Pág 4- Suposta traição

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Becca

Fiz o que tinha que fazer em minha casa, saí como sempre cedo e peguei um ônibus, cheguei super animada e cumprimentando a todos, minha ideia para aquela aula de inglês era interagir mais com os alunos e saber se eles conheciam o idioma e se gostava de poemas.

Como sempre praticamente ignorada por toda a sala de alunos um tanto ignorantes e inconscientes, uma única aluna resolveu expor seus poemas, a aluna nova, Nicole, ao ouvir eu realmente achei lindo e curioso, fez eu me lembrar de uma época em que eu achava que tinha liberdade para ser o que eu quisesse, liberdade para fazer o qualquer coisa, a juventude é tão boba... A questão sobre aquele poema era mínima, mas eu realmente achei desnecessário era falar da relação entre duas mulheres em plena aula, com certeza ela estava querendo chamar atenção, como qualquer forma pessoa de sua idade. Fiquei com pena de seu pensamento hostil, com certeza fruto das cruéis maldições carnais que afetam os jovens, então resolvi chama-lá para conversar e ir até a minha igreja.

No passar das horas continuei dando aula, cheguei em casa, fiz tudo mais rápido possível, já que seria dia de culto e eu precisava estar do lado do meu marido, posando como a esposa perfeita, em um casamento em crise.

Sobre Nicole, não parava de lembrar de sua rebeldia mediante a uma escola completamente cristã, isso tudo me pareceu engraçado, ela me fazia lembrar várias coisas, várias pessoas, uma amiga da adolescência que eu fiquei anos sem ver, ela apesar de ser dessa forma, não me parece uma pessoa ruim, ainda pode ser recuperada.

-O que você está pensando aí? Cadê minha comida? Disse meu marido que acabara de chegar do serviço.
-Amor, eu já estou terminando, aguarde só um pouco.

-Um homem não pode chegar de casa com fome e ter sua comida já pronta? Eu tô cansado do trabalho, quando eu digo que você não deveria dar aquelas aulas estúpidas você não me ouve.

-Sabe o que eu acho engraçado? Eu preparei tudo ontem pra mim e pra você, e você simplesmente não teve coragem de me ligar pra me falar onde estava, eu fiquei preocupada, você tá agindo como um garoto birrento, o que você estava fazendo na rua aquelas horas?
-Não é da sua conta, eu vou tomar um banho e me arrumar pra ir pra igreja.

Eu não gostava que meus filhos vissem essas constantes cenas de briga, eu fico pensando como minha filha Isabel se sente sobre tudo isso, afinal ela só tem 15 anos, é muito nova, enquanto meu outro meninão, Luis, tem 6 anos, eu só me preocupo menos porque acho que ele ainda não entende.

Já na igreja, ainda desconfiada do que meu marido estava aprontando, eu senti que tinha algo de errado, com certeza ele estava me traindo, todo homem muda quando trai, isso era óbvio pra mim, eu só precisava saber com quem ele estava me traindo, se era alguém do trabalho ou alguém da igreja, eu obviamente tinha suspeitas que só se consolidavam com o passar dos dias, como a forma que ele olhava para algumas irmãs da igreja e como lhe era retribuído, afinal, todas querem o pastor. Mas eu não estava tão preocupada com isso, eu só queria que meus filhos crescessem juntos ao pai, já estava extremamente desgastada.

A Tentação de Becca|| Aluna e Professora Onde histórias criam vida. Descubra agora