Capítulo 3: Nem tudo é o que pensamos ser.
Yoongi acordou com uma sensação inquieta no peito. O pedido do novo padre ainda ecoava em sua cabeça: mostrar-lhe o convento. Não era uma tarefa difícil, mas algo no jeito que o padre Jeon o olhou durante a missa o deixou desconfortável, com uma mistura esquisita no peito. Yoongi balançou a cabeça, afastando os pensamentos. Levantou-se e vestiu suas roupas simples de manga longa e calça comprida.
Na hora combinada, ele foi até o pátio principal, onde Jeongguk já o esperava. O sol da manhã iluminava o rosto sério do padre, que parecia alheio à beleza do local, vestido com sua batina impecável, todos os 33 botões alinhados. Yoongi se aproximou devagar, evitando contato visual direto.
— Bom dia, Padre Jeon — Yoongi murmurou, inclinando levemente a cabeça em cumprimento.
— Bom dia, Yoongi — respondeu Jeongguk, com um sorriso discreto.
— Vamos começar com a capela! — disse, indo na frente, mantendo uma certa distância "segura".
Yoongi explicou a rotina das missas e a importância dos vitrais que adornavam o lugar. Jeongguk o seguiu em silêncio; mesmo já tendo consciência de todas as histórias que contava, ele gostava de ouvir Min falar, ocasionalmente murmurando algo de aprovação para não parecer tão sério.
— A capela é o coração do convento — Yoongi explicou, os olhos percorrendo o altar. — Passamos a maior parte do tempo aqui, em oração.
Jeongguk olhou em volta, absorvendo cada detalhe.
— E você, Yoongi? Passa muito tempo em oração?
A pergunta o pegou de surpresa, mas Yoongi não hesitou.
— Sim, Padre. É o que fazemos aqui — ele respondeu, mantendo a voz neutra.
Jeongguk fez uma pausa antes de perguntar:
— E isso o conforta?
Yoongi sentiu um leve desconforto, mas não soube exatamente por quê.
— É o que fui ensinado a fazer... — ele respondeu com certo desgosto, desviando o olhar para os vitrais coloridos que deixavam a luz entrar em padrões complexos no chão.
Depois de um momento, seguiram para a biblioteca. Yoongi falou brevemente sobre os livros que tinham ali, mas seu tom de voz era automático, enquanto sua mente vagueava. Ele sentia uma leve tensão sempre que Jeongguk se aproximava demais, mas não conseguia identificar o porquê. Ele se culpava por essa sensação — afinal, era apenas um padre, nada mais. E, mais importante, não era aquele Jeongguk.
Enquanto mostrava os jardins, Yoongi sentiu a necessidade de manter uma distância física maior entre eles, mesmo sem entender o motivo. Talvez, de tantas vezes que Filipe o tocou, seu corpo agia automaticamente para sua defesa.
— Você conhece este lugar muito bem — Jeongguk comentou casualmente, os olhos fixos em Yoongi.
— Vivo aqui desde os 10 anos — Yoongi respondeu, sem perceber a leve amargura que escapou em sua voz. Ele se apressou em continuar a explicação. — Aqui é onde trabalhamos nas hortas. As irmãs são responsáveis por quase tudo o que comemos.
Jeongguk parou de andar, observando o jardim.
— Parece solitário. Não há muitas pessoas aqui, apenas as freiras.
Yoongi deu de ombros, tentando parecer indiferente.
— Acostumei-me com a solidão. Depois de um tempo, ela se torna confortável.
Jeongguk permaneceu em silêncio por um momento, e Yoongi começou a caminhar novamente, sentindo o peso do olhar do padre em suas costas.
Ao final do passeio, quando se aproximavam do prédio principal novamente, Jeongguk parou de repente e chamou por Yoongi.
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Death Angels | YK
FanfictionApós ser abandonado pela mãe em um convento por uma paixão proibida, Min Yoongi se vê preso em uma vida que não escolheu, treinado para ser padre sob os olhares severos das freiras. Mas o que ele não sabe é que Jeon Jeongguk, seu primeiro amor, nunc...