CAPÍTULO 16 - COMO É QUE A GENTE FICA?

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Eu esbarrei no seu olhar, tropecei no seu beijo

Colei no seu rosto, eu queimei a língua

Foi na ponta do queixo, me acertou de jeito

Olha eu na sua vida

Pensa, explica, como é que a gente fica?

(Como é que a gente fica? - Henrique e Juliano)


POV GABI

Eu já tinha pensado em tudo. Fiz com que a despedida com os meus amigos não demorasse tanto para voltarmos cedo pra casa. Precisamos acordar antes do nascer do sol porque quero levá-la para assistirmos o nascer do sol juntas. Vou pedi-la em namoro. Decidi ontem. É impossível cogitar a possibilidade de não ter a Rebeca na minha vida.

Sei que não é a melhor situação e talvez eu esteja me precipitando, mas é o que tô sentindo que devo fazer. Então, acordei ela com beijinhos e nos arrumamos pra sair na madrugada.

"Você realmente quer aproveitar seu último dia comigo, né? 4h30 da manhã, Gabriela?" ela falou brincando.

Encontramos um cantinho escondido e silencioso na praia. Enquanto o sol ia surgindo, eu só conseguia olhar pra ela. Queria muito beijá-la ali mesmo, mas precisamos ter cuidado. Isso pode prejudicar as duas. Esse negócio de mídia é coisa de doido.

Me contentei em olhar pra ela, memorizando cada parte que eu conseguisse. Aqueles olhos sorridentes, a boca carnuda e desenhada, o sorriso mais genuíno do mundo, o cabelo maravilhoso. Ela pareceu fazer o mesmo comigo. O olhar dela se demorava em cada parte do meu rosto. Passaríamos um bom tempo sem fazer isso desse jeito. Ficamos alguns minutos nos encarando em silêncio. Fomos para ver o sol chegar, mas tudo que fizemos foi descansar o olhar uma na outra.

Depois de alguns minutos, o semblante dela pareceu mudar para preocupação e tristeza. Desviou o olhar pro céu. Ela parecia tensa, preocupada enquanto eu a encarava.

"Tá tudo bem, minha linda?" perguntei

"Não está não. Você vai embora no final da tarde e eu não faço ideia do que vai acontecer. Pela primeira vez em muito tempo, estou ansiosa."

"Eu gosto muito de você, Rebeca. Faz tão pouco tempo, mas você ocupa um lugar imenso na minha vida. Sua chegada curou tanta coisa em mim que você nem faz ideia. Eu não planejava me envolver em um nível tão profundo com alguém pelos próximos meses. Mas não consegui resistir a você"

Os olhos dela estavam marejados. Ela parecia, ao mesmo tempo, emocionada e triste.

"Eu que não consegui resistir a você. Eu só consigo pensar em você, querer estar com você, querer te beijar. Mas estou muito preocupada com como vai ser daqui pra frente. Que tipo de relação nós teremos? Estamos prontas para um relacionamento à distância?"

Depois de ouvir a última frase, senti que era a hora. Comecei a puxar do bolso, um anel que havia comprado pra ela. Abri a caixinha enquanto falava. "Eu quero tentar, você quer?"

"Eu quero muito, de verdade." Ela suspirou, piscou algumas vezes para esconder algumas lágrimas que queriam cair. "Mas acho que a gente não deve fazer isso."

A única coisa que eu consegui falar foi "Como assim? Você não quer namorar comigo?"

POV REBECA

Eu quero. Eu quero muito. Mas a ansiedade que eu senti mais cedo ao pensar em tantas variáveis em um relacionamento assim me deixou muito assustada. Escutar o que a amiga da Gabi contou sobre o namoro à distância dela só confirmou todas as preocupações. Eu lutei tanto tempo pra ter uma saúde mental inabalável e a simples possibilidade de me decepcionar amorosamente mexeu muita coisa em mim.

O sentimento de compromisso leva tudo a um outro nível. Eu tenho muito medo de me magoar, de magoar a Gabi. E se tudo isso for somente uma empolgação inicial? Da minha parte eu sei que não é. Mas e se depois que ela chegar na Itália perceber que era melhor não ter um compromisso ainda? E se quando não estivermos mais próximas fisicamente, o sentimento, que já é inicial, for desaparecendo? Não gosto nem de pensar nisso porque já me sinto triste.

"E se ao invés de a gente já namorar, continuarmos do jeito que estamos?"

"Você não quer um compromisso? Não quer namorar, mas continuar sendo ficante? Por que? Você tem interesse em outra pessoa?" ela parecia mais incomodada a cada nova pergunta que fazia.

"Não tenho interesse em outra pessoa. Mas e se você tiver depois que chegar na Itália? E se você perceber que era melhor estar solteira para aproveitar melhor essa nova fase da sua vida?"

"Mas eu não vou me sentir assim, Beca."

"Como você sabe disso? Você nem chegou lá ainda." falei "Vamos continuar como estamos, curtindo uma a outra, sem o compromisso de exclusividade e assim você se sente livre para explorar o que quiser (ou não) e quando você estiver lá e tiver certeza de que o que você quer é estar em um relacionamento sério comigo, a gente volta pra esse pedido lindo. A minha resposta será sim."

"Eu não vou te pedir em namoro novamente" ela ficou magoada.

"Tudo bem, eu que vou te pedir então." ela riu ainda chateada

"Se você tem tanta certeza de que me quer, por que não aceita meu pedido?"

"Porque eu quero ter a certeza de que mesmo em outro país, cheio de mulheres lindas e interessantes, eu ainda serei sua escolha."

"Tudo bem. Eu entendi seu lado. Então, quer dizer que se a gente quiser ficar com outras pessoas, vamos poder ficar?" ela provocou enquanto guardava o anel que havia comprado pra mim.

"Teremos a liberdade pra isso. Se acontecer, acho que vai ser uma resposta de que não está na hora de termos um relacionamento mesmo."

"Eu já sei a resposta pra isso, mas vamos ver como tudo vai acontecer."

Nos abraçamos novamente e eu senti que tudo correria bem. Eu já estava morrendo de ciúmes só de pensar nela interagindo com outras mulheres, mas era necessário fazer isso ou eu ficaria sempre me questionando se só namoramos por medo da distância.

Passamos o resto do dia juntas, grudadas. Namoramos muito, almoçamos uma comida deliciosa que ela preparou pra nós. Eu não estava pronta para o momento da despedida real quando a deixei no aeroporto.

Ela ainda pareceu incomodada com o fato de eu não ter aceitado o pedido de namoro, mas acredito que ela compreendeu o porquê.

Nos despedimos no carro. O abraço foi apertado e já cheio de saudade e de vontade de ficar perto. Quando nos beijamos pela última vez antes de ela abrir a porta do carro, lembrei no nosso primeiro beijo. Eu, confusa do porquê meu corpo querer tanto aquilo. Hoje, eu com a maior certeza de que é ela que eu quero.

Estou morrendo de medo de como serão os próximos meses. Espero que essa conexão não se perca e que quando a gente se reencontrar, o sentimento só tenha aumentado. 

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Notas da autora:

1. Obrigada por acompanhar a fic. O que estão achando?

2. Não faço ideia de quando postarei o próximo, os próximos dias serão complicados. Prometo voltar em breve. Beijoooos

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⏰ Última atualização: Oct 07 ⏰

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