A Guardiã

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Esse conto foi escrito pela autora Jolie_e10.

No coração da Amazônia, existia uma floresta sagrada chamada Eldarwyn, onde se erguia a majestosa Árvore Tatuí, venerada por sua magia vital. Ao seu redor, um templo de pedra e musgo se entrelaçava com a natureza, formando um santuário para todos os seres que habitavam a floresta. Animais e espíritos dançavam em harmonia, protegendo o que restava da vida no planeta.

Jude, a guardiã da Árvore Tatuí, era uma elfa de beleza singular. Seus longos cabelos castanhos, salpicados de mechas verdes, refletiam as cores vibrantes da mata. Seus olhos lilás brilhavam com sabedoria ancestral, e sua pele negra reluzia sob os raios do sol que filtravam pelas folhas. Jude era a voz da floresta, o elo entre os seres vivos e a essência da natureza.

Entretanto, a paz de Eldarwyn foi ameaçada por humanos movidos pela ganância, que começaram a devastar a floresta. Armados com machados, serras e máquinas barulhentas, eles invadiram o sagrado domicílio da Tatuí, trazendo consigo a promessa de lucro e destruição. As árvores que por séculos haviam se erguido, testemunhas silenciosas da vida, agora estavam sob ataque.

Os primeiros sinais de invasão chegaram com o estrondo das máquinas, que cortavam e destroçavam tudo em seu caminho. Os animais da floresta, percebendo o perigo, se reuniram em pânico. Os macacos gritaram, alertando os outros, enquanto as aves alçavam voo em nuvens de cores vibrantes, tentando escapar do horror que se aproximava. Os seres da floresta, em sua pureza, não compreendiam a sede de destruição dos humanos. Em um esforço desesperado, tentaram resistir.

Os jaguares, com seus olhos penetrantes, se aproximaram das máquinas, buscando deter os invasores. Mas suas garras, mesmo afiadas, eram impotentes contra a tecnologia brutal que avançava sem compaixão. Os cervos, com suas patas leves, tentavam criar barreiras, mas eram rapidamente empurrados para longe, como folhas levadas pelo vento. Jude observava a cena com o coração partido, incapaz de agir de forma eficaz.

— Respeitem a vida! — clamava, sua voz carregada de desespero, mas suas palavras eram engolidas pelo barulho ensurdecedor das motosserras.

Conforme as árvores tombavam, um silêncio de luto se instalava. A cada tronco que caía, Jude sentia uma dor profunda, como se parte de si mesma estivesse sendo arrancada. Os seres da floresta, unidos em sua luta, tentavam criar um escudo de magia e resistência. Os espíritos da água se uniram, formando correntes que tentavam bloquear os humanos, enquanto as serpentes, com seu movimento ágil, tentavam desviar as atenções. Mas cada esforço era em vão.

Com a chegada de armas de fogo, a tragédia se intensificou. Os humanos, agora impiedosos, dispararam contra qualquer criatura que ousasse se aproximar. O lamento dos animais ecoava pela floresta, e Jude sentiu sua alma se despedaçar. As feridas abertas nas feras e as quedas dos pássaros tornaram-se um testemunho sombrio da destruição.

Em meio ao caos, Jude percebeu que a Árvore Tatuí começava a murchar, sentindo a dor das suas filhas, as árvores, que tombavam ao redor. A magia da floresta estava sendo drenada, e a conexão entre os seres se tornava cada vez mais tênue. A essência da Tatuí, antes vibrante, parecia se apagar, e a atmosfera da floresta se tornava densa, carregada de tristeza.

Quando a última árvore foi derrubada, um silêncio aterrador tomou conta. Jude, tomada pela fúria e pela tristeza, viu a Árvore Tatuí pender, suas folhas murchando como se chorassem a perda da vida. A dor invadiu seu peito, como se toda a essência da floresta estivesse morrendo com ela. O mundo ao seu redor começava a deteriorar-se, as cores se apagando, os sons se silenciando.

Jude não pôde mais suportar. Em um ato de desespero, ela decidiu que lutaria. Invocou a magia que ainda residia nas raízes da Árvore Tatuí, uma magia que pulsava em seu ser e que se originava da própria natureza. A energia começou a fluir, e o chão sob os pés dos humanos tremeu. Jude, envolta em uma aura radiante, ergueu-se como um símbolo de resistência.

— A natureza não se deixará silenciar! — gritou, sua voz ecoando pela floresta, carregada de poder e tristeza.

As chamas verdes surgiram do solo, cercando os invasores. Jude se tornou uma força da própria natureza, sua vingança não era apenas pela destruição, mas pela vida que havia sido tirada. Enquanto o fogo consumia os humanos, a Tatuí, por um momento, pulsou com um último vestígio de vida, mas também começou a sucumbir. Jude percebeu que sua essência se fundia à da árvore, um sacrifício inevitável.

Quando a última chama se apagou, um silêncio profundo tomou conta. A Tatuí, apesar da dor, pulsou uma nova energia, mas a ferida deixada pela destruição era irreparável. Jude, agora parte da árvore, sentiu a conexão com toda a natureza, mas a dor da perda ecoava dentro dela. Os gritos dos animais caídos e os ecos do sofrimento permaneciam em sua alma, um lamento eterno que a acompanharia em sua nova existência.

Eldarwyn, mesmo em sua devastação, começou a se regenerar lentamente. Contudo, a ausência da Tatuí deixava um vazio insuportável. Jude lamentava o que havia sido destruído, enquanto a memória da floresta sagrada ecoava em cada folha que balançava ao vento. O lamento dos que se foram era uma constante, um lembrete cruel do que a ganância humana havia ceifado. A floresta, embora começasse a se curar, nunca esqueceria os sacrifícios feitos em sua defesa.

Contos da Mata - 04 de Outubro Onde histórias criam vida. Descubra agora