Capítulo um: Gata borralheira.

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"Estou pouco me fodendo se gostam de mim , essas pessoas que me odeiam não me conhecem."
-Know me , Chase Atlantic

Alice Williams

Dois anos depois...

-Alice! me ajuda com as caixas aqui! - Clarissa me chamou e eu corri para ajuda- la , chegando no galpão encontrei a garota esguia equilibrando três caixas de enlatados sozinha. Corri para socorre-la e assim fiz colocando as caixas no chão. Eu e Clarissa estudavamos juntas desde crianças, Margaret não quis me matricular junto com suas filhas, ela fazia de tudo para que eu ficasse o mais escondida possível . Eu Não ia a jantares da empresa do meu pai que ela agora tinha assumido, não comia na mesa com elas , não frequentava as mesmas festas e tinha que atravessar Londres para ir a escola . Então comecei a trabalhar desde cedo porque eu sabia que meu pai não deixaria nada pra mim então minha única e melhor amiga trabalhava comigo em um pequeno mercadinho nas periferias da cidade próximo de onde nós estudamos. Esse era o último ano. Faltava tão pouco para eu sair dessa, e com certeza levaria Clary comigo.

-Você ta maluca de tentar carregar tudo isso sozinha?
-você tava no caixa... alguém tem que trabalhar de verdade né - ela disse me provocando
-você é ridícula .
-Meninas? posso falar com vocês? - Nossa gerente apareceu no depósito com o semblante tranquilo, ela era muito gentil. Sempre foi. Ela me parecia com uma mãe, jamais tive uma mas se tivesse se pareceria com ela acho, ela era gordinha , tinha cabelos castanhos que escapavam de seu coque e caiam sobre seu rosto suado
Nos assentimos e a acompanhamos, ela nos levou para sua pequena salinha e nos nos sentamos , ela se manteve em pé com uma expressão triste, pôs as mãos em sua cintura e começou:

-Meninas, eu preciso ir direto ao ponto com vocês minhas queridas eu as amo muito e não posso expressar como vocês me ajudam aqui na loja mas o orçamento está meio apertado pra mim... Acho que vou ter que mandar uma de vocês embora- Ela disse com os olhos marrom claro marejados , ela sempre se importou muito com a gente e sei que jamais faria isso se as coisas não estivessem complicadas. Merda. Eu precisava do emprego , estava juntando grana pra me livrar daquela casa mas Clarissa precisava mais. Ela queria ser advogada, queria pagar seus estudos e ajudar sua família e eu jamais ficaria no caminho dela então eu prontamente respondi:

-Não se preocupe Maria , eu posso sair sem problema.
-Ah mas não vai mesmo , eu saio- protestou Clary . Insuportável.
- Clarissa você não vai sair , eu tenho contatos vou ficar bem. - Ela me fitou com os olhos azuis brilhando como quem diz "vou matar você"
- Está tudo bem Maria eu vou sair - Afirmei e Maria me envolveu em um abraço forte e sussurou mil desculpas , eu não estava chateada com ela . Jamais ficaria ,eu estava sim nervosa mas eu iria dar um jeito , sempre dava.

Arrumei minhas coisas , e no final do expediente me despedi de Maria e da lojinha que tanto gostava.

-Estou chateada com você. Você tem que viver com as três malucas lá na ricolandia , eu quero muito te ver fora dessa amiga.
-Clary , porra confie em mim eu vou arrumar outro emprego logo,  logo - eu disse com uma confiança que eu não tinha.- Não se preocupa comigo gata e a Maddie não é maluca. Nem Margaret , Maya é- eu forço a risada - mas eu sei lidar com ela - Mentira.- Vou ficar bem.
-Eu sinto muito mesmo.
-Está tudo bem. Eu preciso ir ,vou pegar o trem você sabe que demora para chegar lá.
-Se cuida e me manda sua localização!
- Tchau insuportável.

Então eu entrei no meu trem , assisti pela janela a paisagem e a forma das casas mudando conforme os bairros iam ficando mais nobres , eu estava completamente fodida sem um emprego e era tão difícil de se conseguir um que desse tempo de ir pra escola e ainda no meio do ano.

Adentrei os portões da minha casa , passando pelo jardim frontal , tirando as chaves do meu bolso , coloquei na fechadura e girei . Adentrei o local detestando imediatamente. Eu detestava o cheiro , detestava os quadros da família feliz que meu pai tinha sem mim eu detestava .
-Alice é você?
-Sim senhora Margaret. Sou eu .
- A diretora da sua escola me ligou...
Merda.
-A respeito de que senhora? - Ela veio descendo as escadas com o olhar frio , Deus ela era linda. Tinha olhos tão verdes que me lembravam esmeraldas, seu rosto era emoldurado por cabelos ruivos longos que desciam pelas suas costas , Ela e suas filhas possuíam essas características, eram belíssimas Maya inclusive era modelo pra marca de Bolsas do meu pai . Eu morria de inveja. Eu não podia ser mais diferente, Elas eram todas altas e magras já eu tinha coxas grossas e um quadril largo , não era muito alta e no lugar de cabelos de fogo eu tinha cabelos loiros que não cresciam além dos ombros, olhos tão escuros que pareciam pretos puxados do meu pai.

-Ela me falou que viu você e aquela mal elemento da sua amiga fumando no telhado da escola isso é verdade?
Sim.
-Não! é Claro que não. - eu tinha esse péssimo hábito , não era um vício. Mas desde que meu pai se foi eu fumo de vez em quando. Qual é eu tenho dezoito anos . Já sou bem grandinha pra decidir se eu quero fumar ou não.

-Eu espero que não mesmo. Você pegou esse hábito maldito do seu pai. É incrível eu criei você e você não tem nada de mim.

Você não é minha mãe.
-Pode ficar tranquila senhora. Eu não fumo e nunca vou.
-Acho bom mesmo. O seu jantar está no seu quarto, não saia mais hoje por favor querida, O namorado da Maya vem jantar aqui e eu não quero você perambulando por aí.

-Imagina Margaret, eu tenho muito trabalho da escola pra fazer mesmo.

-Ótimo! não se reprima e vá logo. - Ela disse com um sorriso no rosto , eu corri para meu quarto  e encostei a porta . Essa mulher acha mesmo que eu vou me interessar pelo namorado da Maya? Eu to pouco me fodendo para Maya.

Depois de jantar, tomei banho e fiquei procurando emprego com meu notebook no colo. Quando não aguentava mais de estresse e falta de sucesso , fui até o banheiro peguei a toalha do chão e levei até meu quarto , coloquei no vão da porta e abri a janela, levantei o colchão e peguei meu maço de cigarros colocando um entre os lábios , abri a gaveta em busca de um isqueiro quando ouço quatro batidinhas na porta. Eu não me assusto. Sei de quem se trata.
-Tô indo, Maddie! - Corro para destrancar a porta ainda com o cigarro nos lábios , quando abro ela entra rápido , e arranca o cigarro da minha boca.
-Você não deveria fumar!- diz ela , eu olho no fundo de seus olhos esmeralda. Seu cabelo ruivo estava preso em uma longa trança e seu nariz era repleto de sardas, ela era linda. E a mais nova de nós três, Maya era a mais velha com vinte e um depois eu com Dezoito e a minha caçula favorita Maddie com dezesseis.
Dou uma risada zombeteira para ela e respondo:
-E você não deveria sair durante a aula para beijar sua melhor amiga. - Ela fica branca e arregala os olhos , eu continuava impassível então estendo a mão para que ela me devolva meu cigarro e agora finalmente ascendo-o
-Você não vai contar pra ninguém não é? minha mãe me mataria ! você sabe como ela é...
-Fica tranquila, Mads eu não sou Maya.
-Obrigada. Também não vou falar que você é víciada.
-Até porque eu não sou né? idiota. -rio da cara dela. Ela era a única dessa casa que realmente me considerava família. Eu tinha muito carinho por ela.
Ela andou e se jogou na minha cama.
-Ah Allie , odeio o namorado da Maya! ele é nojento.
-Delacroix não é? porra eles são bilionários.
-Foda- se que eles são ricos! nós somos também! ele é mesquinho e fica tocando nela na mesa como se ninguém fosse perceber. Sério! espero que ele morra.
-Que nojo! ainda bem que sua mãe não me deixa comer com vocês- solto um trago de fumaça- eu prefiro a morte do que saber da vida sexual de Maya.
-Pois é ... e os pais dele estavam falando que a babá do filho mais novo deles acabou de ter filho e agora eles estão desesperados...Tipo? a Grace Delacroix nem trabalha , será que é tão difícil dar atenção pro próprio filho pra impedir ele de virar um babaca igual ao irmão?
- Espera eles estão precisando de babá? isso é perfeito! eu vou me candidatar.
-Tá louca? você já trabalha .
-fui demitida.
- O QUÊ?
- Calma. Eu não fiz nada foi só falta de recursos. E Maddie você sabe como eu quero sair daqui. Você sabe que o pai não deixou nada pra mim porfavor tenta entender meu lado.
-Eu sei irmã , mas a Maya jamais vai concordar com isso. Você trabalhando na casa do namorado dela? ela já acha que você- Ela parou no meio da frase e suas bochechas pálidas ficaram vermelhas.

Ela já acha que eu sou igual a minha mãe.

-Tá tudo bem. - Eu jogo as cinzas do cigarro pela janela- Ela nunca vai saber, você ja viu o castelo em que eles moram? eu poderia ficar lá cuidando da criança e ela fodendo com o namorado e nós não iriamos nem se trombar além de que eles devem pagar bem pra caralho. Por favor Mads consegue isso pra mim por favor eu preciso muito e só até eu me formar. Só seis meses por favor
-Eu vou ver o que posso fazer. Mas Alice por favor não faz merda. Você sabe que se for pega você ta fodida.
-Obrigada irmãzinha , de verdade muito obrigada. - Eu apago o cigarro no parapeito da janela e me jogo em cima dela a abraçando .

No dia seguinte, acordo com a mensagem da governanta da mansão delacroix , me convidando para uma entrevista. Isso Maddie muito obrigada! .

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