Prólogo

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O loiro deslizou o dedo pela tela. Naturalmente ele não queria estar fazendo aquilo – caçando comentários de ódio – mas não conseguia parar. O que talvez soasse doentio para algumas pessoas, para ele havia se tornado em um habito maldito, como uma espécie de reflexo. Ele simplesmente digitava o seu nome na barra de pesquisa e se obrigava a ler cada comentário, cada ofensa, cada ameaça.

Ele sempre teve tendencias masoquistas, mas até então, se resumiam as atividades dentro do quarto e não na porra da internet; enfurecido ao perceber que tinha, mais uma vez, sucumbido a sua maldita curiosidade, Deidara arremessou a porra do celular contra a parede e soltou um grito. Se houvesse uma maneira de voltar no tempo, ele voltaria e acertaria um soco na própria cara pela besteira que estava prestes a fazer – se envolver com Sasori, aquele desgraçado mentiroso.

Ele o traiu. Ele era o abusivo no relacionamento, e de alguma forma, conseguiu sair como a vítima. Conseguiu fazer com que toda a internet o odiasse, desprezasse e acreditasse veementemente que era um promiscuo de merda. Argh. Deidara nunca sentiu tanto ódio, tanta repulsa, tanta vontade de agredir alguém como estava sentindo naquele momento. Ele sequer sabia como encararia seus pais depois daquilo.

Deidara enfim chorou, deixando que as lágrimas jorrassem descontroladamente de seu rosto. Ele chorou e chorou e chorou por um longo momento, ali sozinho, dentro daquele quarto com as janelas trancadas, apenas chorou, esvaziando a sua alma, tão carregada e aflita. Não havia a menor condição de continuar no país depois de aquilo. Ele precisava ir embora.

Ele se sentou na beirada da cama, sentindo-se ridiculamente solitário e decepcionado com a própria vida. Como podia ser tão patético e burro daquele jeito? Se tivesse percebido os sinais antes, nunca teria se envolvido com... Aquele ruivo... Meneou a cabeça e apenas se concentrou na própria dor. Não iria desperdiçar seu tempo odiando Sasori, quando estava tão triste e decepcionado consigo mesmo.

Apesar do forte impacto contra a parede, seu celular continuava funcionando e a prova disso foi que ele tocou. O loiro apenas suspirou fundo, enxugou suas lágrimas e se levantou da cama, marchando desanimadamente em direção ao aparelho e inclinando-se para retirá-lo do chão. Ele o desbloqueou e atendeu a ligação.

Eu soube o que aconteceu. Como você está se sentindo?

Ele inspirou fundo, escorando-se a parede.

Um lixo. Estão dizendo coisas terríveis e eu não consigo comer, não consigo dormir, não consigo descansar, só consigo chorar e chorar esperando que esse pesadelo acabe. Ah propósito, oi para você também!

—Oi meu bebezinho. — Ela fez uma pequena pausa. — Eu queria muito estar aí com você agora. Provavelmente iria até a casa daquele imbecil e quebraria o carro preferido dele e todas as janelas da casa dele. Libertaria uns gambás e ratos gigantes na sala daquele merda. Ele ia se foder.

Deidara riu fracamente e então suspirou fundo. Era tão bom ouvir a voz da irmã depois de todo aquele tempo, era muito reconfortante.

Onde é que você está agora? Se chegar antes das 17, posso conseguir os gambás. — Brincou.

Do outro lado da linha, a irmã riu.

Eu adoraria, mas infelizmente é impossível. — Ela relutou antes de continuar. — Eu volto assim que der, então por favor, se cuide durante esse tempo. Por mim.

Deidara ronronou uma resposta inaudível e Ino o repreendeu. Pigarreando, o loiro respondeu de forma verbal e então eles encerraram a chamada. Ele encarou o celular por um momento; a tela estava trincada. Ou mandava arrumar ou comprava outro.

Ele bufou. Tudo aquilo estava errado pra caramba.

Estava se preparando para arremessar o celular novamente e tentar tirar um cochilo decente, quando o aparelho voltou a tocar. Curioso, ele leu o nome da tela e sorriu, antes de atender.

Tenten?

—Venha para cá agora ou eu vou te buscar pessoalmente!

Belo DesastreWhere stories live. Discover now