Minha Luz Profana - YinWar

Capítulo 2 - Meeting you 2.0

CINCO ANOS ATRÁS

 A vista de Bangkok era uma das mais lindas que eu tive a chance de ter na minha vida, mesmo já tendo feito várias viagens com meus pais, nada chegaria perto de ver as luzes dos prédios de Bangkok do topo de um prédio abandonado que havia próximo as extremidades da cidade. Aquele era o meu lugar favorito.

"— Você sempre some para algum lugar quando precisa de um tempo, quando irá me mostrar esse lugar, Yin? - Meu melhor amigo me perguntava enquanto nós conversávamos no pátio do colégio em que eu estudava, já que tinha dois anos que ele havia concluído e agora era o meu ano.

— Quem sabe algum dia? - Perguntei em tom brincalhão, com um sorriso largo adornando minha bochecha. Ele sabia que no dia que eu levasse alguém lá, seria me mostrar por completo."

 Eu tinha a certeza comigo mesmo, que ali sempre seria o meu refúgio, o meu local de paz, onde eu puxava o ar com força e sentia ele circular por todo o percurso do meu sistema respiratório, e era satisfatório abrir os olhos em seguida, e eu não conseguia não sorrir diante de cena tão perfeita. As ruas ainda movimentadas por conta do horário. 19h da noite não era motivo para Bangkok dormir, e as luzes que iluminavam os prédios, casas e até mesmo as luzes dos postes, faziam com que a sensação de que havia uma luz em meio a tanta escuridão me preenchesse.

 Quem me olhava por fora, ou até mesmo quem me conhecia, nunca diria que eu sou um romântico nato, e que um dos meus objetivos de vida, era trazer pra conhecer esse lugar a pessoa que eu amaria com toda a minha alma, a pessoa em quem eu colocaria os olhos e teria toda a certeza do mundo que seria o meu império e a minha ruína, a pessoa por quem eu seria louco de amor, e talvez, desejar um amor louco fosse um dos meus tantos defeitos, entretanto, no auge dos meus 17 anos, eu não tinha experimentado nem um terço dessa sensação, todos os meus relacionamentos haviam sido rasos, superficiais. Pode até ser que eu estivesse sendo precipitado, mas, tantas pessoas a minha volta já comentaram sobre terem sentido ao menos o mínimo desse sentimento e eu... bem... eu ainda não senti nada além de atrações e desejos carnais.

 Meu pai era um coronel e era a minha maior inspiração de como amar alguém sem medidas. Ele era respeitado por todos a sua volta, ele sempre estava disposto a fazer tudo para manter o povo a família e o povo a salvo, e o romance dele e da minha mãe começou da forma mais engraçada possível.

"— Eu tive a certeza que sua mãe era o amor da minha vida, no dia em que ela derramou um copo de café gelado na minha cabeça. Fiquei confuso, claro, e só depois descobrimos que ela havia se confundido, e eu não era o alvo certo! - Meu pai falava para mim enquanto eu estava deitado na cama, como sempre, esperando o nosso momento pai e filho do final do dia, para só depois eu ir dormir. — Depois disso, não nos separamos mais!

— O senhor realmente a ama, não é papai? - Perguntei admirado. Mesmo eu sendo uma criança ainda, era algo assim que eu queria para mim.

— A amo como nunca amei ninguém, ursinho! - Ele afirmava com convicção enquanto fazia carinho nos meus cabelos depois de me chamar pelo meu apelido. — Sempre farei qualquer coisa por você e sua mãe! Vocês sempre serão a minha prioridade!

— Um dia, quero ser como você pai! Amar alguém a ponto de fazer qualquer coisa para manter a salvo! - Sorri e meu pai me deu um beijo na testa.

— A pessoa será alguém de sorte! - Então ele apagou a luz e saiu do quarto, e fiquei perdido nos meus sonhos."

 Não me surpreendeu em nada, quando cinco anos após aquele dia, mas precisamente quando eu tinha 15 anos, eu contei a eles que estava gostando de um rapaz, e que eu me sentia feliz em estar com ele, e meus pais me aceitaram, me acolheram, eles sempre foram meu porto seguro, mesmo que aquele rapaz não tivesse sido o amor da minha vida.