Capitulo 1: O mundo de clara

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Na pequena cidade de Vila Esperança, as manhãs começavam com o mesmo ritual: o sol se erguia lentamente no horizonte, banhando as casas de cores pastéis com uma luz dourada. As crianças saíam de suas casas, ansiosas para brincar no parque, enquanto os adultos se preparavam para mais um dia de trabalho. Mas em meio à rotina previsível, havia uma menina que via o mundo de uma maneira completamente diferente: Clara.

Clara não era como as outras crianças. Enquanto seus colegas se divertiam jogando bola ou pulando corda, ela preferia explorar os mistérios do jardim da avó, onde flores exóticas e insetos coloridos eram seus companheiros de aventura. Com seu cabelo azul vibrante preso em duas tranças e uma camiseta com estampas de estrelas e planetas, Clara era um pequeno universo em si mesma, sempre pronta para viajar por mundos que só ela podia imaginar.

Naquela manhã ensolarada, Clara decidiu que era o dia perfeito para uma nova expedição. Com seu caderno de desenhos na mão e lápis coloridos enfiados em um bolso da calça, ela saiu em busca de inspiração. Cada folha que caía das árvores parecia sussurrar segredos sobre lugares distantes, enquanto a brisa suave acariciava seu rosto. Para Clara, cada som e cada cor eram partes de uma sinfonia que poucos podiam ouvir.

Ao chegar ao parque, Clara observou as crianças brincando e rindo. Ela sentiu um misto de alegria e ansiedade; as risadas soavam como música, mas a agitação ao seu redor era avassaladora. O barulho da bola batendo no chão e os gritos das crianças a deixavam inquieta. Em vez de se juntar a elas, decidiu se sentar em um banco sob uma árvore grande. Ali, rodeada pelo cheiro do gramado fresco e pelo canto dos pássaros, Clara começou a desenhar.

Enquanto traçava linhas suaves no papel, sua mente viajava para um mundo mágico onde as árvores falavam e os animais eram amigos leais. Ela desenhou uma floresta encantada cheia de criaturas fantásticas: fadas dançando sob a luz da lua e dragões voando entre as nuvens. Cada rabisco trazia à tona suas emoções mais profundas – a alegria da liberdade, a tristeza da solidão e a esperança de ser compreendida.

Mas nem todos viam o mundo como Clara. Algumas crianças a olhavam com curiosidade ou até mesmo com desdém; para elas, sua maneira única de ser era estranha. “Por que você não vem brincar conosco?” perguntaram algumas vezes, mas Clara não sabia como responder. Ela queria se juntar a eles, mas as palavras pareciam escapar dela como folhas ao vento.

Nesse dia específico, algo mudou. Uma menina chamada Sofia se aproximou dela. Com cabelo cacheado e olhos brilhantes, Sofia tinha um sorriso acolhedor que fez o coração de Clara acelerar. “O que você está desenhando?” perguntou Sofia com genuíno interesse.

Clara hesitou por um momento; normalmente ela não falava sobre suas criações. Mas ao olhar nos olhos curiosos de Sofia, decidiu compartilhar um pouco do seu mundo. “É uma floresta mágica,” respondeu timidamente. “As árvores falam e os animais têm superpoderes.”

Sofia sentou-se ao lado dela e começou a olhar os desenhos com atenção. “Uau! Isso é incrível! Você pode me ensinar a desenhar assim?” A pergunta pegou Clara de surpresa. Ninguém nunca tinha pedido isso antes.

Com o coração pulsando forte no peito, Clara sorriu pela primeira vez naquela manhã ensolarada. Talvez ser diferente não fosse tão ruim assim; talvez houvesse espaço no mundo para todas as cores do arco-íris.

E assim começou a amizade inesperada entre duas meninas que aprenderiam juntas que ser diferente é uma força poderosa – capaz de iluminar até os dias mais nublados.

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