Minha Luz Profana - YinWar

Capítulo 16: Profane Legacy

Obs.: Este capítulo tem uma cena de gatilho, o personagem não vê, vê só depois, mas, irei sinalizar a cena específica na hora. Boa leitura. <3

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Aqui em Baan Rai, próximo de onde eu estava hospedado, há um lago incrível que se estende diante dos meus olhos. Apesar do tráfico de drogas que existe por aqui, este lugar tem uma beleza impressionante, com suas vastas plantações espalhadas por toda a região. Infelizmente, a cidade não recebe a atenção que merece, o que a torna mais empobrecida. No entanto, isso parece não afetar a alegria dos moradores, já que os sorrisos em seus rostos são impossíveis de ignorar.

O vento sopra suavemente no meu rosto, trazendo o cheiro doce da água cristalina à minha frente. Inalei profundamente, mas minha cabeça ainda está um turbilhão de pensamentos que não consigo simplesmente esquecer.

Durante toda a minha vida, fui alguém impulsivo, facilmente movido pela raiva. No entanto, crescer com pais que sempre buscaram fazer justiça me fez querer ser alguém melhor. Por inúmeras vezes, optei por resolver as coisas através do diálogo, recorrendo à agressão apenas quando o diálogo não era suficiente.

Os vários jantares e eventos sociais que meus pais frequentaram ao longo dos anos... quem poderia me garantir que eles estavam realmente ajudando as pessoas? O que mais eles estariam escondendo de mim? Eu não fui um filho bom o suficiente para merecer a confiança deles?

Se tivessem me contado desde o início, eu poderia entender suas razões. Mas agora? Já estou perto dos vinte e três anos, sou adulto, minha terapia está caminhando bem... por que continuar escondendo tudo?

Não consigo imaginar minha mãe, a doce e gentil senhora Mei Anan Wong, liderando a máfia, com capangas. Isso não combina com ela. Eu cresci vendo uma máscara? Quem eram, de fato, meus pais? O que é a nossa família?

Minha mãe voltou para o nosso quarto, enquanto eu optei por ficar longe dela agora. Não a odeio, porque em minhas memórias sempre vejo o quanto ela foi incrível para mim, junto com meu pai. Lembro das vezes que sorrimos juntos, das nossas brincadeiras... mas dói, porra, isso dói pra caralho.

Meu rosto está inexpressivo, eu sei disso, porque não quero expressar tudo o que se passa no meu coração e na minha mente, que estão em pedaços. Enfrentar esse caos com frieza é a melhor coisa a fazer. Não posso deixar que minhas emoções me dominem de novo, porque já afundei demais e não posso permitir que algo assim aconteça novamente.

O som dos pássaros é reconfortante, e a água, formando pequenas ondas com o vento, me lembra que, no fundo, eu não estou tão submerso no silêncio. Tirei meus sapatos, e a sensação do contato com a grama verde e macia é relaxante.

Meu mundo, tudo aquilo em que eu acreditava, está arruinado. No entanto, essa é a chance de ver tudo como realmente é, sem mais segredos. Levantei o rosto, fechei os olhos, e os sons ao meu redor se tornaram mais intensos. A concentração realmente aprimora nossos sentidos. Isso é surreal.

Quando uma lágrima teimosa começou a descer pelo meu rosto, ouvi passos se aproximando. Instantaneamente, me ajeitei rapidamente, fechei as mãos em punhos, pronto para me defender. No entanto, fui pego de surpresa ao ver que era a mãe Naree, caminhando calmamente em minha direção, com as mãos atrás do corpo. Sua expressão era serena, o cabelo seco, uma prova de que já fazia horas que eu estava distante.

— Imaginei que estivesse aqui — ela disse com um sorriso fraco, a voz suave. — Foi uma das primeiras coisas que você notou quando chegamos aqui. Lembro até de você dizendo que gostaria que meu palhacinho estivesse aqui para ver a beleza desse lago.