CAPÍTULO CINCO

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“Parabéns pra você, nesta data querida, e que Deus te abençoe e ilumine a sua vida”

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“Parabéns pra você, nesta data querida, e que Deus te abençoe e ilumine a sua vida”

As vozes eufóricas na casa ao lado faziam com que a cabeça de Joaquim fervilhasse.
Eles pareciam tão felizes. Tão... Felizes.

Era, para ele, horrível saber que aquela pontada aguda no seu peito, não era nada além de inveja.
Por mais insuportáveis que fossem, eles eram uma família. Uma família de verdade. Lembrava muito a família que ele tivera um dia.

Abriu um vinho, serviu uma taça e engoliu o líquido num gole só.
Levantou-se melancolicamente , e caminhou até a pia. Enquanto lavava a taça, ouvia os risos espalhafatosos.
Secou a taça e guardou-a no armário, posicionando-a simetricamente ao lado da outra.

Pegou um livro de capa marrom e sentou-se na poltrona branca.
O barulho na casa dos vizinhos finalmente diminuiu. Joaquim podia, enfim, ler sossegado.
No entanto, havia nele uma inquietação.
Dobrou a perna; esticou o braço; encolheu a perna; mexeu no cabelo; coçou o nariz. E, pela milésima vez, olhou o celular.

Abriu o WhatsApp e digitou uma mensagem para Luigi.

Joaquim: Obrigado pelo livro.

Luigi: Você já me agradeceu.

Joaquim: Eu sei.

Luigi não mais respondeu. Joaquim não se importou, não era com Luigi que ele gostaria de falar. Ele queria que, como na infância, o pai lhe entregasse um cartão e uma cesta cheia de doces, que lhe desejasse um feliz aniversário, queria soprar as velinhas e fazer um desejo.

Ele soprou uma vela imaginária e sussurrou:

— Ver os seus olhos cor do céu mais uma vez, minha Jasmim.

A campainha tocou chamando sua atenção.
Hoje não, Jurema, pensou ele.
Dona Jurema era a única a lhe visitar. Apesar de ser uma senhora gentil, Joaquim nunca a convidava para entrar, sabia que  apesar da gentileza, ela era uma tremenda bisbilhoteira.

Ele abriu a porta com seu habitual mau humor estampado no rosto e avistou uma pequena mãezinha rechonchuda lhe esticando uma fatia de bolo.

A voz desafinada de Átila cantando parabéns o faz erguer o olhar. Avistou o menino batendo palmas, enquanto cantava e pulava num pé só.

Engoliu em seco.

— É para você— Disse a menina, sorrindo.— Feliz aniversário!

Ele segurou o bolo, boquiaberto.

— Foi a minha mãe que fez. A massa está um pouco solada— Átila torceu os lábios.— É que ela não é muito boa com bolos.

Joaquim não conseguiu conter o sorriso.

— Mas não conta para ela que eu falei isso— Alertou o menino, colocando o dedo indicador sobre os lábios.

Joaquim ainda estava imóvel, quando Átila, de forma audaciosa, deu um passo confiante para dentro do muro.
A menina fez o mesmo, logo em seguida.

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