The Show

14

Naquela mesma noite, depois de colocar o bebê para dormir, Ana e Marshall se sentaram juntos no sofá, a casa finalmente em silêncio. As luzes baixas criavam um ambiente aconchegante, e ambos estavam cansados, mas de um jeito tranquilo, satisfeito.

Ana se recostou, apoiando a cabeça no ombro de Marshall. "Você acha que ele vai dormir a noite toda dessa vez?" ela perguntou, já sabendo a resposta.

Marshall riu suavemente. "Com sorte, sim. Mas não vou me surpreender se ele nos chamar às três da manhã."

Ana suspirou, rindo também. "Eu estava pensando hoje... por mais cansativo que seja, eu já sei que vou sentir falta dessas noites, sabe? Quando ele crescer e não precisar mais da gente assim."

Marshall balançou a cabeça em concordância. "É estranho pensar nisso, né? A gente passa por tanta coisa, às vezes desejando mais descanso, mas no fundo sabemos que essas são as coisas que vamos lembrar com saudade."

Ana o olhou de lado, sorrindo. "Você está ficando muito sentimental, Marshall."

Ele riu, erguendo as mãos. "Eu culpo o álbum! Estar imerso nessas músicas faz qualquer um ficar nostálgico antes da hora."

"Mas é verdade," Ana refletiu. "Eu penso nas fotos que tirei nesses últimos meses... são momentos que parecem tão normais, mas que já estão cheios de significado. Quando ele crescer, vai ser como um álbum de memórias para ele também."

Marshall se virou um pouco no sofá, olhando para Ana com mais atenção. "E você? Você sente que está conseguindo ser a artista que queria ser agora, com tudo isso? Quero dizer, sem se perder no meio do caos."

Ana ficou em silêncio por um momento, pensando na pergunta. "Eu sinto que estou sendo uma artista diferente da que imaginei. E isso é bom. Antes, eu estava sempre correndo atrás de algum ideal, tentando corresponder às expectativas da galeria, dos críticos. Agora... é mais pessoal. Eu estou documentando nossa vida, nossos sentimentos. E, de alguma forma, isso ressoa mais com as pessoas."

Marshall assentiu lentamente. "Eu percebi isso no seu último projeto. Tem uma autenticidade que só vem de quem está vivendo aquilo de verdade."

"Exatamente," Ana concordou. "E você? Suas músicas têm sido tão... íntimas. Você se sente bem com isso, de expor tanto?"

Marshall deu um sorriso pequeno. "No começo, foi estranho. Mas agora... acho que é o que eu precisava fazer. Mostrar que ser vulnerável é parte do processo. Não dá pra fingir quando você está colocando o coração em algo. E o público sente isso."

Ana ficou pensativa por um momento, olhando para ele. "Acho que é por isso que nos conectamos tão bem, sabe? Você e eu... nós sempre nos desafiamos a ser honestos com quem somos. Seja na arte, na música, ou na vida que estamos construindo."

Marshall a encarou com uma expressão carinhosa. "Você tem razão. E sabe o que mais? Eu não trocaria isso por nada. Nem pelos dias mais fáceis, nem pelos tempos mais simples. Isso aqui, o que temos agora... é real."

Ana sorriu, os olhos brilhando com uma mistura de cansaço e gratidão. "E eu também não. Mesmo nos dias mais caóticos."

Eles ficaram em silêncio por alguns segundos, aproveitando a quietude do momento. Marshall, então, quebrou o silêncio com um tom mais leve. "Sabe... se ele acordar mesmo às três da manhã, dessa vez é a sua vez."

Ana riu, cutucando-o com o cotovelo. "A gente pode negociar."

Marshall fez um gesto dramático de ponderação. "Hmm, podemos negociar... ou podemos simplesmente ver quem acorda primeiro."

Ela riu, balançando a cabeça. "Você sempre dá um jeito de sair ganhando, né?"

Marshall ergueu as mãos em rendição. "Talvez... mas olha, a verdade é que, com você, eu já ganhei." Ele disse com um sorriso, abraçando-a mais apertado.

Ana revirou os olhos, sorrindo, e se aconchegou mais no abraço. "Tá, tá... mas você ainda pode acordar às três, ganhador."

Eles riram juntos, deixando o peso do dia se dissolver no calor do momento, sabendo que, apesar de todas as mudanças e desafios, o amor entre eles era o verdadeiro alicerce que os guiaria.