Cpitulo 56

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O silêncio entre Raphael e Adeline se manteve enquanto eles caminhavam pela rua em direção à casa dele. O frio da noite envolvia os dois, mas Raphael estava longe de se preocupar com o clima. Seu pensamento estava completamente focado nela. Ele a observava de soslaio, e, cada vez que ela sorria, algo dentro dele se remexia.

Ela havia aceitado o anel que ele lhe oferecera com um sorriso que o fez esquecer tudo ao redor. A lua iluminava o rosto dela, e Raphael se perguntou se estava vendo apenas o que queria ver. Será que ela sentia o mesmo que ele? Ou estava jogando, como ela mesma havia dito tantas vezes?

Ele queria acreditar que, apesar do jogo, algo genuíno crescia entre eles. O toque frio do metal no dedo de Adeline parecia ser a única certeza em meio ao turbilhão de emoções que ela despertava nele. "Estamos ligados agora," ele pensou, sentindo uma mistura de excitação e ansiedade ao imaginar o que viria a seguir.

— Então, até amanhã? — ele perguntou, tentando soar casual.

Adeline assentiu, o sorriso nos lábios tão enigmático quanto sempre. — Claro, Raphael. Até amanhã. — Ela se afastou com passos decididos, e Raphael ficou ali, observando-a desaparecer na escuridão, uma parte de si desejando correr atrás dela, outra parte lutando para manter o controle.

Enquanto ela caminhava em direção à casa de Ayllia, sua mente estava em outro lugar. Adeline tocou o anel no dedo, seus pensamentos voando para longe de qualquer romance que Raphael pudesse imaginar. Ele estava tão fácil de manipular, caindo cada vez mais em sua rede. A cada encontro, ele parecia mais dependente dela, mais envolvido. E isso era exatamente o que ela queria.

Adeline nunca tivera intenção de se apaixonar por Raphael. Para ela, ele era apenas uma peça importante em um jogo muito maior, um jogo que ela controlava com maestria. "Ele está caindo, e mal percebe," pensou, satisfeita com o progresso. Mas havia algo nela que a incomodava. Talvez fosse a intensidade do olhar de Raphael, ou o jeito como ele falava com tanta sinceridade, como se ela realmente significasse algo para ele.

Mas isso não importava. A missão era clara: usar Raphael para alcançar seus próprios objetivos, e depois... bem, depois ela decidiria o que fazer com ele.

pensando sobre isso. Raphael estava se entregando demais, e a última coisa que ela queria era criar um vínculo verdadeiro. O plano era mantê-lo perto o suficiente para conseguir o que precisava, mas nunca o bastante para criar laços. "Estou no controle," ela repetiu para si mesma, como um mantra.

Adeline se permitiu um último pensamento sobre Raphael. "E se ele começasse a desconfiar? E se, no final, ele não fosse tão manipulável quanto parecia?"

Mas esses pensamentos logo foram descartados. Adeline tinha tudo sob controle. E Raphael... bem, ele ainda era apenas mais uma peça no tabuleiro.

Adeline caminhou rapidamente pelas ruas escuras, com a mente ainda presa na intensidade do encontro com Raphael. O anel em seu dedo parecia mais pesado a cada passo, e ela sabia que não poderia deixar transparecer o quanto estava envolvida naquele jogo. Não agora. Quando avistou a casa de Ayllia ao longe, sentiu uma onda de ansiedade subir por sua espinha. Otto e Fernando também estariam lá, e ela teria que inventar alguma desculpa convincente para justificar seu atraso.

Chegando à porta, ela respirou fundo, ajustou o cabelo e bateu suavemente. Ayllia foi a primeira a abrir, a expressão de impaciência clara em seu rosto.

— Finalmente! Onde você estava, Adeline? — A voz de Ayllia saiu carregada de frustração, mas havia um toque de curiosidade ali, o que fez Adeline perceber que sua amiga estava tentando ler nas entrelinhas.

Adeline lançou um sorriso despreocupado e entrou, fechando a porta atrás de si. — Ah, você não vai acreditar! — ela começou, improvisando rapidamente. — Minha tia me ligou no último minuto, completamente desesperada. Sabe como ela é, sempre inventando drama. Parece que ela perdeu as chaves de casa e eu tive que ir lá ajudar. — Ela deu de ombros, como se fosse uma questão banal.

𝐒𝐈𝐂𝐊 𝐒𝐓𝐀𝐋𝐊𝐄𝐑 - The BeginningOnde histórias criam vida. Descubra agora