos se prepararem e eu ir logo matar geral na pista.

Ué, maluco. Tem um cara novo na pista? Nos meus dois anos correndo aqui, nunca vi esse cara.

Meus olhos batem para a moto dele, que minha Nossa Senhora.

Aquele moto é linda pra cacete! Aí papai, tô apaixonado!

Eita, já 'tá dando a hora de colocar minha moto na marca.

Subo encima dela e coloco meu capacete, o pai é radical mas tem cuidados, tá ligado? É a essência do bagulho.

Olho para o lado e vejo o novato da pista.

Porra, tomara que ele seja bom. Não aguento mais pirralho que não sabe de nada.

- Três, dois, um e comecem!

Automaticamente ouço sons de moto, aquele ronco que me faz sentir vivo.

Aquele barulho que me salvou um dia.

A pista, como sempre, muito difícil. Mas não para mim.

Eu ultrapasso todos.

- Nosso piloto mestre, Viturino, ultrapassa todos no mesmo instante! - eu amo isso.

O som de todos me amando.

Aplausos.

Eu vivo pelos aplausos, pela sensação de se sentir viv..

Am?

Como ele me ultrapassou? Ele tava atrás agora pouco.. que..

Engulo seco.

É isso.

É isso que me faz sentir vivo.

Competição!

Dou um sorriso largo, agora, ignorando todos os gritos das pessoas.

Eu agora tenho apenas um objetivo.

Ultrapassar ele.

Troco de marcha, aperto meu pé.

Ele tá na minha frente, eu só preciso fazer ele perder a manobra.

AnastomoseOnde histórias criam vida. Descubra agora