16). Chapter sixteen

62 11 79
                                    

Sinto falta dos livros de Malik. Sem isso fui obrigado a comprar outros e mesmo assim não parece ter o mesmo gosto de quando eu escolhia algum em sua biblioteca. 

Também sinto falta de Malik. Desde aquele dia no elevador, durmo todas as noites pensando nele, em seus toques, na forma como o meu corpo é capaz de responder ao seu com facilidade. 

Penso em como eu sorria por ele ser meu primeiro pensamento do dia e em como eu mal podia esperar para ouvir sua voz e estar com ele. Recebo algumas migalhas em nossos esbarrões pelo escritório vez e outra. A interação se limita à cumprimentos formais e me sinto vazio. 

Como se supera algo assim? O que quebrou, parece não ter concerto, mesmo Joe e Andy insistindo para que eu volte atrás e prove que ele estava errado, sendo que eu não estava. 

Ok. Eu fui injusto com alguém que demonstrou sentimentos por mim e que foi sincero em relação a isso. Alguém que chegou no meu coração e simplesmente ficou. Eu seria capaz de levar um relacionamento? De passar por cima da minha insegurança só para que esse sentimento não seja despedaçado? Só de imaginar que eu poderia, fico inquieto. 

Ele me aceitaria? 

Não suporto mais lidar com isso. Mesmo tentando seguir, falta alguma coisa, estou em dívida e preciso pagar. 

Aproveitei que Joe saiu com o Kit e resolvi fazer o mesmo, vindo para a praia depois de meu encontro com Andy. Eu estava com ele e a família até agora. Fizeram a noite do sorvete para comemorar a aprovação dele no novo emprego e embora eu não tenha comido muito, consegui me distrair. Estou feliz por Andy. Ele tem algo valioso que eu gostaria de ter. Um lar feliz e inquebrável. Sou feliz com Joe, mas a casa vai se tornar vazia. Estou agarrado nele desde a infância e não sei como vou viver no silêncio. Se Malik estivesse comigo, faríamos companhia um para o outro. 

O reflexo da lua no mar, o barulho das ondas e beleza da noite, são combustível para os meus pensamentos e todos eles me levam a Malik, sempre, a todo momento. Até mesmo o seu cheiro eu penso sentir e fecho meus olhos, permitindo que a água gelada toque meus pés. 

Como eu adoro te abraçar.

Como eu adoro te manter por perto. 

Ninguém além de nós, em nosso lugar puro. 

Parece que a dor não existe quando ele está comigo. 

— Oi. 

Meu coração dispara. 

É a sua voz. 

Ao meu lado aqui está ele, se aproximando. Parece que teve a mesma ideia que eu. Segura seus sapatos, caminhando pela areia até mim como uma divindade, a salvação que mereço. Tão bonito 

— Oi. — respondo, um pouco vacilante. 

Silêncio se faz, enquanto nos olhamos. 

— Passeando?

— Respirando um pouco… E o senhor?

— Também. — ele assente e eu faço o mesmo. 

Mais silêncio. Eu travo. Eu quero falar. Parece que ele também quer, mas nada diz. 

Estamos em um impasse. 

— Eu vou indo.

Droga. 

Diga alguma coisa, Liam!

— Boa noite. — falo, vendo ele abrir a boca. 

Não deixe ele ir! 

— Boa noite. 

Ele volta a caminhar, atravessando a faixa de areia em lentidão e praguejo minha covardia. 

Contrast - Ziam Onde histórias criam vida. Descubra agora