Epílogo

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  Já passava das três horas da manhã quando meu celular tocou. Com certa dificuldade pelo brilho repentino da tela li o contato que me perturbava aquelas horas: "Srta. Kang". Respirei fundo, olhei ao outro lado da cama apenas para confirmar que ele estava vazio, In-soo não havia voltado para casa, novamente. Atendi a chamada que ainda vibrava em minha mão.


   — Sim, Senhorita Kang? Aconte- – minha frase foi cortada por um bocejo – ceu algo? – um suspiro pesado foi escutado do outro lado da linha.


    — Senhor Kim, sinto muito incomodar o senhor nessa hora da madrugada, mas o Senhor Lim está aqui passando mal na after party da empresa. O senhor poderia vir buscá-lo por favor? – a voz da mulher parecia frustrada, não era algo incomum ela ter que me ligar para buscá-lo, principalmente pelo vício em whisky, mas era a terceira vez apenas naquele mês que aquela ligação se repetia.


    Suspirei pesado enquanto massageava a ponte de meu nariz, levantei-me da enorme cama de casal lentamente. Eu me perguntava em como tudo aquilo havia acabado daquele jeito e a minha memória batia em meu subconsciente com força.


   A casa dos meus pais estava em festa. Uma das grandes festas de papai. Eu tinha apenas quinze anos e estava preso em um smoking ridículo, mamãe vinha hora ou outra mandar que eu sorrisse e arrumasse a minha postura, enquanto apertava um ponto específico da minha coluna que me fazia dar um pulinho todas as vezes. Até que meus olhos caíram em uma família que entrava pela grande porta de entrada. 

  O Senhor Lim, sempre imponente e de semblante sério, mas mesmo que os cabelos grisalhos entregasse a sua verdadeira idade, ele ainda tinha uma beleza juvenil e o sorriso brilhante para cumprimentar meu pai dava mais clareza a aquilo, seu porte era forte e ele era bem mais alto que meu pai. Senhora Park, a esposa do Senhor Lim, por sua vez era uma mulher pequena e delicada, seu rosto conseguia ser mais jovial que o do marido, sem uma ruga se quer ou um fio branco se transparecendo nos longos cabelos negros, o vestido em um tom tiffany extremamente clarinho que caia como uma luva nela. E entre o casal estava ele, Lim In-soo, ele era quatro anos mais velho que eu, mas mesmo assim eu tinha um enorme penhasco por ele. 

  Claro que eu sabia que ele era hétero, a cidade inteira sabia, mas isso não me impedia de observar, certo? Vi minha mãe se aproximar de meu pai que cumprimentava a família Lim e uma mão pesada bater em meu ombro.


   — Fecha a boca, Jin. Vai acabar babando na frente de todo mundo pelo cara mais hetero de Seul – a voz de Taehyung ecoou por meus ouvidos enquanto eu virava para olhar ele.


  Taehyung era meu primo, filho da irmã de mamãe, nós temos praticamente a mesma idade, na época ele tinha feito seus quinze anos apenas um mês antes daquele evento, mas eles não eram... Sabe? Igual a nós, com bastante dinheiro e tudo mais, mas mamãe fazia questão de convidar eles sempre e para tudo, mesmo que o papai não gostasse muito.


   — Não enche, Taehyung. Me surpreende o papai deixar você vir depois do que você fez no natal. – provoquei revirando os olhos para ele, cruzei meus braços em frente ao corpo – Você vomitou no deck da piscina inteiro porque achou que era legal invadir a adega e beber igual um cachaceiro.


   Taehyung riu alto, dando tapinhas em meu ombro enquanto chamava a atenção de alguns sócios de papai que estavam por perto de nós.

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