Maus Presságios

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Seria a fé nos deuses o maior dos poderes entre os homens? Ou apenas outra maldição cruel para nutrir os corações mais tolos...

Há muitos milênios atrás, os deuses abandonaram este mundo com a visão de que ele estaria condenado para sempre, corrompido pela ganância dos homens e envenenado por suas próprias crenças. Com a ascensão da magia e um ritual profano, a humanidade perverteu a ordem natural do mundo e assumiu o controle de seu próprio destino, lançando mão sobre as leis do equilíbrio e dando voz aos males que outrora estiveram adormecidos. Insatisfeitos com o desfecho de sua própria criação, os deuses sangraram sob os ecos do vasto universo e se exilaram em seus reinos particulares, deixando para trás uma praga insaciável e os monstros que chamavam de filhos.

Com tamanha ruptura na ordem do mundo, o dia deu lugar a uma longa noite, com o sol se tornando tão escuro quanto as sombras do abismo e o caos deturpando os últimos resquícios do que um dia foi obra do divino. Assim, a lua se dividiu em duas, revelando as faces ocultas e perturbando o poder que muitos dominavam, permitindo que demônios caminhassem entre os homens e os mortos voltassem à vida uma vez mais. Batizado por aqueles que testemunharam seus horrores como o sol negro, o grande eclipse levou para sempre a paz que um dia pertenceu a humanidade, varrendo deste mundo a sanidade e dando forma aos piores pesadelos enquanto deformava a essência da magia e alterava o que muitos acreditavam conhecer. Dessa forma, linhagens inteiras se viram a mercê da extinção e, aqueles que sobreviveram, jamais recuperaram o que perderam, testemunhando impotentes a magia se esvair de seus corpos e suas almas se tornarem vazias e deformadas, completamente incapazes de sustentar os mais belos sonhos ou os mais profundos sentimentos uma vez que estaria para sempre imersas na escuridão.

Sob o passar dos séculos, a história aos poucos foi sendo modificada e suas verdades se perderam nas linhas do tempo, esquecidas pelos ecos de guerras outrora vividas e pelas maldições que, com o passar dos anos, se tornaram cada vez mais presentes na essência da humanidade. Essas maldições por sua vez, detinham efeitos muito características e por muitas vezes irreversíveis, garantindo que as pessoas morressem ao atingir certa idade, ou se assegurando de que aqueles afligidos por tal anátema encontrassem um destino ainda pior do que morrer; uma vida agonizando em sofrimento, implorando por um fim em sua existência miserável ou pela cura que nunca viria ao seu auxílio, apodrecendo em vida e então perdendo vossa humanidade.

Muitos tentaram superar os males que se abateram sobre este mundo, dando a vida assim a ordens e cultos que buscavam não apenas dominar tal poder, mas encontrar uma solução para ele. Havia no entanto uma ordem que, vinculada à própria morte, desejava restaurar a essência primordial desse mundo e preservar o equilíbrio entre o que foi e o que será, armazenando o conhecimento perdido e preservando as ordens da finalidade. Assim, o continente se expandiu sob os olhares do tempo e da magia, manipulado em segredo por essas seis ordens que, nas sombras, buscariam dominar, salvar ou até reformar este mundo uma vez mais, restaurando o que foi perdido ou corrompendo para sempre o que ainda poderia ser salvo. Abraçando tal corrupção, o Conclave de Hanitýr passou a imperar sob o domínio de artes há muito tempo perdidas, dando vida a outras formas de magia e escrevendo inúmeros outros feitiços que, de uma forma ou de outra, passariam a fazer parte do conhecimento do popular e dos ensinamentos da academia de Elymörh, o que aos poucos levaria a humanidade de volta às trevas que muito conheciam, praticando em segredo as artes do sangue e louvando aqueles já abandonados.

Enquanto Elymörh fora criada sobre os escombros de um velho reino, para ser o maior antro de conhecimento arcano de todo o continente, além da maior e mais preparada academia para se ensinar e aprender todas as vertentes das artes místicas — ainda que algumas delas sejam proibidas, o Conclave de Hanitýr seguiu por outros caminhos. Estabelecido no ano de 943 D.R (Depois da Ruptura) por Cerys Vallock Plumme, o Conclave de Hanitýr foi fundado com o intuito de acolher aqueles que detinham em suas essências o potencial de ir além do que academia de Elymörh desejava ou permitia, cruzando os limites da moralidade e se dispondo a fazer de tudo pelo poder que se julgavam dignos de merecer e manipular. Assim, definidas como ordens mortais e inimigas, os magos da academia se mantêm unânimes no controle do reino de Sifrinnä, enquanto as então intituladas "bruxas", rastejam nos subterrâneos Lethelle e orquestram seus próprios objetivos.

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⏰ Última atualização: Oct 01 ⏰

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