My Secret friend

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Fechei o diário com um suspiro, sentindo que, embora tivesse colocado alguns dos meus pensamentos em palavras, a confusão ainda permanecia. Coloquei o caderno de volta no criado-mudo e fiquei deitada por mais alguns minutos, olhando para o teto. Não podia ficar pensando nisso o tempo todo. Eu precisava esfriar a cabeça.

Levantei-me e fui até o banheiro, decidida a tomar um banho relaxante. Deixei a água quente escorrer pelos meus ombros, tentando limpar da mente tudo o que tinha acontecido durante o dia. A imagem de Elijah, porém, insistia em voltar. Seu olhar intenso, sua proximidade... Havia algo nele que me incomodava, mas que também me atraía de uma maneira que eu não conseguia explicar. Tentei afastar esses pensamentos e me concentrar no presente.

Depois de terminar meu banho, vesti uma roupa confortável e desci para a sala. A casa estava silenciosa. Jenna ainda não havia voltado, e Jeremy devia estar em algum lugar lá fora, provavelmente com seus amigos. Aproveitei a tranquilidade e me joguei no sofá da sala, pegando o controle remoto para procurar algo na TV. Talvez uma distração fosse o que eu precisava.

Enquanto a TV passava algum programa aleatório, me peguei novamente pensando em como o dia tinha sido estranho. A chegada de Elijah, suas aulas desafiadoras e o jeito como ele parecia me observar de uma forma diferente... Tudo isso estava mexendo comigo mais do que eu queria admitir.



As horas de passaram e recebi um telefonema de Jenna, ela disse que iria jantar fora com Alaric, mas tinha deixado dinheiro para que eu pudesse comprar jantar para mim e Jeremy, eu disse para ela aproveitar a noite.

Após uns minutos Jeremy entrou em casa com uma expressão cansada e evitou me olhar nos olhos, como se quisesse evitar a conversa que eu sabia que precisávamos ter. Eu respirei fundo, tentando encontrar as palavras certas. O que ele havia dito mais cedo ainda pesava na minha mente, mas fugir do problema não iria nos ajudar.

— Jeremy, isso não pode ficar assim — repeti, tentando não deixar meu tom soar como uma bronca. — Nós precisamos conviver juntos com isso, mesmo que seja difícil. Não dá pra continuar fingindo que está tudo bem quando claramente não está.

Ele jogou a mochila no chão e se jogou no sofá, esfregando o rosto com as mãos antes de finalmente me encarar.

— E o que você quer que eu faça, Elena? — ele respondeu, a voz dele estava embargada de frustração. — Não dá pra conviver com isso como se fosse fácil, como se... como se fosse só mais um problema que a gente resolve. Eles se foram! E nada que a gente faça vai mudar isso.

Eu me sentei ao lado dele, sentindo o peso da dor que compartilhávamos. A morte dos nossos pais ainda era uma ferida aberta para nós dois, e Jeremy claramente estava lidando com isso de um jeito diferente do meu.

— Eu sei que não é fácil — respondi suavemente. — E eu também sinto falta deles, todos os dias. Mas se nós continuarmos nos afastando, se você continuar agindo dessa forma, vamos perder mais do que já perdemos.

Ele ficou em silêncio por um momento, e eu vi em seus olhos que ele estava lutando contra as emoções, querendo manter a fachada de que estava bem, mas sabendo que não estava. Finalmente, ele suspirou e balançou a cabeça.

— Desculpa por mais ontem ... eu não queria dizer aquilo.

Aquelas palavras eram o começo do que precisávamos. Eu me inclinei e coloquei a mão em seu ombro, apertando suavemente.

— Eu sei, Jeremy. Estamos juntos nessa, e vamos superar juntos.

Ele assentiu, ainda evitando olhar diretamente para mim, mas eu sabia que, com o tempo, encontraríamos uma forma de lidar com a dor. Era o que nos restava.

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