A Tentação de Becca|| Aluna e Professora

Pág 10- Acidente

Becca

Eu te amo, foi o que eu ouvi antes dela desligar, eu admiro os jovens, eles ainda carregam consigo um pouco de sua essência, seu eu criança, sua sinceridade, eu não sei o que fazer com essa informação, eu só sei que qualquer sentimento que eu possa ter por ela não pode ser visto, estou a todo custo tentando, mas ela está sendo uma tentação, às vezes eu sinto nojo de mim mesma, nojo de pensar ter alguma coisa com ela, medo de ser como meu marido, ainda que ela seja maior de idade, tudo isso me assusta.

Eu estive atrás de advogado o dia inteiro, encontrei Doutora Mariana Oliveira, uma mulher elegante, de uns 25 anos de idade, cabelos loiros, alta, bonita.

- Doutora, eu posso confiar em você?
- Claro que pode senhora Rebecca, vamos arrancar desse abutre até o último tostão.
- Eu não ligo pra dinheiro, eu só quero me livrar dele logo.
- Você irá, vamos entrar com o processo, o ganho é certo, inclusive metade de tudo que vocês construíram.
- Obrigada doutora.
- De nada, vai dar tudo certo! Disse Mariana com um olhar confiante.

Depois da ligação de Nicole eu tomei coragem, queria conversar com ela, explicar que temos que nos afastar, então mandei uma mensagem.

- Nicole, você aceita se encontrar comigo hoje, naquele mesmo lugar?
- Aceito, claro!
- Ótimo, às 19:00, ok?
- Ok!

Hoje Nicole não estava lá, esperando por mim, eu tive que espera-lá por uns 5 longos minutos.

- Me desculpa o atraso. Disse Nicole dando um beijo nas minhas bochechas e me abraçando.
- Tudo bem, não foi nada. Disse lhe retribuindo.
- O que você quer comigo? Por que me chamou?
- Você não quer um bolo de cenoura?
- Quero sim. Disse ela rindo de maneira suave.

O bolo de cenoura junto com o café já tinha chegado, agora eu poderia continuar o assunto.

- Nicole, o que eu tenho pra falar com você é sério, eu queria começar dizendo que eu admiro muito você, você faz tudo o que quer, é uma menina corajosa.
- Sou uma mulher. Disse ela me interrompendo.
- Tá, tudo bem, uma mulher corajosa, só que eu não sou o que você pensa, eu não sou lésbica, eu não gosto de mulheres, e mesmo se eu gostasse, você é muito jovem pra mim, então eu gostaria que você se afastasse de mim.
- O que? Eu sabia, eu sabia que você diria isso, parecia que eu estava adivinhando. Disse ela com a voz chorosa começando a soluçar.
- Eu te amo de verdade Becca, eu sinto que você sente algo por mim, eu preciso ir. Disse Nicole saindo apressada da cafeteria.
- Nicole, espera.

Eu tentei correr atrás dela, mas ela foi tão rápida na pista, acabou sofrendo um acidente, se batendo com dois carros. Nicole estava muito ferida, tinha levado uma pancada forte, sua cabeça sangrava sem parar.

- Nicole, por favor acorda, Nicole, por favor!!

A única coisa que ela disse antes de desmaiar foi:

- Eu te amo.

Eu comecei a chorar, a ficar desesperada, a pedir ajuda, a gritar na rua, até que a ambulância chegou e levou ela pro hospital junto comigo. Naquele momento eu me sentia culpada, me sentia insensível, eu não queria perder ela, eu tinha medo, eu só conseguia orar por ela, e pensar que talvez eu sentisse algo a mais por ela, mas e se fosse muito tarde? Não iria adiantar nada.

Passei duas horas no hospital, ela teve que fazer uma cirurgia em sua cabeça,  e colocar ataduras, no meio desse tempo liguei pra sua mãe e ela foi para o hospital desesperada.

- Professora Rebecca, o que aconteceu com minha filha, por que ela estava com você?
- Eu só chamei ela para falar sobre algumas coisas da minha igreja, apenas para aconselhar, acredito que quando ela estava saindo não olhou para os lados direito.
- É, você está ajudando muito ela, minha filha está virando outra pessoa, eu tô tão preocupada, eu soube que ela bateu a cabeça, e se eu perder minha filha? Disse ela chorando.
- Você não vai. Disse abraçando-a, enquanto algumas lágrimas caiam dos meus olhos.