𝘼𝙐𝙏𝙐𝙈𝙉 𝙉𝙊𝙏𝙀𝙎, 𝙀𝙧𝙞𝙠 𝙈𝙚𝙣𝙚𝙣𝙙𝙚𝙯

˚˖𓍢ִִ˚🍁ֶָ֢ ⋅ 𝙇𝙚𝙖𝙧𝙣𝙞𝙣𝙜𝙨 𝙖𝙣𝙙 𝙨𝙚𝙘𝙧𝙚𝙩𝙨

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𝓅𝑜𝒾𝓃𝓉 𝑜𝒻 𝓋𝒾𝑒𝓌; 𝐸𝓇𝒾𝓀 𝑀𝑒𝓃𝑒𝓃𝒹𝑒𝓏

Depois de trombar com Elizabeth no corredor, não consegui tirá-la da minha cabeça. Depois do nosso encontro na sala do Sr. Thompson, senti uma necessidade de ficar perto dela. Ela me transmite uma calma que nunca senti antes. Já a tinha visto algumas vezes em minhas aulas de literatura, porém nunca pensei em falar com ela. E agora, aqui estou eu, esperando na mesa da biblioteca, batendo o lápis contra o livro para aliviar a ansiedade que estava sentindo ao esperá-la. Estava me sentindo muito estranho. Como posso me sentir assim com alguém que mal conheço?

Esses pensamentos são interrompidos pelo barulho de passos vindo na minha direção, fazendo com que eu levante a cabeça e olhe para a pessoa que está se aproximando: Elizabeth.

Ela estava vestindo uma saia preta um pouco acima dos joelhos, com uma blusa de mangas compridas e gola alta vermelha escura. Usava um meião preto e, nos pés, um sapato Mary Jane vermelho. Seu cabelo castanho batia em seus ombros e ela tinha uma franja que realçava ainda mais seu rosto.

— Desculpa pela demora, Erik. Tive dificuldade em colocar minhas coisas na bolsa... — Ela chegou falando com sua voz que parecia um anjo cantando. Observei-a se sentar na cadeira à minha frente e colocar suas coisas na mesa. Só percebi que estava encarando demais quando ela falou comigo:

— Erik? Está tudo bem? — perguntou enquanto me encarava com seus olhos amendoados cor de mel.

— Claro, claro que está. Me desculpe, estava pensando em algumas coisas — falei enquanto soltava uma risada nasal e ajeitava meus óculos que estavam escorregando. — Bem, que tal começarmos com os exercícios e depois estudamos álgebra linear? — perguntei a ela.

— Claro, parece perfeito — ela disse enquanto pegava o caderno e abria na página do exercício.

Passamos a tarde fazendo os exercícios e, depois, estudamos álgebra. Eu expliquei para ela os conceitos com os quais ela tinha dificuldade e, com um pouco de tempo sobrando da tarde, começamos a guardar nossos materiais. Elizabeth, tentando fazer espaço na bolsa, tirou um livro que estava lá dentro. Reconheci imediatamente a capa de "Orgulho e Preconceito".

— Você gosta de "Orgulho e Preconceito"? — pergunto surpreso.

— Sim, gosto bastante, é um dos meus livros favoritos — diz um pouco surpresa com a pergunta repentina e com uma certa timidez.

— Não precisa ficar tímida, querida, é um dos meus livros favoritos também. Sei quase todas as falas — falo, dando um sorriso para ela e não percebo o apelido que usei.

Elizabeth sorri de volta, ainda um pouco corada, mas visivelmente mais à vontade.

— Sério? — ela pergunta, os olhos brilhando de curiosidade. — Qual é a sua parte favorita?

𝓅𝑜𝒾𝓃𝓉 𝑜𝒻 𝓋𝒾𝑒𝓌; 𝐸𝓁𝒾𝓏𝒶𝒷𝑒𝓉𝒽 𝒲𝑜𝑜𝒹

Fico surpresa ao escutar ele falar de "Orgulho e Preconceito". Agora, ouvindo ele falar de sua parte favorita, lembro dele na minha aula de literatura com a Sra. Johnson. Ele sempre parecia tão concentrado e interessado nas discussões sobre os clássicos.

— Eu também adoro essa parte — digo, tentando esconder meu entusiasmo. — Mas acho que a minha favorita é quando a Elizabeth finalmente percebe que ama o Sr. Darcy. É tão emocionante ver como os sentimentos dela mudam ao decorrer do livro.

Ele sorri, parecendo genuinamente interessado.

— Essa é uma ótima escolha.

Sinto meu coração acelerar um pouco. É raro encontrar alguém que compartilhe essa paixão por literatura. A única pessoas com quem compartilho essa minha paixão é Katie.

— Você já pensou em escrever algo? — pergunto, curiosa.

Ele ri, um pouco envergonhado.

— Na verdade, sim. Já escrevi algumas coisas, mas nada muito sério. E você?

— Eu também, mas a maioria está no meu diário — respondo, animada, porém percebo que deixei escapar algo. — Ai droga, você deve estar me achando uma bebezona com essa coisa de diário — digo um pouco envergonhada, apoiando meus cotovelos em cima da mesa e colocando a cabeça entre as mãos. A única pessoa que sabe sobre esse diário é Katie; novamente.

— O quê? Não! Claro que não — diz ele, apoiando os braços em cima da mesa. — Não precisa ficar envergonhada. Quer saber de uma coisa?

Levanto a cabeça e apoio meu queixo nas mãos.

— Eu também tenho um diário — diz ele sussurrando e se inclinando para frente, como se fosse um super segredo.

Meus olhos se arregalam de surpresa e curiosidade.

— Sério? — pergunto, um sorriso começando a se formar no meu rosto.

— Sim, sério. E sabe o que mais? — ele continua, com um brilho nos olhos. — Eu escrevo nele todos os dias. É uma forma de colocar meus pensamentos em ordem.

— Uau, eu nunca teria imaginado isso de você — digo, brincando um pouco. — O que você escreve nele?

— Ah, um pouco de tudo. Coisas que aconteceram no meu dia, sentimentos, ideias para projetos.... É como um amigo silencioso que sempre está lá para me ouvir.

Sorrio, sentindo-me mais a vontade com ele do que nunca.

— Acho que nunca mais vou me sentir envergonhada sobre meu diário — digo, rindo levemente.

Ele sorri de volta, e por um momento, parece que somos os únicos no mundo que entendem esse pequeno segredo compartilhado.

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