Epílogo

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A chuva caía incessantemente lá fora, como se o céu compartilhasse da dor que esmagava o peito de San

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A chuva caía incessantemente lá fora, como se o céu compartilhasse da dor que esmagava o peito de San. Ele estava sentado em sua cama, ao lado da janela, observando as gotas grossas se chocarem contra o chão com a força de um soco. As lágrimas deslizavam silenciosas por suas bochechas rosadas, misturando-se com os gemidos abafados pela tempestade. Sua alma estava ferida; seu coração, despedaçado, como o copo que ele derrubara pela manhã, perdido em pensamentos distantes.

Durante todo o dia, sua mente esteve prisioneira do tempo, aguardando com uma mistura de angústia e resignação o momento em que o visor do celular marcaria nove horas da noite. Não porque esperava algo bom. Pelo contrário. Às nove horas, o avião que levaria seu primeiro amor decolaria rumo a outro continente. Seu coração amou profundamente quem, no fim, o destruiu. Aquela mesma pessoa que o deixou para trás, friamente, sem sequer hesitar.

Pensamentos intrusivos e dolorosos esvaziaram qualquer resquício de esperança que restava. As conversas paralelas que circularam entre os colegas do terceiro ano apenas reforçavam essas feridas invisíveis.

Como alguém poderia gostar de alguém tão magro e desajeitado quanto ele? Era um adolescente estranho, com a cabeça grande demais para o corpo. Quase todos na sua turma apostavam quanto tempo levaria para que ele levasse um fora de sua "namorada". Só que essa namorada nunca existiu. O que existia, de fato, era um namorado — o irmão da garota que todos pensavam ser o seu grande amor. Aquele que todos acreditavam ser apenas seu melhor amigo.

Acreditavam.

San também acreditava. Mas agora percebia que, talvez, estivesse vivendo em uma realidade que era só sua.

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