O sol brilhava intensamente naquela manhã de outono, enquanto Clara se preparava para o seu primeiro dia de aula na Escola Municipal de Vila Esperança. Após ter se mudado recentemente para a cidade para viver com a avó, Clara estava ansiosa e um pouco nervosa. A nova casa era aconchegante, cheia de lembranças da avó, mas a ideia de começar em uma escola diferente a deixava inquieta.
Sofia, sua nova amiga que conhecera no bairro, já era uma aluna popular. Com seu jeito extrovertido e sorriso contagiante, ela parecia conhecer todos na escola. Clara admirava a confiança de Sofia e se perguntava como seria possível se encaixar em um lugar onde tudo era tão novo.
“Não se preocupe, Clara! Vai ser incrível! Vou te apresentar para todo mundo,” disse Sofia enquanto caminhavam juntas em direção à escola. O caminho estava repleto de folhas coloridas caindo das árvores, e o cheiro do ar fresco da manhã trazia uma sensação de renovação.
Assim que chegaram ao colégio, Clara sentiu seu coração acelerar. A escola era grande e cheia de cores; havia murais com desenhos vibrantes nas paredes e árvores frondosas ao redor do pátio. Mas mesmo assim, tudo parecia um pouco intimidador para ela.
Ao entrarem na sala de aula, Clara sentou-se ao lado de Sofia. A professora, Dona Rita, era uma mulher gentil com um sorriso acolhedor. Ela deu as boas-vindas aos alunos e pediu que cada um se apresentasse. Quando chegou a vez de Clara, ela engoliu em seco. “Oi, eu sou Clara... eu... eu gosto de desenhar,” disse ela timidamente.
Alguns alunos olharam curiosos; outros sussurraram entre si. Clara sentiu um frio na barriga novamente e desejou que o chão se abrisse para ela desaparecer. Os olhares eram mistos: alguns pareciam interessados, enquanto outros transmitiam indiferença ou até zombaria. Ela lutou contra a vontade de se encolher ali mesmo na cadeira. Mas logo percebeu o sorriso encorajador de Sofia ao seu lado. “E essa é minha melhor amiga! Ela é super talentosa!” exclamou Sofia com entusiasmo.
A aula começou com Dona Rita explicando sobre os projetos do semestre e as atividades que fariam juntos. Clara ficou fascinada ao saber que teriam um projeto sobre arte e cultura local, algo que poderia usar suas habilidades de desenho. As horas passaram rapidamente enquanto os alunos participavam ativamente das discussões.
Durante o intervalo, no entanto, as coisas mudaram um pouco. As crianças se reuniram em pequenos grupos para conversar e brincar. Clara observou Sofia sendo cercada por amigos rindo alto e fazendo planos para o fim de semana. O coração dela apertou ao pensar que talvez nunca conseguisse fazer parte daquele grupo vibrante.
Sentindo-se solitária à sombra de uma árvore no pátio da escola, Clara ficou encarando o chão coberto de folhas secas quando ouviu uma voz familiar. Era Sofia vindo em sua direção com um brilho nos olhos.
“Ei! Vamos desenhar juntas? Eu trouxe meu caderno!” disse Sofia animadamente.
Clara sorriu aliviada e aceitou a proposta. As duas se sentaram no chão sob a árvore e começaram a desenhar juntas, compartilhando ideias sobre mundos mágicos e criaturas fantásticas. À medida que suas canetas dançavam sobre o papel, Clara começou a relaxar e aproveitar aquele momento criativo.
Enquanto desenhavam, alguns alunos começaram a se aproximar curiosos com os rabiscos coloridos no caderno de Clara. “Uau! Você desenha muito bem!” exclamou Lucas, um menino com cabelos castanhos bagunçados.
“Posso tentar?” perguntou Ana, uma menina com tranças fofas e olhos brilhantes.
Clara ficou surpresa com o interesse deles e começou a explicar algumas técnicas simples de desenho. À medida que compartilhava sua paixão pela arte com os novos colegas, sua confiança crescia lentamente. Logo mais crianças foram se juntando ao grupo até que todos estavam envolvidos em uma animada sessão artística sob a árvore.
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uma menina diferente
FanficEm uma pequena cidade onde todos seguem as mesmas regras e rotinas, vive Clara, uma menina autista com um jeito único de ver o mundo. Enquanto seus colegas preferem brincar de esconde-esconde e seguir as modas da escola, Clara se perde em suas própr...