Beverly abriu os olhos naquela manhã de maneira preguiçosa, ainda sentindo suas pálpebras pesadas e seu corpo querendo que voltasse ao sono, porém, não podia.
Ela tem mais uma consulta hoje, com um médico diferente, um médico que ela não conhece, mas que sua mãe aprovou. E odiava isso.
Sua mãe, por mais que tenha permitido - com muita relutância - que Beverly morasse sozinha, ela ainda dava um jeito de se inserir na situação. Não que se sinta ingrata, ou algo assim, mas gostaria de ter o conhecimento sobre mudanças em certas coisas primeiro, principalmente quando é para o tratamento de uma doença rara.
Agora, teria que passar pela situação de costume com o novo médico, que provavelmente não seria fácil. Se acostumar com uma nova pessoa, uma nova personalidade, alguém que ela confiaria cada célula de seu corpo, literalmente.
Parando com seus pensamentos, a ruiva esfregou seus olhos de maneira suave, afastando o lençol branco e colocando os pés em um par de pantufas rosa. Levantou-se, esticando seu corpo e, em passos lentos, foi até a cozinha para preparar seu café prescrito.
Ah, sim, ela também tem uma nutricionista. Mas isso fica para outra hora.
Beverly resolveu apenas se concentrar em se arrumar para a consulta, do que repassar todas as lembranças de todos os médicos de diferentes áreas da medicina que já viu.
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Beverly chegou ao hospital cinco minutos mais cedo do que o horário marcado e ficou emburrada com isso. Detestava esse lugar, como ele era silencioso e detestava ver o rosto de pessoas, muitas vezes doentes e sofridas por isso.
Cruzou as pertas, chacoalhando-as em uma ansiedade. Evitou apertar a mandíbula, seus dentes podiam quebrar, sua mãe avisou isso, o Doutor Arnold também, o que era horrível. Tinha que suavizar muitas vezes suas expressões, tentando ter o máximo de cuidado.
— Com licença? — Perguntou uma voz, não muito conhecida. — O Doutor pediu para que entre.
Beverly olhou para o seu relógio de pulso, franzindo a testa ao ver que ainda faltavam três minutos para a consulta. Contudo, aliviada que seria atendida mais cedo, então, levantou-se, agradeceu a enfermeira loira de expressão suave, e seguiu para dentro da sala.
Quando observou o ambiente, nada realmente havia mudado. Tem uma cama, com um lençol azul de lã grossa, dois travesseiros para o conforto. A ruiva se aproximou e sentou-se, respirando fundo.
Ao lado da cama, uma mini-cômida estava ali, com um vaso de vidro transparente onde tinham lindas tulipas brancas. Na frente da cama, um armário, com uma pia ao lado e um balcão, estavam ali.Beverly conhecia esse lugar desde muito cedo.
— Bom dia. — Uma voz masculina a cumprimentou.
— Bom dia, Doutor. — Respondeu, seguido de um suspiro.
Porém, sua voz jovial a fez franzir a testa enquanto olhava para os joelhos cobertos com uma calça cargo jeans.
— Beverly Evangeline Stuart, 23 anos, 1,70 de altura, caucasiana. — Começou, aparentemente lendo seus registros. — Tem a doença dos ossos de vidro, toma os devidos remédios com frequência, quebrou um braço ao esbarrar com força demais em uma parede.
— Isso. — Confirmou, agora subindo seu olhar.
— Sou Adam Mitchel.
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Vidro
RomanceBeverly é diagnosticada com uma doença raríssima desde bebê. Acostumada a confiar cegamente em seu médico de longa data, ela se sente desamparada quando ele se aposenta, deixando um vazio em sua vida. Mas, quando um novo médico jovem e ambicioso ass...