Rebeca chegou 3 minutos atrasada no laboratório, o que a mesma achava que resultaria em brigas, mas ninguém nem ligou. Ela estava lavando os frascos na pia, quando sentiu uma presença atrás.
– Não é assim. – Lucas falou. – Será possível que eu vou ter que te ensinar tudo? – Ele segurou nas minhas mãos e as desceu para mais baixo, suavemente. – Se a pia é desse tamanho, é porque deve ser lavado os frascos mais para baixo, para qualquer risco de infecção ou irritação na sua pele, isso é o básico. – Falou como se estivesse falando com uma criança.
– Eu estou só passando água para tirar resíduos, nenhum está sujo, Senhor.
– Mesmo assim, não se pode acostumar a fazer as coisas erradas mesmo que seja indiretamente. – Ele cruzou os braços. – Tá com fome?
– Não, nem tanto. – Ela está se perguntando porque que ele fez aquela pergunta.
– Não gosta da comida daqui? Já vai fazer uma semana que está aqui e nunca provou o café da manhã do prédio do laboratório. – A sua expressão era um pouco confusa.
– Café da manhã? Que café da manhã?
– O café da manhã é servido todos os dias às 7. – Novamente, o mesmo falou como se estivesse falando com uma criança, aquilo irritava tanto a ela. – Você não sabia?
– Bem, eu sabia, mas prefiro comer em casa. – Ela realmente preferia comer em casa, mas não tinha ideia daquilo. – Pode me passar o frasco achatado? Por favor.
Eles passaram o dia inteiro fazendo os malditos testes laboratoriais. Rebeca estava cansada e Lucas tentava não demonstrar seu cansaço.
– O que é isso? – Ele disse, arqueando a sobrancelha enquanto via a marcação de um anel no meu dedo anelar direito por baixo da luva.
– O meu anel de noivado. – Digo, observando.
– Qual é o material? – Ele disse, colocando as mãos nos bolsos do jaleco preto.
– Ouro branco e pontos de diamante.
– Não pode usar nada de aqui. Quantas vezes vou ter que te falar isso, Rebeca? Estou cansado de ter que lhe dizer as normas daqui. Você sabe e mesmo assim esquece das coisas. – Passou a mão pelos cabelos pretos e suspirou.
– Desculpe, achei que não fosse relevante. – Disse, com a voz baixa e ele se encostou na pia ao lado de Rebeca.
– Rebeca, eu estou cansado de você. Você não sabe fazer nada? Eu sempre tive uma impressão negativa de estagiários, mas você me faz pensar o pior possível deles agora.
Rebeca pov:
Passei a tarde escutando as reclamações de Lucas, como eu agia, o meu jeito que eu limpava os frascos, que eu fazia testes e tudo mais.
– Tchau, Lucas. – Falei, tentando ser amigável e o encaro.
– Santoro, doutor ou senhor.
Ele me fuzilou com os olhos, como se fosse entrar na minha alma e sugar tudo o que há no meu ser. Os olhos pretos dele, eu nem conseguia distinguir o tamanho das pupilas dele.
– Tchau, 'Santoro', 'doutor' ou 'senhor'.
Peguei minhas coisas e me preparei para sair do laboratório, antes que eu saísse escutei um assobio para chamar alguém, quase um cachorro ou gato sendo chamado.
– Sabe, mesmo que você me trate como um animal, eu não sou um.
– Já ouviu falar no BestSeatls? – Lucas perguntou como se estivesse resolvendo um crime de polícia.
– Nunca ouvi falar.
Não esperei ele falar mais nada, apenas passei por ele apressada e saí do enorme prédio. Indo em direção ao meu carro. Bem, meu carro era aquelas carros normais que a classe média daqui tem. Ele é confortável, novo e limpo.
Cheguei em casa e fui navegar pela internet, mandei mensagens para Carlos, mas ele não respondeu devido ao fuso horário.
"oi amor,
me manda mensagem quando puder.
tô com saudade."Suspirei, fiz minhas tarefas noturnas e fui dormir, assim que deixei meu celular tocou, acordei esperançosa pensando que fosse Carlos, mas era Chloe, minha melhor amiga.
"E aí, esquisita. Rebeca porra, tô morrendo de saudades. Tô aqui com a Bianca, a gente tá comemorando nossos três anos de namoro. Esse final de semana volto pra aí. Ah, tenho uns detalhes pra te contar do domingo passado. Você bebeu muito, Rebeca, puta que pariu."
"Chloe, acredite, eu não quero nem saber o que eu fiz ou falar" Eu ri. "Traga Bianca e vamos beber muita tequila juntas, falar muita merda e ser feliz."
"Mas e aí, amiga, como tá sendo a seca? Rebeca você é muito otária, eu teria terminado. Sabe, homem é tudo igual, só querem comer uma bucetinha molhada, chamar de amor e dizer mentiras. Por isso que eu sou lésbicas, sapatona, sáfica, surubona"
Passamos um tempo conversando, Chloe era muito engraçada, brincava muito a toda hora, ela com certeza melhorava todos os meus maus dias e aprimorava os meus melhores.
Assim que desliguei, vi as mensagens de Carlos.
"Linda, desculpa.
Eu estava com Austin editando umas matérias."Ele me enviou as fotos com o colega de trabalho e de apartamento dele. Me assustei um pouco ao ver eles sem blusa, sentados em uma mesa e trabalhando no apartamento. Eles eram tipo irmãos, trabalham juntos desde o começo da carreira de jornalistas.
Ao fundo eu vi Amerie, a empregada temporária deles, por alguns segundos minha garganta secou de frustração. Uma mulher vendo meu noivo sem camisa? Me convenci que não era nada demais, que era algo normal. Mas pra mim, não era nada normal ver aquilo.
"tudo bem, amor.
me ligue quando puder.
te amo."Respondi e me deitei, Madelyne, minha gata, pulou em cima da minha cama e ficou se enroscando em meus edredons. Assim, dormi com o peito apertado ao ver aquela mulher tão íntima naquele ambiente, tão à vontade e satisfeita.
Será que ela escuta as ligações pervertidas que ele sempre faz? Será que... Será que ela sempre o via daquela forma?
Não, Rebeca. Essa bomba de ciúmes está te adoecendo. Digo pra mim mesma, frustrada, insatisfeita... adormeci bolando entre meus pensamentos, completamente atordoada e exausta emocionalmente.
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Laboratório Farmysth
RomanceRebecca Bittencourt, 'a estagiária diabólica' de farmácia, foi contratada por um laboratório no qual deveria fazer a manipulação de remédios sob a orientação do Dr. Lucas Santoro, ela só não esperava que isso lhe custasse toda a sua sanidade e paciê...