Capítulo 7

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O Mundo Preto e Branco

C

om um horário de ginástica tão cedo, Jane estava chegando no trabalho com muita antecedência. Essa rotina lhe havia permitido acumular um razoável estoque de horas que poderia gastar quando precisasse, mas também lhe exigia conviver mais tempo no ambiente da empresa. Refletindo sobre isso, após a ducha na academia, Jane propôs a Shirley tomar o café da amanhã com ela no barzinho do shopping, aguardando a hora certa para entrar no serviço. Sempre disposta a uma boa conversa, a amiga aceitou. Ansiosa, Jane manifestou logo sua admiração pelos escritos da ruiva.

―Adorei teus artigos, querida. Ainda não li todos. Fiquei fascinada, mas quase tudo é novo para mim. Preciso ler melhor.

―É bondade tua, linda ―respondeu Shirley, passando suavemente a mão pelo rosto da amiga. ―Eu reconheço que é um pouco mais sério do que escrevem outras pessoas. Muitos jornalistas, mesmo mulheres, tratam de sexo sem honestidade. Fico muito feliz que tenha gostado.

Jane se ruborizou e sua voz tremia com uma leve emoção.

―Também adoramos esse filme de teus amigos: o rapaz com as duas garotas. É uma coisa de muito bom gosto. O Nelson adorou.

Shirley ficou ainda mais contente.

―Imaginei que gostariam. O amigo que filmou é um dos professores da Ana. Ele é muito bom em tudo: luz, cenografia, edição. ―Fez um sorriso maroto e perguntou em voz baixa. ―Quais cenas vocês curtiram mais?

Jane afastou um pouco a xícara vazia para aproximar sua cabeça à de Shirley e observou de soslaio se estava a bastante distância das outras mesas.

―A verdade, todas ―disse num sussurro. ―Essas carícias no começo e no meio são uma delícia. Parece uma dança. Mas, o que me excitou mesmo foi o final; estava toda molhada. ―Em voz ainda mais baixa e com rosto vermelho, acrescentou: Aquele banquete de porra... nossa!

A amiga alargou ainda mais seu sorriso, apertou com suas mãos a mão de Jane, que transpirava, e expressou o que a amiga estava pensando.

―Hum! Aquela chupada dupla, com as meninas se beijando com o esperma na boca, está muito bem feita. Parece que a gente está aí na tela.

―Isso! ―exclamou Jane, mas logo temeu ser ouvida e sua voz voltou a ser um murmúrio. ―Nossa, Shi! Fique maluca e gozei.

Jane percebeu que Shirley descia discretamente sua mão, protegida pela mesa, para atingir o zíper da calça.

―Ainda tenho alma de pirralha, minha querida ―disse a ruiva, bebendo um copo de água. ―Melhor vamos mudar de assunto... por enquanto. Outro café?

Shirley entrelaçou as mãos acima da mesa, fez um sorriso de menina comportada e guardou silêncio até que o garçom deixou os dois cafés. Depois, Jane fez uma pergunta que dava voltas na sua cabeça desde aquela projeção do vídeo erótico.

―Queria perguntar-te algo. Os três parecem atores eróticos, mas, no começo, o rapaz se apresentou: disse que ele e a moça eram um casal. Logo, quando apareceu a outra, disse que era uma amiga. Eles são mesmo um casal com uma amiga...?

―Eles são bons amadores ―respondeu Shirley com naturalidade. ―Mas, sim, são um casal. A outra menina é uma aluna do curso de cinema, muito amiga deles.

Jane não parecia muito espantada, mas era evidente que essa situação a intrigava.

―Olha, os três transavam para valer. Eles não têm ciúmes? Ou será que o interesse artístico dissimula os ciúmes...? ―Parou, esperando uma resposta.

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⏰ Última atualização: Jul 14, 2015 ⏰

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