Capítulo 8

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Lara Cortez
19 anos

O motor do carro rugiu assim que liguei a chave. O som ressoou na noite, ecoando como o grito de uma fera pronta para ser libertada. Czar ainda estava parado ali, a poucos metros de distância, observando cada movimento meu como um predador esperando o momento certo para atacar. Meus dedos apertaram o volante, e por um breve segundo, senti uma pontada de dúvida. Eu sabia correr. Era boa nisso. Mas, com ele jogando o jogo que estava jogando, tudo parecia perigoso demais, arriscado demais. E eu odiava não estar no controle.

Czar se aproximou mais uma vez, encostando no carro, sua máscara refletindo a luz fraca dos postes. Ele se abaixou até ficar no nível da janela e falou baixo, quase como se fosse um segredo só entre nós dois:

_ Eu vou atrás de você, Cortez. Lembre-se disso. Você corre hoje... Mas sempre será minha presa.

Meu coração disparou. A mistura de adrenalina e raiva corria pelas minhas veias como fogo líquido. Ele estava tentando me quebrar, me deixar em um estado vulnerável. Mas eu não ia dar esse gostinho a ele. Eu tinha enfrentado coisas piores. E Czar era só mais uma peça nesse tabuleiro. Respirei fundo, sem desviar o olhar daquele rosto mascarado.

_Só não se esqueça, Czar. Quem corre atrás nem sempre chega em primeiro.

A boca dele torceu em um sorriso irônico que pude sentir mesmo sem ver seus lábios. Ele se afastou, deixando o caminho livre para mim. Olhei para a pista vazia à frente. Não sabia o que me esperava, não sabia se conseguiria sobreviver à corrida daquela noite, mas uma coisa era certa: eu não ia recuar.

Soltei o freio de mão, e com um rugido potente do motor, acelerei. O carro respondeu imediatamente, disparando pela estrada escura. As luzes da cidade passaram como borrões ao meu redor, e o vento cortava meu rosto pela janela semiaberta. Cada segundo contava. Cada curva, cada reta. Eu tinha que me concentrar. Não podia errar. Mas, atrás de mim, o som de um motor familiar se aproximava.

Czar.

Ele não estava brincando quando disse que ia atrás de mim. Sua besta negra estava logo ali, colada na minha traseira, como se me lembrasse a cada instante que ele estava no controle, que eu não poderia escapar. A tensão entre nós era palpável. Um jogo de vida ou morte.

Meu coração batia acelerado, mas meus dedos estavam firmes no volante. Eu sabia que a chave não era só vencer a corrida. Era sobreviver à ela. Czar podia me fazer correr, mas ele não tinha ideia do que eu era capaz.

As ruas começaram a se estreitar, e vi a silhueta das colinas ao longe. Eu conhecia aquela área. Se continuasse em frente, chegaria a um trecho traiçoeiro, cheio de curvas fechadas. Um erro ali e seria o fim. Mas talvez... fosse exatamente o que eu precisava.

Eu pisei mais fundo no acelerador, o carro ganhando velocidade. As luzes traseiras brilhavam na escuridão, guiando Czar direto para a armadilha que eu estava preparando. Não sabia se ele estava preparado para o que viria. Mas eu estava.

Enquanto nos aproximávamos das colinas, olhei rapidamente pelo retrovisor. A sombra de Czar ainda estava lá, ameaçadora. Um frio percorreu minha espinha, mas ao mesmo tempo, uma excitação sombria tomou conta de mim. Aquele era o meu momento.

Na curva mais fechada, fiz o que ninguém esperava: puxei o freio de mão e girei o carro, jogando-o em um drift perfeito. O pneu cantou alto, e a traseira do carro balançou perigosamente, mas eu mantive o controle. Por um segundo, senti como se estivesse voando. O mundo girou ao meu redor, e, quando a fumaça dos pneus se dissipou, vi que Czar havia feito o mesmo. Ele não perdeu o controle, não hesitou. Apenas seguiu. Como uma sombra que não se desvencilha.

Batidas Do InfernoOnde histórias criam vida. Descubra agora