וַיֹּאמֶר אֱלֹהִים נַעֲשֶׂה אָדָם בְּצַלְמֵנוּ כִּדְמוּתֵנוּ וְיִרְדּוּ בִדְגַת הַיָּם וּבְעוֹף הַשָּׁמַיִם וּבַבְּהֵמָה וּבְכָל הָאָרֶץ וּבְכָל הָרֶמֶשׂ הָרֹמֵשׂ עַל הָאָרֶץ׃
בְּרֵאשִׁית א׳:כ״ו♱
Minha infância foi um longo corredor escuro, criado para ser o protagonista solitário de um filme de terror sem fim. Não tinha trilha sonora épica, só o eco dos risos dos meus primos, eles que corriam como pequenos reis em seus reinos particulares, enquanto eu... bem, eu era o figurante azarado que sempre acabava cortado da cena.
Eu era o estranho, o fraco, o "bichinha". Oh, esse era o favorito. Toda vez que ouvia essa palavra, sentia como se a vida estivesse jogando um tomate podre em mim, e eu não tivesse onde me esconder. Nada que eu fizesse parecia bom o suficiente para ganhar o mínimo de consideração, mas, ei, quando você já nasceu na fila errada da aceitação, o que se pode esperar, né?
Essas palavras grudaram em mim como um chiclete no sapato. Não sujavam o corpo, mas faziam uma bagunça danada na alma. Com o tempo, comecei a me perguntar se eles não estavam certos. Talvez eu fosse mesmo defeituoso de fábrica, tipo um brinquedo com uma peça faltando. Seria essa a explicação para eu não conseguir me encaixar? Provavelmente. E cada insulto que vinha só confirmava o diagnóstico: eu era uma aberração.
A adolescência? Ah, essa chegou como um furacão descontrolado, jogando tudo pelos ares. Eu não era mais o menino esquisito à margem, agora eu era um adolescente que carregava anos de humilhação nas costas, como um casaco fora de moda. Se todos me viam como sujo, por que não me jogar de vez na lama?
Foi assim que comecei a explorar meu lado sombrio (ou, como eu gosto de chamar, "saiam-da-frente-filhos-da-puta"). Cada ato de rebeldia era um dedo do meio simbólico para todo mundo que me subestimou. E pecado? Ah, isso virou quase um costume.
Religião? Não, obrigado. Como eu poderia me ajoelhar em um altar quando eu sabia que minha ficha suja já era coisa antiga? Eu tinha certeza que, desde o berço, alguém lá em cima já tinha carimbado problemático na minha testa. Eu sou o que sou, porque é isso aí. A ferrugem sempre esteve aqui, e, sinceramente, eu me acostumei com o gosto metálico.
O despertador tocou, entretanto, eu já estava acordado, encarando o teto e me perguntando se um dia eu descobriria as respostas da vida ou, pelo menos, o paradeiro do meu autocontrole. Levantei como um zumbi que usufruiu de uma ressaca moral e fui direto pro banheiro.
Encarar minha cara amassada no espelho sempre era um mix de "você é uma gay patética" e "Jesus, como você é lindo, Park Jimin".
Na cozinha, meus pais estavam sentados, cercados por uma aura de riqueza que dava um certo enjoo. Meu pai, Park Suho, era a personificação do homem de negócios frio que você vê constantemente em filmes. Nem me olhou, ocupado demais com o jornal que, tenho certeza, não tinha nada de interessante. Minha mãe, Park Chae, estava ajustando seu colar de pérolas, porque, sabe como é, né? Não dá pra lidar com o café da manhã se suas joias não estão perfeitamente alinhadas.
— Jimin, sente-se direito. — disparou ela, sem levantar os olhos.
Sério, mãe? Esse é o maior dos meus problemas agora? pensei, mas apenas forcei um sorriso enquanto devorava meu desjejum.
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En nombre del padre, amén.
FanfictionO internato católico de Saint Michael, isolado entre colinas austeras, era um lugar de regras inflexíveis e expectativas severas. Lá, os jovens eram enviados por pais conservadores, desesperados para os filhos serem "curados" de suas inclinações div...