Baseada numa playlist - ONESHOTS - FayeYoko

JP Saxe - If The World Was Ending

"But if the world was ending, you'd come over, right?
You'd come over and you'd stay the night?
Would you love me for the hell of it?"

"Mas se o mundo estivesse acabando, você viria, certo?
Você viria e passaria a noite?
Você me amaria por isso?"

Yoko POV

No funeral do avô dela, estive ali. Pude observar enquanto ela se fazia de forte, cumprimentava as pessoas que apareciam, sorria para a família e amigos, embora os seus olhos, cada vez que encontravam os meus, mostrassem o que sentia. Tirando a mãe e as irmãs, Faye estava sozinha. Quem a criara e tomara conta dela desde nova, pereceu com o tempo.
Vi enquanto ela fazia os preparativos, tomando conta de mim à mesma, perguntando se eu estava bem, acalmando os meus nervos por estar ali presente. Mas se era por causa dela, estaria ali, até que ela me dissesse que não queria a minha presença.
Houve um momento de troca de carinhos, Wan avisou-nos das câmaras e mesmo assim eu não quis saber. Só queria que a cerimónia terminasse para sairmos daquele ambiente.

No final daquele dia, insisti para Faye me deixar ficar, não queria deixá-la sozinha. Agora, no conforto de quatro paredes da sua casa, num silêncio quebrado apenas pelo tilintar dos talheres enquanto comíamos uma sopa para termos algo no estômago, tentei procurar forma de aliviar o sentimento de perda que pairava no ar.
Os olhos e o nariz da mulher que eu admirava estavam vermelhos de ter chorado, num momento que ela disse ser de fraqueza, durante a cerimónia. Eu sabia que não era isso.
Faye colocou o talher no prato e levantando-se, recolheu o mesmo da mesa, colocou na pia e foi para a sala.
Empatizei com o silêncio, com a dor dela, Faye precisava de tempo mas não sozinha como sempre fora acostumada a lidar com as suas emoções.
Repeti os mesmos atos que a mulher e fui ao seu encontro.

De mãos na cabeça, corpo encolhido e sentada no sofá, pude ver pelo chacoalhar dos seus ombros que ela chorava. Sem pensar, sentei-me ao seu lado, coloquei uma perna esticada atrás do seu corpo, junto às almofadas do sofá e a outra no chão, puxei Faye para o meu colo, ela tentou resistir, o seu corpo ficou tenso.

"Yoko..." um sussurro que mais soava como um aviso. Faye não gostava de estar vulnerável, preferia o conforto da solitude para esses momentos, mas eu via aquela mulher, conhecia-a melhor do que me conhecia a mim mesma, com uma carícia na nuca, permiti-me mostrar que não sairia dali. Senti o seu corpo relaxar ao meu toque e ceder, e ali confortei-a no seu luto.
"Shhh, vai ficar tudo bem. Eu estou aqui, não vou a lado nenhum."

Proclamava as palavras enquanto ela derramava lágrimas, e umas horas depois, senti o seu corpo relaxar, a respiração tornou-se pesada e Faye adormeceu nos meus braços.
Nessa altura quem desabou fui eu, chorei pela perda dela, por ela ser aquele ser humano tão maravilhoso e não merecer sentir a dor de perder o seu cuidador.
Velei o sono de Faye, as minhas mãos não paravam no seu cabelo, ombros e costas, sempre a acariciar e a desejar que ela conseguisse desligar o tumulto de pensamentos só para que pudesse descansar.

No meio da madrugada, perto das 5h, senti ela despertar, o corpo tensionou e a sua cabeça mexeu-se no meu peito. Baixei o queixo ligeiramente para encarar a mulher, que me pareceu surpresa quando os castanhos dos seus olhos encontraram os meus.
"Tu ficaste.", foi o que me disse, com a voz rouca, uma afirmação que continha espanto pela minha atitude.
"Prometi-te que não ia a lado nenhum.", a minha resposta foi simples mas concisa. Eu queria que ela entendesse as minhas intenções.

Uma das suas mãos tocou-me no rosto e ela ergueu-se um pouco, o suficiente para fazer os nossos lábios encontrarem-se num beijo leve, recheado de amor e gratidão.
Imersa nos seus olhos, pude ver um pequenino brilho inesperado, como se fosse uma luz ao fundo do túnel. Permitiu-se dar um leve sorriso antes de encostar novamente a cabeça no meu peito onde ficou a ouvir os meus batimentos cardíacos.
"Obrigada.", agradeceu-me, sem necessidade de o fazer, e eu apertei-a levemente no abraço.

Adormecemos assim naquela madrugada, a tentar curar a dor através do amor.

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Olá maltinha, boas leituras :)