Capítulo 1: A Caça Começa

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A cidade de Valença estava mergulhada em um silêncio tenso. As luzes dos postes de iluminação, antes acolhedoras, agora lançavam sombras sinistras nas calçadas desgastadas. Era noite, e a lua cheia refletia um brilho prateado nas ruas vazias, como se observasse o que estava prestes a acontecer.

Entre os escombros de uma antiga escola, um grupo de crianças se escondia. Elas não eram mais apenas crianças; eram híbridos, uma fusão de humanos e algo além. Seus olhos brilhavam em um tom sobrenatural, e cada um possuía habilidades únicas. Rafael, com a capacidade de controlar o fogo, era o líder do grupo. Seus cabelos desgrenhados dançavam com a brisa, e seu olhar refletia determinação. Ao seu lado, Clara, que podia manipular sombras, estava em silêncio, seus pensamentos correndo como um rio turbulento.

“Precisamos sair daqui,” disse Rafael, quebrando o silêncio. “Eles estão mais próximos do que imaginamos.”

“Mas para onde vamos?” indagou Sofia, uma menina que podia se comunicar com os animais. Ela estava visivelmente nervosa, seu rosto pálido à luz da lua. “Se nos encontrarem, seremos capturados.”

“Precisamos chegar à Floresta Proibida,” respondeu Clara, sua voz firme, apesar do medo. “Lá, teremos um esconderijo. Os caçadores não ousam entrar.”

O grupo acenou, concordando em seguir o plano. Eles sabiam que o tempo estava se esgotando. Os caçadores, agentes de uma organização secreta que via os híbridos como ameaças, não desistiriam facilmente. Rumores de uma nova caçada tinham se espalhado, e as crianças eram o alvo principal.

À medida que avançavam pelas ruas desertas, a tensão aumentava. O som de passos firmes ecoava ao longe. Os caçadores estavam em patrulha. Rafael parou, levantando a mão para sinalizar o grupo. “Fiquem juntos e silenciosos,” sussurrou.

Enquanto se moviam furtivamente, Clara sentiu uma presença estranha. As sombras ao seu redor pareciam se agitar, como se estivessem vivas. Um arrepio percorreu sua espinha, mas ela se concentrou, canalizando sua habilidade para se camuflar.

Subitamente, um grito cortou a noite. Era um dos seus, capturado. O desespero tomou conta do grupo. Sofia estava paralisada, enquanto Rafael, determinado, puxou-a pela mão. “Não podemos olhar para trás. Temos que continuar!”

Eles correram, passando por vielas e beco após beco, até chegarem à borda da Floresta Proibida. As árvores, altas e imponentes, pareciam guardar segredos antigos. Rafael parou por um momento, olhando para os outros. “Estamos seguros aqui. Vamos nos esconder até que a poeira assente.”

Enquanto se acomodavam entre as raízes expostas, a escuridão da floresta os envolveu. Mas o medo ainda pairava sobre eles. Sabiam que, se fossem encontrados, suas vidas mudariam para sempre.

“E se formos capturados?” Clara questionou, o olhar distante. “E se não conseguirmos salvar os outros?”

“Não podemos pensar assim,” respondeu Rafael, firme. “Lutaremos juntos. Somos mais fortes do que eles pensam.”

A determinação renovada no olhar de cada um era um sinal de esperança. Eles eram diferentes, sim, mas também eram uma família, unidos por uma luta que transcenderia a mera sobrevivência. Naquela noite, a floresta se tornaria não apenas um refúgio, mas também o início de uma resistência que poderia mudar o destino de todos os híbridos.

E assim, sob a sombra das árvores antigas, o plano para enfrentar os caçadores começou a se formar, enquanto a lua cheia iluminava um novo capítulo em suas vidas.

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