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Wooyoung não poderia estar de pior humor, e isso parecia óbvio até para seus colegas de equipe, que evitavam entrar em sua sala sem extrema necessidade. E ele agradecia por isso. Seu mau humor tinha nome, sobrenome e um par de covinhas que apareciam quando ele sorria. Desde que fora expulso da sala de San, toda a euforia e nervosismo que sentira ao reencontrá-lo se transformaram em raiva. Estava irritado e não fazia questão de esconder. Não conseguia contar quantas vezes passou a mão pelo rosto, apertando o cabelo com frustração. Estava furioso consigo mesmo. Era um idiota por permitir que a nostalgia o controlasse.
Durante as reuniões, evitou olhar para San. As palavras que dirigiu a ele foram poucas e frias. Se antes o evitava por se sentir desconcertado, agora o fazia porque estava com raiva. Como alguém tão carinhoso e doce como San podia tratá-lo daquela forma? Dez anos haviam se passado, mas Wooyoung ainda não aceitava que San o afastasse sem sequer saber o motivo de sua volta.
Seus pensamentos foram interrompidos pelo toque insistente do celular. A foto sorridente de sua mãe iluminava a tela. Ele recusou a chamada, respirando fundo. Além dos problemas "bobos" com seu antigo melhor amigo, mais tarde teria de lidar com o drama familiar.
Suspirou, passando as mãos pelo rosto, desejando apenas ir para casa dormir.
— Senhor Jung? — A voz de Changbin o trouxe de volta à realidade. Wooyoung olhou distraído para a porta, vendo o colega segurando um envelope. Sorriu sem energia. ― Trouxe uma proposta para o senhor, é para nossoportal... ―Ele começou a andar na direção da mesa, um pouco acanhado pelo humor ruim deseu chefe, mas não tinha o que temer de Wooyoung.
— Segunda-feira eu te trago um feedback — respondeu com um tom cansado, pegando o envelope e guardando-o na pasta. Uma distração para o fim de semana, talvez. — Posso ajudar em algo mais, Changbin-ssi? — Wooyoung perguntou, tentando soar amigável.
Changbin hesitou por um momento.
— Não sei por que voltou dos Estados Unidos, mas, se precisar de alguém para beber soju e comer frango frito, conte comigo.
Wooyoung sorriu, um tanto surpreso com a oferta.
— Obrigado, Changbin-ssi. Vou lembrar disso.
Embora se sentisse acolhido pelos colegas, o desconforto que sentia devido a San continuava. E assim, o dia de trabalho terminou em silêncio.
No fim do expediente, ele ouviu a voz animada de Hongjoong se aproximando da sala, falando com os coordenadores. Era hora do "happy hour" de boas-vindas — algo que Wooyoung tinha planejado aproveitar, mas que agora parecia um peso. Tudo o que queria era ir para casa e digerir a montanha de emoções acumuladas durante a semana. Sabia que San não era mais o mesmo, e ele próprio também não. Não poderiam voltar a ser o que eram.
Acenou para Hongjoong e saiu da sala, juntando-se ao grupo para ir ao restaurante. O lugar, sofisticado, cheirava a soju e bulgogi, diferente dos lugares onde ele costumava buscar o pai quando era adolescente. Preferia o cheiro aconchegante de frango frito, mas hoje isso não era uma opção.
E então a bebedeira começou. Wooyoung perdeu a conta de quantos shots tinha tomado. Brindes atrás de brindes, risadas, e ele nem se dava conta quando alguém começou a pedir para que parasse de beber. Estava tão imerso na festa que mal notou o copo sendo tirado de sua mão, nem a voz que dizia:
— Vamos embora.
Protestou, queria continuar. Tentou pegar uma garrafa de soju e virar, mas derramou a bebida mais do que conseguiu beber. Seus sentidos estavam embaralhados, as vozes ao redor pareciam distantes. No meio da confusão, sentiu seus olhos lacrimejarem, a dor no peito se misturando com a euforia.
— Onde você mora? — perguntou a voz que agora parecia mais nítida.
— No meu apartamento! — respondeu, rindo como se aquilo fosse a piada mais engraçada do mundo. A próxima coisa que sentiu foi o enjoo. Vomitou, sentindo a mão de alguém o segurar enquanto resmungos de desgosto ecoavam ao seu redor.
Daí em diante, tudo virou um borrão. Estava em um carro, depois abraçado a uma privada. Cada minuto parecia se desintegrar em flashes confusos, até que algo gelado caiu sobre ele. A água fria o atingiu como uma rajada de ar, o fazendo gritar e se contorcer para longe do chuveiro. Tentou se agarrar a algo, sem sucesso.
Alguns minutos se passaram com ele debaixo da água, e, aos poucos, foi se sentindo mais sóbrio, embora ainda confuso pelos lapsos de memória que não revelavam onde estava nem como havia chegado ali. Foi então que viu San passando pela porta do banheiro, segurando alguns panos. No entanto, não prestou muita atenção, seus olhos fixos na água pingando de sua roupa e cabelo.
— Wooyoung? — A voz atravessou a neblina de sua mente, finalmente fazendo sentido. San estava ali, com uma toalha e roupas.
A confusão em sua mente se intensificou. Ele devia estar com raiva. Mas, ao vê-lo cuidando dele, o conflito interno , que pesou em suas costas durante a semana, só cresceu. Quando San se aproximou para ajudá-lo a tirar a camisa encharcada, Wooyoung se afastou bruscamente.
— Eu... consigo — murmurou, embaraçado, puxando a camisa com força.
San suspirou.
— Se vista. Vou preparar algo para você comer antes de dormir.
Aqueles poucos minutos sozinho, longe da presença de San, o deixaram ainda mais confuso. Ele tirou as roupas molhadas, mas sua mente não parava de gritar: Maldito! Eu estava com raiva de você! Estou com raiva!
Quando finalmente saiu do banheiro, viu San, agora trocado, mexendo no micro-ondas. Wooyoung riu baixo. Claro que ele ainda não sabia cozinhar. Essa parte não havia mudado. Ele se aproximou devagar, ainda tentando processar tudo o que sentia.
— Você ainda não cozinha, Sannie? — murmurou, assustando San.
O silêncio que se seguiu foi pesado. Nenhuma das perguntas que pairavam no ar foi feita, e nenhum olhar foi trocado. Sentaram-se, comeram em silêncio, e parecia que estavam obrigados a partilhar o mesmo espaço sem qualquer ligação. Como se fossem completos desconhecidos.
E esse mesmo silêncio os acompanhou até a hora de dormir. Wooyoung estava deitado na cama de San, enquanto ele se acomodava no chão. De suas posições, não podiam se ver, mas olhavam na direção um do outro. Queriam falar, mas o único som que preenchia o quarto era o da respiração pesada de ambos.
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Ampulheta | WooSan
FanfictionApós dez anos longe da Coreia do Sul, Wooyoung retorna em busca de seu passado, ao perceber que sua vida, até então considerada perfeita, era apenas uma ilusão. Ao ser contratado por uma empresa em ascensão, ele se vê obrigado a enfrentar seu maior...