𝖘𝖔𝖇𝖊𝖗𝖇𝖆.

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A soberba dela era palpável, como uma aura invisível que preenchia o ar ao seu redor. Não precisava dizer uma palavra para que todos soubessem: ela se acreditava acima de todos. Seus olhos, sempre erguidos, deslizavam com desdém pelas pessoas, como se o simples fato de existirem em seu mundo fosse uma afronta. A cada passo que dava, havia um desprezo sutil, mas firme, pela fragilidade dos outros, como se ela fosse feita de algo mais raro, mais precioso.

“Eu sei o que é melhor”, repetia com um sorriso entediado, não em voz alta, mas em seu olhar de superioridade. Para ela, o fracasso dos outros era uma confirmação silenciosa de sua própria perfeição. Não havia dúvidas, nem hesitações – só a certeza de que o mundo existia para ser dominado por alguém como ela. E quanto mais se elevava em sua ilusão, mais distante ficava daqueles que, um dia, poderiam ter sido seus iguais.

 E quanto mais se elevava em sua ilusão, mais distante ficava daqueles que, um dia, poderiam ter sido seus iguais

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A cada passo agressivamente alto, o barulho ecoava pela mansão inteira. Eram rápidos e seguidos de reclamações vindas de uma voz feminina, muito bem conhecida por todos que estavam presentes naquela imensidão.

Descendo a escada, um garoto de, aparentemente, quinze anos a acompanhava.

— Amor, não precisa ser assim, vamos tentar nos resolver, por favor! — implorava o garoto, aos prantos, tentando reconciliar o relacionamento que os dois mantinham há meses.

Porém, de nada adiantou. Em questão de segundos, a garota o expulsou.

Batendo a porta com força, ela se jogou no sofá e revirou os olhos, enquanto mantinha um sorrisinho no rosto. Finalmente se livrara daquele garoto insuportável, saindo como a vítima. Haveria algo melhor?

Não muito longe daquele cômodo, a faxineira e a cozinheira discutiam sobre o que havia acabado de acontecer.

— A fia' do seu Fernando é muito má, coitadinho do garoto, ouvi dizer que ele descobriu uma traição e se irritô' — Sussurrava Sônia, enquanto se apoiava na vassoura.

— Ele disse que ia dar um jeito na garota, óia, acho que eu já teria botado ela no lugar, a menina foi muito mimada por ele... De pensar que o seu Fernando era pobrezinho e teve uma fia assim.. — antes que pudessem terminar, a garota apareceu na cozinha, estreitando os olhos enquanto encarava as duas mulheres.
Quando perceberam a presença, quase pularam e rapidamente foram terminar seus afazeres.

No jantar, a garota nem tocava na comida, estava vidrada no celular, ignorando o pai que tentava conversar com ela

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No jantar, a garota nem tocava na comida, estava vidrada no celular, ignorando o pai que tentava conversar com ela.
Ele suspirou cansado, não sabia mais o que fazer com a filha, então apenas resolveu deixar aquilo de lado e continuou a comer.

— Eleonor, me sirva vinho tinto. — A mulher rapidamente atendeu o pedido, saindo atrás da tal bebida.
Quando foi servi-lá, derramou a taça inteira na peça novinha da menina, que se levantou bruscamente. — Você é idiota ou o que?! — Gritou em um tom raivoso. — Você sabe quanto custa?! Ah, com certeza não, já que você não passa de uma pobre que não tem dinheiro nem para alimentar os filhos direito!

— Já chega! — Fernando bateu com força na mesa e se levantou, aquilo havia passado do limite. — Eu não aguento mais você, Giovanna! Você está louca?! Quer saber, arrume suas malas agora. — Ele disse sério, fazendo com que a garota desse uma risada, mas, ao ver que o semblante do pai continuava o mesmo, começou a se desesperar. Sabia muito bem seu destino.

— Não, pai, você não pode fazer isso! Eu não quero, eu não vou! — Exclamou em um tom choroso, tentando convencer o pai, mas de nada adiantou.

— Ande logo, irei avisar seus tios, sem mais.

Giovanna ficou paralisada por alguns momentos após as palavras do pai. A raiva em seu olhar se misturava com o desespero, e, ao perceber que ele realmente não estava brincando, o sentimento de impotência a invadiu. Fernando a observava, seu semblante sério refletia a frustração acumulada ao longo dos anos, e naquele instante, o choque foi substituído pela resistência típica da adolescência.

— Eu não vou! — ela gritou, sua voz ecoando na sala enquanto corria para o seu quarto, batendo a porta atrás de si.

No silêncio que se seguiu, o pai suspirou, exausto. Sabia que a situação era complicada, mas estava convencido de que precisava de um tempo longe da cidade para que a filha aprendesse uma lição valiosa sobre a vida. Giovanna, por outro lado, se jogou na cama, as lágrimas escorrendo pelo rosto enquanto pensava em como sua vida mudaria. A ideia de ir para o sítio a horrorizava.

No dia seguinte, o sol raiava, e Giovanna teve que fazer as malas. A sensação de raiva ainda pulsava em seu peito, mas, ao mesmo tempo, a curiosidade sobre o que a aguardava no sítio começou a crescer. O caminho foi longo e silencioso, o pai dirigindo com a expressão fechada e ela, com os fones de ouvido, tentando se desconectar da realidade.

Ao chegarem ao sítio, a casa era antiga e charmosa, cercada por extensos campos verdes. Mas, ao contrário do que ela esperava, não havia ninguém à sua espera. Giovanna desceu do carro, observando a paisagem e a solidão que a cercava. Sentiu uma pontada de medo, mas a frustração logo tomou conta novamente.

Sedução sob o solOnde histórias criam vida. Descubra agora