Perdoe-me, Pai, pois pequei

Capítulo I

Era domingo, e como todo bom domingo, Sasuke se preparava na sacristia. Já estava devidamente vestido com todos os paramentos litúrgicos necessários para a ocasião. Seguiu o ritual de preparação, meditando e fazendo a oração em pedido ao Senhor para que realizasse a missa de forma digna.

Sabia que lá fora os acólitos já organizavam o altar, por isso respirou fundo terminando sua oração com o sinal da cruz. Quando ouviu o entoar da canção de entrada, foi por fim, acompanhado pelos outros para prosseguir com a Ordem da Missa.

Como sempre, a igreja estava cheia, o que o trazia uma boa sensação de plenitude, sentia que conseguia alcançar a todos quando o local estava prosperando daquela forma.

Sasuke se prostrou de frente ao altar onde o livro Sagrada já descansava prontamente em cima do mesmo, com a página estrategicamente aberta no local exato. O silêncio no ambiente era tranquilizador, salvo uma criança ou outra que cochichava algo e era repreendida pela mãe numa tentativa de mantê-lo em silêncio.

O Padre respirou fundo, não era de sorrisos, mas havia uma tranquilidade satisfatória em seu rosto quando iniciou.

- Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.

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Enquanto a oração O Cordeiro de Deus era ouvida por todo o templo sagrado, Sasuke partia a hóstia em duas metades, mergulhando um dos fragmentos no cálice contendo o vinho consagrado. As pessoas já se levantavam e ele colocou em sua língua o outro fragmento da hóstia, bebendo em seguida um gole do líquido do cálice.

Seguiu em direção aos ministros, os entregando o pequeno círculo branco e voltando ao seu lugar, já vendo a fila formada se aproximando.

A maioria ali eram rostos conhecidos, afinal não cresceu em uma metrópole e a população não chegava nem aos cem mil habitantes, portanto naquele domingo pela manhã os que frequentavam a igreja já eram em sua maioria conhecidos por ele.

As senhoras sorriam e os senhores acenavam. Os jovens apenas o cumprimentavam brevemente, salvo de algumas moças que sempre eram extremamente simpáticas.

Após duas moças, observou a senhora morena se aproximar elegantemente com um sorriso no rosto e carinho nos olhos o fazendo sorrir discretamente ao entregá-la a hóstia.

- Amém - ela disse quase em um sussurro, saindo em seguida.

A senhora loira atrás dela o direcionou o mesmo sorriso e ele a cumprimentou com um aceno.

Encerrado o rito da Comunhão, ele fez a última oração calmamente e deu os avisos necessários para a semana que se seguiria, assim abençoando a todos e encerrando enfim a missa.

Após ouvir brevemente o relato de uma senhora que o pedia a benção para a melhora do seu tumor, Sasuke foi novamente até a sacristia, colocando em seu devido lugar o vestuário sagrado.

Respirou fundo sentindo uma breve tensão no pescoço. Havia estudado até depois da meia noite, estava cansado, mas grato por aquele início de domingo. Ajeitou a camisa social preta e se olhou no espelho brevemente percebendo que os cabelos estavam no mesmo lugar que os havia colocado antes de sair de casa, talvez tenha abusado um pouco do gel, mas nem mesmo Mikoto conseguia conter aqueles fios rebeldes desde sua tenra infância.

Pegou a maleta e saiu pela lateral da paróquia. O dia estava deveras fresco, normalmente depois do início da manhã ele já podia sentir os raios solares queimando sua pele clara.

Teria ido até o estacionamento se não fosse impedido pela voz conhecida de sua amada mãe.

- Querido! - ela o chamou alto, se aproximando.