Meu lado infernal • Rocent Dead Plate

Capítulo 1 - Em nome do pai, do filho e do... Rody?

|Vincent|

Bla bla bla, e mais um pouco de bla bla bla, palavras vazias saindo da minha boca para falar de Deus, é claro que tudo isso é uma farsa, nada disso é real, não teria o porque de existir um ser onipotente, onipresente e mesmo assim guerras acontecerem e pessoas morrerrem de formas injustas, se Deus sabe que alguém vai sair ruim, porque criar essa pessoa? Eu sei que tem Adão e Eva e bla bla bla, mas porque pagamos o pecado de duas unidades de humanos imbecis? Isso não me parece muita bondade vindo de um Deus tão "carinhoso e protetor".

Deus não existe, e se existe, ele não está sabendo administrar essa merda.

Depois  do sermão, houve um momento em que me despedi de todas as idosas crentes e seus maridos, ao todos irem embora fechei a igreja, esperei que o resto fosse realmente embora e logo em seguida peguei um cigarro, puxando aquela fumaça relaxante, sendo a única coisa que me mantem de pé depois de 5 horas de sermão. Ser um padre renomado tem seus sacrifícios, ninguém percebe quando você é um maldito ateu, então foda-se.

Meus passos ecoam por todo o salão, me fazendo ter uma sensação de poder, eu que era o ser onipotente e onipresente, sabia de todas as traições de marido e mulher da igreja, a gravidez de uma jovem de 15 anos que abortou secretamente dos pais, ou o pai que tem uma forte tendência a ser um pedófilo - só coisa tranquila - todos ali dentro são hipócritas, acreditam que vão para o paraiso apenas por acreditar em um ser místico e rezar pedindo perdão depois de fazer atrocidades inimagináveis.

Não pense que eu odeio o meu trabalho, muito pelo contrário, eu trabalho pouco para ganhar muita confiança e dinheiro, inclusive, eu amo meu trabalho, não ter que me matar de trabalhar para ganhar o básico é maravilhoso.

Fui para os fundos da igreja, bem lá no fundo há uma escadaria que dá diretamente para o porão, como apenas eu tinha acesso a esse local, lá tinham coisas que eu aposto que se qualquer outra pessoa visse, com certeza eu teria que culpar alguém, afinal, o que Deus poderia fazer? Ele não fez nada até agora para acabar com a fome no mundo, porque ele se preocuparia justamente com uma pessoa que mentiu sobre algo tão simples?

Desci degrau por degrau, até que eu chegasse no porão, ao abrir a porta, me deparei com tudo em seu lugar, o círculo feito com o sangue de porco, as velas em volta apagadas, caveiras e o livro que peguei de um dos fiéis que jurou que eu iria jogar uma preciosidade dessa fora depois que pegou seu filho lendo, e que livro era esse?

Apenas um livro dos satanistas dando um tutorial sobre como invocar o próprio tinhoso.

Me interessei desde o momento em que coloquei meus olhos neste livro, era deveras interessante por mais que eu jamais acreditasse que aquilo daria realmente sério, todo o conteúdo parecia ter sido escrito por um adolescente sem noção alguma sobre a história bíblica.

E bem, naquele momento tudo estava pronto para que o ritual acontecesse, eu precisava apenas dizer aquelas palavras na página e em teoria isso deveria funcionar - veja bem que eu falei na teoria.

Peguei o livro, olhei para todo o espaço ao meu redor, tendo a noção do que em alguns segundos eu tiraria a dúvida sincera sobre tudo que acreditam e que duvidam, sendo assim, comecei a dizer aquelas palavras em voz altas, e olhando agora, eu posso dizer que agradeço por estar sozinho naquele momento, porque claramente era uma coisa ridícula.

Entretanto, em questão de milissegundos após eu terminar de dizer aquelas palavras, um buraco perfeitamente feito ao redor do círculo foi aberto, fechei aquele livro na mesma hora apenas para observar a presença de um ser em formato de homem surgindo na minha frente, porém em sua cabeça haviam chifres de bode, os seus olhos eram verdes no estilo esmeralda e o sorriso no seu rosto apenas fez com que o meu também surgisse, assim que o buraco abaixo dele se fechou, o próprio colocou a mão na cintura e me olhou de cima a baixo.