01 | Quiosque

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Um novo país, um novo recomeço. Eu tenho problemas de estresse pós traumático e ansiedade social, a qual fazia terapia a cinco anos para tratar, eu vivia reclamando para minha psicóloga que nunca via mudanças no meu comportamento, então ela sugeriu algo brusco, passar alguns dias afastado de Tóquio, cidade a qual nasci e cresci, ela me recomendou ir para uma zona mais rural e calma para eu desligar minha mente do estresse urbano, talvez experimentar novas coisas, mas eu perguntei se ao invés de cidade ou estado, eu poderia ir para outro país? Seria uma grande mudança de rotina, ela disse que seria uma boa ideia, mas eu tinha que ter certeza se era isso que queria e até me mandou ir para um que eu tivesse conhecidos para ter uma experiência mais agradável.

Eu não pensei muito antes de ir para o Brasil, um país tropical e totalmente diferente do Japão, pelo oque eu ouvia, Kaedehara Kazuha era meu amigo de infância que nos conhecemos des dos quinze anos e até hoje éramos amigos, recentemente ele havia se casado com Heizou, um garoto mestiço, o Kazu disse que a mãe do seu atual marido nasceu em Hamamatsu, uma cidade do Japão onde tem bastante brasileiros e seu pai era um dos, eu fiquei um pouco triste sabendo que meu melhor amigo iria tão longe após se casar com o avermelhado. Não seria uma má ideia visitá-los agora, não é? Eu conversei disso com Kazuha, ele me disse que o Brasil com toda certeza é o melhor país que já esteve, o povo é bastante extrovertido e caridoso, ele até disse que percebeu como os japoneses são antipáticos depois de conhecer tantos brasileiros, só de ouvir isso minha ansiedade social atacou... mas eu estaria com Kazuha e Heizou que eram bons amigos, então oque podia dar de errado?

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📍Rio de Janeiro, Brasil

Eram 8:37 da manhã, ontem havia chegado no Brasil de madrugada e resolvi dormir no hotel que pedi para Kazuha reservar para mim, eu ficaria nervoso pensando em como falar com o ou a recepcionista, eu até dei o dinheiro para o esbranquiçado, que fez toda a reserva para mim e só me bastou descansar assim que cheguei. Mas agora eu acordava com Kazuha me ligando, eu peguei o celular Z Flip 5, eu o abri e atendi a ligação, com minha voz de extremo sono.

— Bom dia Scara! Como está? — ele me pergunta animado e falando em português, sua voz era diferente do japonês quando falava em português.

— Uh... b-bom dia.. eu estou bem, sobrevivi as primeiras interações que tive com uma mulher que falava super rápido! — comentei minhas primeiras frustrações, Kazuha riu do outro lado da linha, eu estava com sono e queria voltar a dormir, mas sabia que ele não me deixaria fazer isso facilmente, Kazuha não era chato, ele só era preocupado com minha saúde mental, ele sabia que eu mal saia de casa no Japão, até meu trabalho era pelo computador então eu basicamente só saia para ir na psicóloga, se dependesse de mim nem isso, mas ela insistiu que eu fosse pelo menos algumas vezes já que seria um estímulo para eu sair mais de casa.

— Hehe, eu surtei muito com isso também, mas é normal, cariocas falam rápido. — ele diz, eu solto um gemido cansado, já queria ter crise existencial pensando que foi uma péssima ideia sair para outro país sendo que eu mal saia da minha casa! — Quer ir para a praia amanhã? Vai ser divertido, vamos eu, você e o Heizou, oque acha? Tire hoje para sair sozinho e conhecer o lugar! Só se lembre, sem bolsas e sem muitos acessórios, também toma cuidado, o Brasil é um país muito transfobico. — ele me fala, eu fico surpreso.

— Como assim? — eu pergunto, talvez tivesse entendido errado pelo meu péssimo conhecimento no idioma.

— ブラジルは危険です。強盗、暴行、トランスフォビアも多いので気をつけてください。( Burajiru wa kikendesu. Gōtō, bōkō, toransufobia mo ōinode kiwotsukete kudasai. ) — ele repetiu a frase, só que em japonês, eu respirei fundo, eu não morreria, certo? Eu não podia morrer tão jovem!

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⏰ Última atualização: Nov 03 ⏰

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𝘼 𝘣𝘦𝘪𝘳𝘢 𝘮𝘢𝘳 𝘥𝘦 𝙄𝘱𝘢𝘯𝘦𝘮𝘢 | ChiscaraOnde histórias criam vida. Descubra agora