Nas Garras do Lobo

PRÓLOGO

Era uma vez...Em um reino distante, um príncipe e uma princesa...

Não, este não é um conto de fadas; poderia dizer que é um conto de terror, mas também não é. Esta é a história de como vim parar nessa imensa casa, no alto da colina de Nortéon, um pequeno vilarejo na divisa do Alasca, onde se escondem segredos ancestrais e uma sociedade de lobos que há séculos mantém seu disfarce entre os humanos.

Um vilarejo completamente isolado do restante do mundo coberto pela neve branca que parece brilhar sobre o chão, onde todos os meus medos se tornaram reais, e os monstros que sempre estiveram sob a minha cama agora rondam entre meus lençóis.

Meu nome é Scarlett Hale, e vivi até os meus vinte anos em uma pequena cabana perto do lago negro com a minha avó, que com muito amor me acolheu após a morte dos meus pais. No entanto, ela também se foi deixando-me à mercê da minha própria sorte, ou azar, como preferirem chamar.

Não tive escolha, fugir foi a minha única opção, as chamas já tomavam conta da pequena cabana, quando consegui escapar pelos fundos, o ar gelado cortava minha pele, agarrei-me a capa vermelha que minha avó fez para mim, segurava-me a ela, como se o tecido grosso fosse a minha salvação.

As palavras de vovó ainda estavam vivas em minha mente:

"Scarlett não saia sem a capa, o vermelho afugentará o lobo"

E foi lembrando-me disso e das histórias sobre aquele lugar, que a única coisa que peguei antes de fugir dos soldados do rei, que acusavam a minha vó de bruxaria, foi a capa vermelha.

Lançando-me na floresta escura e densa, fugindo daqueles homens cruéis, e ficando exposta ao mal que habitava aquele lugar.

Corri entre as árvores, afastando-me das vozes e do trotar dos cavalos, entregando-me à escuridão, eu sentia como se estivesse sendo observada, o medo fazendo meu coração bater acelerado, projetando imagens sombrias e olhos vermelhos que pareciam me seguir. Até que, exausta, deparei-me com um portão de ferro maciço e uma casa que emanava uma aura de castelo mal-assombrado. Ali, os segredos do vilarejo e minha própria jornada sombria se entrelaçaram em um enigma que afronta a linha tênue entre o real e o desconhecido.