2. Lar doce lar

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Baby, você não quer voltar para casa?Voltar para a terra da CalifórniaPara o meu doce lar, Chicago

Sweet home Chicago | Eric Clapton

— É APENAS UMA FESTA, MARTINA! — insistiu minha melhor amiga, pela terceira vez ou pela milésima, ao que parecia

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— É APENAS UMA FESTA, MARTINA! — insistiu minha melhor amiga, pela terceira vez ou pela milésima, ao que parecia. — Vamos nos divertir, eu prometo!

Ela tinha um ótimo senso de humor, eu devia admitir, mas essas festas nunca me pareceram atrativas. Sempre víamos as mesmas coisas, víamos os mesmos tipos de pessoas e éramos ignoradas ou admiradas por elas. Sarah Hennesey, no entanto, era uma estrela no Ensino Médio. Ela teria mais de mil histórias fantásticas para contar aos filhos e aos netos, até.

Antes de me mudar para a ciadade, eu também era essa pessoa. Essa estrela. Sempre com sorrisos no rosto, elogios que eu nunca esquecia, garotas e garotos fazendo fila pela minha atenção. Então tudo mudou. Tudo.

Observei Sarah ficar na ponta dos pés quando abriu meu guarda roupa, alcançando uma caixa de tampa verde musgo brilhante, e a puxar para colocá-la em cima da minha cama. Então minha amiga a abriu, tirando de lá um vestido que fez meus olhos se arregalarem e meu queixo cair no chão. Era lindamente prateado, cheio de pregas peroladas e um espaço vazio nas costas, que com certeza meu cabelo cobriria. 

Quando eu me mudei para a cidade, eu não tinha nada além da casa da minha avó. Chicago era tão diferente de Nova York, coisa que eu sempre soube, mas eu não esperava que a mudança fosse tão avassaladora. Oito meses haviam se completado desde que eu estava morando com vovó Dinah. Quando cheguei na porta da casa dela, era noite. Lembrava perfeitamente de sentir um frio que não vinha apenas do vento cortante que atravessava as ruas. Era o silêncio da minha nova vida. As ruas largas e vazias não pareciam acolhedoras como as de Nova York, onde o barulho constante das pessoas e o trânsito me distraíam do caos interno que eu carregava. Lembrava também dos meus fones de ouvido no volume máximo, P!nk me consolando ao dizer que só porque queima, não significa que você vai morrer.

E Chicago parecia ter espaço para crescimento, renascimento, na verdade. Disso eu gostei demais.

Era ali que eu e Sarah estávamos no momento. Podíamos ouvir o tique-taque do relógio ecoando pelos cômodos, e eu me perguntava se algum dia conseguiria me acostumar com aquele ritmo mais lento e com aquele espaço tão grande e vazio em volta de mim. Os móveis de madeira antigos, as peças de crochê decorando a mesa da sala e até ali no meu quarto, que  havia um pequeno cesto de vime forrado com um tecido florido, onde minha avó guardava as toalhas de rosto brancas, sempre macias e cheirosas.

Era o único quarto disponível da casa, então eu precisava dividir com as agulhas de crochê.

— Surpresa! — Sarah abriu um sorriso, jogando o cabelo castanho escuro para trás do ombro, e fiquei fascinada pelo brilho de alegria em seu olhar verde. — O que achou?

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⏰ Última atualização: Oct 03 ⏰

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