Cap.3- Caminhos Cruzados

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Seras, a Deusa da Morte, era uma entidade que caminhava entre os limites do mundo dos vivos e dos mortos, seu poder profundo e enigmático envolvia tudo ao seu redor em um manto de incerteza. Ela tinha uma presença perigosa, irresistível, como uma tempestade silenciosa que se aproxima sem aviso, trazendo uma calmaria enganosa antes da destruição. Era uma figura solitária, não porque o queria, mas porque ninguém ousava se aproximar dela. Havia um medo instintivo em todos que a encontravam - como se o simples fato de respirar o mesmo ar que ela significasse atrair a atenção da própria morte.

Sua figura exalava mistério. Vestida com mantos que pareciam ser tecidos das próprias sombras, Seras flutuava entre a névoa, sua silhueta indistinta se moldando à escuridão. Seus olhos, de um tom profundo e brilhante, eram impossíveis de ignorar, eram inebriantes, esses olhos escondiam intenções que ninguém poderia prever.

A voz dela, sedutora e controlada, carregava uma sensação de perigo velado. Era uma mistura de doçura e ameaça, como mel misturado com veneno. Ela tinha o poder de enredar os outros em seus jogos, manipulando as situações ao seu favor com um sorriso provocador. Nada em Seras era previsível, e tudo nela sugeria que confiar poderia ser o maior erro que alguém poderia cometer.

Enquanto Eiralyn caía lentamente em transe, a deusa se aproximou com suavidade, quase como se fosse pegar uma pétala de uma rosa. No entanto, por trás de cada gesto gentil, havia um propósito oculto. Seras não era alguém que oferecia consolo sem um motivo. Ela deixava rastros de dúvidas e perguntas, e, ao mesmo tempo que parecia ajudar, havia sempre a sensação de que seus interesses iam além do que estava à superfície.

- Descansa, minha querida rainha, - Seras murmurou, sua voz acariciando o ar ao redor de Eiralyn. - Seus pensamentos estão tão agitados. O mundo pesa sobre seus ombros, não é? Mas lembre-se, o peso pode ser compartilhado... se você souber onde procurar.

Seras sabia o impacto de suas palavras. Não era um conselho gratuito. Cada sílaba que ela pronunciava era uma teia cuidadosamente tecida, deixando a mente de Eiralyn presa em um labirinto de suposições e questionamentos.

Era considerada perigosa porque seus motivos nunca eram claros, e qualquer aliança com ela tinha um preço. Um preço que muitos pagariam sem perceber... até que fosse tarde demais. Ela era uma força antiga, tecida no âmago das sombras, um ser que não seguia as regras dos mortais.

- Mestra? - chamou Aurora, com sua pelagem prateada brilhando como as estrelas no céu. Suas orelhas longas e pontiagudas estavam eretas, captando sinais invisíveis no ar. - Ainda não saíram de lá.

Seras suspirou com um ar divertido, seus olhos negros refletindo uma luz fria, quase zombeteira. - Humm... quando será que vão sair? - murmurou pensativa, os dedos deslizando pelos pelos de Aurora. - Não sei até quando consigo deixá-la assim.

Ocaso, sempre inquieto, saltou levemente para os ombros de Seras, sua pelagem escura se misturando perfeitamente com o manto da deusa. Seus olhos, que constantemente mudavam de cor, brilharam em um tom escarlate. - Mas ela caiu tão rápido! - exclamou, sua voz cheia de surpresa e admiração.

- Ela é poderosa também, Ocaso, - respondeu Seras, sua voz agora suave, quase um sussurro. - Só está... confusa. Ela observava Eiralyn, que ainda dormia sob o feitiço, uma figura de realeza, mas, naquele momento, completamente vulnerável.

Então, um som delicado, como o tinir de sinos distantes, emanou de Aurora, suas longas orelhas captando algo além do ordinário. - Mestra, sinto uma presença mágica... Será que estão movimentando a barreira?

Seras observava com um sorriso enigmático enquanto seus dois pequenos companheiros, Ocaso e Aurora, se agitavam ao seu redor. Com um gesto quase imperceptível, Seras se inclinou, pegando uma das mãos de Eiralyn com delicadeza. A rainha parecia dormir tranquila... ou pelo menos era isso que parecia.

Para Sempre Até O Fim: A Aliança Das SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora