Capítulo 7

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Lara Cortez
19 anos

As batidas graves da música ainda ressoavam na minha cabeça, mesmo depois de horas. Eu não deveria ter ido àquela festa, muito menos bebido até o ponto de não conseguir andar direito. E agora, depois daquela noite insana, ele sabia onde eu morava. O Czar. A porra do imperador das corridas, o fantasma que todos temem e ninguém conhece de verdade. Ele me viu. Viu aonde eu vivia, onde eu lutava pra sobreviver dia após dia. E, de alguma forma, isso mexeu comigo mais do que qualquer ameaça ou insinuação.

Joguei minha mochila em um canto do quarto minúsculo e me joguei na cama, encarando o teto tive que ir buscar o meu carro. As palavras dele ainda ecoavam na minha cabeça. "Você merece mais do que isso." Que merda ele sabe sobre mim? O que o fez pensar que pode me julgar? Eu não pedi por isso. Nunca pedi por nada, na verdade. Sempre fiz tudo sozinha, com minhas próprias mãos. Então, por que aquele filho da puta mascarado tinha que me dizer o que eu deveria ou não ter?

Respirei fundo, tentando acalmar o turbilhão de pensamentos que me assolava. Eu não conseguia tirar a imagem dele da cabeça. A máscara. Os olhos frios por trás daquele pedaço de metal. Havia algo nele... Algo mais profundo, mais sombrio. Algo que eu não conseguia entender. Algo que, no fundo, me atraía. E isso me deixava puta. Eu não deveria estar pensando nessas merdas. Tenho problemas suficientes sem precisar adicionar um psicopata mascarado à lista.

O som do meu celular vibrando me tirou dos devaneios. Era uma mensagem. E quando abri a tela, senti um frio na espinha.

“Nos vemos hoje à noite. Pista Sul. Não atrase.”

Nenhum nome. Nenhum número. Mas eu sabia quem era.

Porra.

Eu deveria ignorar. Deveria ficar bem longe disso. Mas uma parte de mim... uma parte estúpida e curiosa, queria ir. Queria saber o que ele queria. Queria entender por que, de todos os corredores, o Czar estava tão focado em mim.

Mais tarde naquela noite

O som dos motores já rugia no fundo da cidade quando cheguei à Pista Sul. O ar estava impregnado com cheiro de gasolina e borracha queimada. O tipo de lugar que sempre me fez sentir em casa, mas agora, parecia mais ameaçador. Meus olhos varreram o local, procurando por qualquer sinal dele, mas tudo que vi foram os rostos conhecidos dos outros corredores e espectadores. Até que, do outro lado da pista, a silhueta imponente dele surgiu, como um predador observando sua presa.

Ele estava encostado no carro, braços cruzados, a máscara ainda no rosto. Aquele maldito disfarce que escondia tudo, exceto o mistério. O carro dele — um muscle car preto com detalhes em vermelho sangue, tão sombrio quanto ele. O tipo de carro que fazia qualquer um pensar duas vezes antes de encarar uma corrida.

Caminhei até ele, mantendo o olhar fixo, tentando não demonstrar o quanto estava tensa. Ele me observava com uma calma quase perturbadora, como se já soubesse exatamente o que eu faria, como se já tivesse tudo sob controle. Quando finalmente cheguei perto o suficiente, ele se endireitou, a máscara reluzindo sob as luzes fracas da rua.

_Você veio. - ele disse, a voz rouca e abafada pela máscara. Não era uma pergunta, era uma constatação. Ele sabia que eu não resistiria.

_Por que você me mandou aquela mensagem? - perguntei, ignorando o medo que tentava se insinuar na minha voz.

Ele inclinou a cabeça, me estudando de perto, como se estivesse calculando cada movimento meu.

_Porque você precisa entender as regras desse jogo. E, claramente, você ainda não entendeu.

Batidas Do InfernoOnde histórias criam vida. Descubra agora