Shy Livro 1

Shy Significa Esperança

Todos estão no funeral de Troy. Quando as autoridades chegaram, seu corpo já tinha sido invadido inteiramente pela água. Ele estava morto.

Agora todos da escola e do orfanato estão ali para prestar suas condolências. Isso inclui Tim.

Beatrice chora a morte do namorado, e alguns amigos também.

Dessa vez, Tim não está sorrindo, mas parece que a culpa lhe alcançou.

(...)

Depois, todos estão fazendo seus discursos em memória de Troy, e chega a vez de Tim.

Tim não quer ir até o pódio e falar nada, mas é praticamente empurrado a isso por todos.

Enquanto Tim se prepara, Beatrice o encara com um olhar de dúvida. No fundo, ela sente que Tim o deixou lá para morrer.

Tim está um pouco envergonhado e não sabe muito bem por onde começar.

"Ai ai ai heh! Por onde eu começo? Erm... Bom, eu acho que o Troy era um garoto legal. Eu queria ter tido a chance de me aproximar mais dele. Talvez... Nós pudéssemos ter nos tornado mais amigos ou sei lá. Sabe? Eu... Eu sei que tudo isso está sendo bem difícil de lidar e digerir pra vocês. Ainda mais pra quem tinha bastante convívio com Troy. Mas... Sei lá, erm... Podia ter sido pior. O Troy morreu, mas pelo menos, todo o resto foi salvo! Eeeeee!" – discursa Tim.

Tim não tem noção de suas palavras impróprias, pelo menos para o momento em questão, e permanece olhando para todos com um sorriso plástico de confiança e altruísmo, enquanto todos, incluindo a diretora Riley, só conseguem olhar de volta pra Tim com incredulidade.

Logo, Tim começa a perceber os olhares infelizes voltando-se para ele, mas tenta manter a postura heróica. No fundo, ele está sentindo dor com toda essa situação.

"Eu não entendo! Eu não entendo! Porque porque porque?! Vermes! Vermes malditos! Porque não conseguem simplesmente me agradecer pelo que fiz?! Eu salvei todos vocês! Cada um de vocês! Mas vocês não podem me agradecer, só porque um estúpido de merda morreu?! Eu odeio todos! TODOS!!!" – pensou Tim.

Embora este seja seus pensamentos, Tim continua forçando seu sorriso em seu rosto, mas já é bastante perceptível que ele só está forçando-o, e as pessoas agora só estão ficando assustadas. Seu sorriso tenta se fechar, mas sempre que isso acontece, Tim rapidamente o força a se abrir de novo. Seus olhos expressam seu verdadeiro sentimento de ódio e dor, e lágrimas escorrem dele.

(...)

De volta ao Orfanato, Tim ainda nem tirou sua roupa de luto, e está sentado na cama, refletindo.

"Eu... Eu estraguei tudo... Eu mostrei o que realmente estava sentindo pra eles... Agora todos me odeiam. Meu Deus, ser um Herói é mais difícil do que pensei. Bom, se eles odeiam o herói, isso quer dizer que eles são os vilões..." – pensou Tim.

Nesse momento, um outro órfão adentra o quarto, e Tim o nota.

"Ah, é o Alex, ele é mudo. Mas como ninguém tá nem aí pra língua de sinais, então ele se comunica por texto no celular. Olha só pra cara de sofrimento dele... Só porque alguns se aproveitam da sua condição pra botar o pau na sua boca? Você não sabe o que é sofrer, seu merdinha. Se estivesse na minha pele, aí sim você saberia. Se bem que... Até eu já peguei ele por conta disso. O que eu posso fazer? Ele pede pra que isso aconteça fazendo essa carinha de choro o tempo todo. Dá até pra dizer que ele merece, por ser tão idiota." – pensou Tim.

"Hey Alex, vem cá." – chama Tim.

Alex o ouve e prontamente obedece, sentando-se na cama a frente de Tim.