Quando nos conhecemos, não era euEu fui tão insensível, sim, eu estava tão solitárioNa estrada, eu não estava livreE você apareceu, mas não podia me salvarMinha hesitação e meu fôlegoEu te deixei entrar no jardim da minha solidãoQuerendo que você fosse embora antes que tudo queimasseJulia | Lauv
O SINAL DA PRIMEIRA AULA tocou e os corredores do Colégio Saint Marie's se encheram de vozes apressadas, apitos ressoando e conversas aleatórias sobre festas e provas. Deixei meu casaco deslizar pelo braço enquanto ajustava a alça da mochila nos ombros, os olhos sempre à frente. Não havia motivos para me envolver com as conversas que borbulhavam à minha volta, foi por essa mesma razão que montei um círculo de amigos cuidadosamente selecionado para manter qualquer drama a uma distância segura. Um passo calculado, outro mais firme, e lá estava eu, subindo os degraus rumo ao meu armário.
Eu não podia deixar de notar, claro, os olhares que sempre me perfuravam. Alguns eram de inveja, outros de admiração. Não era nada de novo. A fama de Rainha do Gelo sempre me precedia. Era quase engraçado pensar que um simples desinteresse em fofocas e drama adolescente me rendera um título tão exagerado. Mas se me importava? Nem um pouco. Ser uma garota ambiciosa e focada só parecia algo intolerável quando você não estava alinhada com o que todos esperavam de você. Se eles ao menos soubessem que eu só queria ser invisível. Que o passado ainda sussurrava ao meu ouvido, me lembrando dos erros que eu não pretendia repetir.
Já no andar de cima, ouvi os sons dos armários sendo abertos e outros sendo trancados. Havia empurrões, gritos e o zelador gritando para que uns moleques mais novos parassem de correr no corredor.
Sarah, minha melhor amiga e talvez a única pessoa que realmente me conhecia, me esperava ao lado do meu armário. Ela era o completo oposto de mim — extrovertida, sorriso aberto, sempre pronta para a oferecer piscadinhas e retocar o gloss no espelhinho do armário, atraindo a atenção dos jogadores dos times de natação, futebol e basquete. Eu não sabia exatamente como tínhamos nos tornado amigas, mas nossa dinâmica funcionava. Funcionava demais. Ela era a leveza em meio à minha tempestade pessoal. Conhecer Sarah tornou minha vida mais bonita. Eu amava a nossa amizade.
— Martini, você não vai acreditar ! — Sarah pegou minhas mãos quando a encontrei e as apertou. Ela me chamava assim desde que nos conhecemos, pois dizia que era incapaz de deixar a piada de lado. — Jess vai dar uma festa esse fim de semana. Os pais dela viajaram, de novo, e a casa vai estar livríssima.
Ela não esperou meu comentário, é claro. Sarah e seu jeito de falar sem parar era algo que aprendi a amar. Eu só suspirei. Se havia uma coisa que eu tentava evitar, eram festas.
— Essa é a parte onde você perde quinze minutos da sua vida tentando me convencer a ir a uma festa, só para eu negar, outra vez, no final? — Pisquei os olhos inocentemente, como se não soubesse de cor e salteado o repertório de Sarah Hennessy.
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A RAINHA DO GELO.
RomanceA Rainha do Gelo. 𝘔𝘢𝘳𝘵𝘪𝘯𝘢 𝘊𝘢𝘳𝘵𝘦𝘳 é famosa no ensino médio. Seus pais, conhecidos no país inteiro. Suas amigas, famosas de seus próprios jeitos. Agora Martina sonha em vencer sua luta de três anos, mas um encontro inquietante com uma pes...