A coroa de sangue

Ecos do Lago: A Verdade Oculta

A serva Victoria, ainda em estado de choque, observava o caos ao redor do lago. A imagem da rainha Helena tentando alcançar o rei era uma cena de partir o coração. A água do lago refletia o desespero de Helena, e Victoria sabia que precisava agir rapidamente. Sentia que algo muito mais profundo estava em jogo, algo que envolvia não apenas a morte de Helena, mas também os segredos que cercavam a corte.

Enquanto a rainha lutava contra as correntes invisíveis do destino, Victoria teve uma ideia. O lago, segundo antigas lendas, era um portal entre os mundos. Se conseguisse quebrar a barreira que mantinha a rainha presa, talvez pudesse ajudar a trazer a verdade à tona. Porém, o tempo estava se esgotando, e a mãe de leite, Amália, tinha suas próprias intenções obscuras.

Amália, observando o desespero ao seu redor, decidiu se passar por boazinha, apresentando-se como a cuidadora que o rei Pedro precisava. Com um sorriso no rosto, aproximou-se dele.

— Meu rei, lamento profundamente sua perda. Estou aqui para ajudá-lo a enfrentar esse momento tão difícil — disse Amália, sua voz suave como seda.

Pedro, confuso e vulnerável, olhou para ela. A dor pela perda de Helena ainda o consumia, mas a presença de Amália oferecia um tipo de conforto que ele não sabia que precisava.

— Eu… não sei o que fazer, Amália. Minha esposa… ela estava aqui, e agora… — sua voz trêmula traiu sua vulnerabilidade.

— Você não está sozinho, Pedro. Juntos, podemos preservar a memória dela e encontrar força para seguir em frente — respondeu Amália, sua intenção escondida sob uma fachada de bondade.

Enquanto isso, no fundo do lago, Helena sentia a frustração crescendo. Cada movimento de sua alma era uma luta contra o desespero que a cercava. Ela queria se comunicar, mas sua essência estava presa, incapaz de atravessar o véu que a separava do mundo.

Victoria, percebendo a influência de Amália sobre o rei, decidiu que precisava de ajuda. Com um olhar determinado, começou a recitar as antigas palavras que seu avô lhe ensinara, na esperança de que elas ajudassem a abrir o portal.

“Águas do destino, ouçam meu clamor,
Liberte a alma que busca o amor.
Que a verdade venha à tona, como o sol ao amanhecer,
Que a rainha retorne, e a justiça possa acontecer.”

As águas do lago começaram a agitar-se, criando ondas que refletiam o desespero de Helena. A rainha, sentindo a presença da serva, lutou com todas as suas forças para emergir, mas suas tentativas eram em vão. Amália, percebendo o que estava acontecendo, interveio.

— Pedro, não se preocupe com isso! — exclamou Amália, agarrando o braço do rei. — Vamos nos afastar desse lugar sombrio. Eu cuidarei de você.

Victoria, mergulhando nas águas, percebeu o truque de Amália. Com determinação, ela começou a procurar por uma maneira de se comunicar com Helena, sentindo que precisava encontrar um aliado para ajudar a rainha.

— Helena! — gritou Victoria para o lago, esperando que a rainha pudesse ouvir. — Estou aqui! Vou encontrar uma maneira de te trazer de volta!

Amália, vendo Victoria em ação, ficou alarmada. Ela não podia permitir que a serva descobrisse seus planos. Com um sorriso disfarçado, ela se virou para Pedro.

— Veja, Pedro, Victoria está apenas agindo por desespero. Não podemos nos deixar levar por ilusões. A verdadeira força está em seguir em frente — disse Amália, tentando desviar a atenção do rei.

Mas Victoria, determinada a ajudar Helena, mergulhou mais fundo, buscando qualquer vestígio da rainha. Ela precisava de um plano, de uma maneira de revelar a verdade sem que Amália pudesse continuar manipulando a situação.

— Helena, eu vou encontrar uma maneira! Você não está sozinha! — prometeu Victoria, enquanto as águas do lago se agitam ao seu redor, refletindo a batalha silenciosa entre a luz e a escuridão.

Amália, sentindo o cerco se fechar, olhou para o lago com preocupação, enquanto a conexão entre Victoria e Helena crescia. O jogo de poder estava apenas começando, e a verdade ainda permanecia oculta sob as águas turbulentas.