Capítulo I

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A luz suave da manhã invadia se pelas cortinas, lançando as sombras delicadas nas paredes do quarto. O ar estava frio, e a brisa que entrava pela janela trazia consigo o cheiro sutil das árvores. Ao abrir os olhos, a visão dos montes japoneses se notava lá fora, majestosos e envoltos em uma leve neblina que lhes conferia um aspecto etéreo. O quarto, embora compacto, era um refúgio aconchegante. As paredes, tingidas de um tom suave de rosa, estavam decoradas com pequenos quadros que retratavam flores de cerejeira e cenas do cotidiano japonês. Um futon macio se estendia sobre o tatame, coberto por um edredom azul pastel quente, que convidava qualquer um a ficar ali um pouco mais, como se levantar fosse um sacrifício. A luz do sol começava a espreitar, aquecendo lentamente o ambiente. O calor da coberta contrastava com o frio que permeava o ar, um lembrete do inverno que ainda se fazia sentir. Do lado de fora, os picos dos montes de Quioto cobertos de neve brilhavam sob os primeiros raios de sol.

       — Haruno! - A voz feminina fez-se audível pela casa, apesar de ainda ser cedo, precisavam se despachar o mais rápido possível. — Levanta agora, não vá se atrasar!

— 'Tou indo! - A voz fina e rouca, por conta do sono, ecoou pelo quarto e pela brecha que tinha em sua porta. Levantou-se com cuidado, com os pés descalços tocando o tatame frio enquanto ouvia o canto distante dos pássaros e pelo som do vento.

As paredes do corredor eram lisas, de tons claros, brancas, trazendo a sensação de luminosidade, ainda que o corredor seja limitado em largura. O chão, revestido de tatame sintético, emitindo um leve rangido ao toque dos pés. Ao longo do caminho, portas de correr de papel de arroz, separavam discretamente cômodos pequenos, como o banheiro, quarto, e um escritório . O espaço, embora compacto, não parecia sufocante, mas sim otimizado. A ausência de objetos desnecessários, combinada com a organização meticulosa, e quadros de família. Tinham uma estante baixa com pequenos ornamentos e um vaso com flores, trazendo um toque de natureza.

Conforme se aproximava da cozinha, o ar parecia mudar. O cheiro de madeira suave foi substituído pelo aroma de algo sendo preparado recentemente, talvez arroz fresco ou chá verde sendo fervido, não conseguia distinguir pela variedade de aromas que era lhe proporcionado. A passagem para a cozinha era discreta, mas ao mesmo tempo marcante, abria se para um ambiente onde tradição e modernidade se encontravam de alguma forma.

A cozinha era iluminada por luzes embutidas no teto, e o sol filtrava-se pelas janelas da cozinha, iluminando e refletindo as superfícies limpas, lisas e organizadas, de inox e mármore. Armários brancos e sem puxadores deixam o ambiente com um visual mais límpido, enquanto os eletrodomésticos de última geração contrastam suavemente com o ar simples. Há uma ilha central, com utensílios essenciais organizados. O toque perfeccionista de Miyawaki Sakura.

— Bom dia, Sakura-nee-san! - A mais nova, Haruno, se aproximou de sua irmã mais velha, Sakura, que estava virada para o fogão acabando de preparar a última refeição do café da manhã, a abraçando por trás e escondendo seu rosto em suas costas.

— Bom dia, princesa! - Desligando o fogão elétrico, se virou de frente para sua irmã, tendo uma visão fofa, de uma cara que tentava parecer chateada com um bico, mas não passava apenas de algo surpreendentemente fofo, mas olhando com mais atenção apercebeu se que a mais baixa ainda não tinha se vestido, continuava com seu pijama quente com estampa de sapos. — Porque não se vestiu?

— 'Tá frio, nee-san! - Exclamou largando sua irmã e indo em direção aos bancos da ilha central da cozinha. — Não quero ir. — Se sentou, pousando sua cabeça em cima dos braços, que descansavam no mármore da ilha.

— E eu com isso. - Bufou sorrindo enquanto se dirigia com dois pratos, em cada mão, para os juntar ao resto do café da manhã que já havia colocado, na ilha. — Também estou com frio, já me vesti e não estou reclamando, né Haru? — Foi se sentando ao lado de sua irmã.

My Cold Blood - SunghoonOnde histórias criam vida. Descubra agora