Capítulo 3

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O Legado do Silêncio

A manhã cinzenta parecia sufocar Saint-Croix, e as nuvens pesadas pressagiavam algo sombrio à espreita. Eloise mal dormira desde o encontro com o xerife Cartwright. O nome escrito no pedaço de papel ainda pulsava em sua mente como um fantasma, persistente e ameaçador. Gregory Alistair. O homem por trás dos sussurros que atravessavam gerações. Um nome que ninguém ousava pronunciar.

Sentada em sua pequena sala de estar, a jovem jornalista revisava mentalmente tudo que havia reunido até agora. Alistair era uma figura misteriosa, com um passado obscuro, cujas ligações com a elite de Saint-Croix o mantinham em um pedestal de intocabilidade. A chave para desmascarar o esquema de poderosos que controlava a cidade começava com ele.

Pegou o telefone e discou o número de sua amiga e colega de redação, Samantha Blake, que sempre lhe dava apoio. Do outro lado, a voz familiar soou preguiçosa.

"Eloise? O que foi? São sete da manhã. Algo sério?" Samantha resmungou, ainda com sono.

"Sam, eu tenho um nome. Gregory Alistair. Acho que ele é o centro de tudo. Preciso da sua ajuda pra encontrar qualquer coisa sobre ele... qualquer coisa que você conseguir." Ela não perdeu tempo com rodeios.

A voz de Samantha ficou séria em um instante. "Alistair? Aquele Alistair? O nome está ligado a um monte de doações de caridade e eventos sociais importantes. Mas já ouvi rumores... sempre estranhos. Eloise, você tem certeza que quer seguir por esse caminho?"

"Tenho. Não tem mais volta agora."

"Ok. Eu vou dar uma olhada nos arquivos e ver o que encontro. Mas toma cuidado, tá? A última coisa que quero é te ver sumindo como os outros."

Eloise sabia que as palavras de Samantha vinham de um lugar de preocupação sincera, mas havia algo maior em jogo. Era tarde demais para parar agora.

Horas depois, em frente ao prédio da fundação Alistair, o vento cortante de outubro varria a rua deserta. O local exalava um ar imponente, com suas colunas de mármore e vidraças que refletiam a paisagem da cidade. A fachada perfeita escondia as sombras que Eloise sabia estarem escondidas atrás daquela grande porta de madeira escura.

Com um suspiro profundo, ela atravessou a rua e entrou no prédio. A recepção era luxuosa, e a atmosfera ali dentro parecia sufocar ainda mais que o frio do lado de fora. Um homem de terno impecável, com sorriso controlado, a cumprimentou.

"Bom dia. Posso ajudá-la?"

Eloise adotou seu tom mais profissional. "Sim, gostaria de falar com o senhor Gregory Alistair. Estou fazendo uma matéria sobre as contribuições da fundação para a cidade e queria incluí-lo."

O sorriso do homem permaneceu no lugar, mas seus olhos se estreitaram levemente. "Infelizmente, o senhor Alistair não recebe visitas sem agendamento prévio. Posso marcar algo para outra data?"

Ela hesitou, sentindo a desconfiança no ar. "É algo rápido, talvez possa falar com ele por apenas alguns minutos? Seria ótimo ter sua contribuição pessoal."

Antes que o homem pudesse responder, um som de passos ecoou pelo corredor de mármore. Um segundo homem, mais velho, com cabelos grisalhos perfeitamente penteados e uma postura imponente, apareceu. Seus olhos, afiados como lâminas, examinaram Eloise por um instante antes de sorrir friamente.

"Deixe-a entrar, George," ele disse calmamente, com uma voz controlada. "Eu sou Gregory Alistair. O que posso fazer pela senhorita?"

Ela não esperava que fosse tão fácil chegar até ele, e a presença do homem a pegou desprevenida. Mantendo a compostura, ela estendeu a mão. "Eloise Harding, jornalista do Tribune. Estou fazendo uma matéria sobre as contribuições filantrópicas da fundação."

𝙑𝙤𝙯𝙚𝙨 𝙙𝙤 𝙎𝙞𝙡ê𝙣𝙘𝙞𝙤Onde histórias criam vida. Descubra agora